Capítulo 16

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13h48 Hora da Costa Leste - 18h48 Hora de Greenwich

Mais tarde, no final do coquetel, as portas do salão de festa se abrem e Jenna fica estática, surpresa. A decoração é prateada e branca com flores de lavanda arrumadas em vasos enormes nas mesas. As costas das
cadeiras têm laços e o bolo de quatro andares tem um noivo e uma noiva pequenos no topo. Os cristais e candelabros parecem refletir a luz dos talheres de prata, dos pratos reluzentes, das pequenas velas e dos instrumentos da banda, que vai tocar até mais tarde, até o momento da valsa. E até mesmo a fotógrafa, que acabou de
passar por ela, abaixa a câmera para admirar o salão. Há um quarteto de cordas tocando suavemente no canto do salão, e os garçons, todos com gravatas-borboleta, parecem deslizar pelo chão com bandejas de champanhe. Monty pisca para Jenna quando a vê pegando uma taça.
— Não exagere — diz, e ela ri.
— Não se preocupe, meu pai vai falar a mesma coisa em breve. O pai e Charlotte ainda estão no quarto esperando pelo momento da entrada triunfal. Jenna passou toda a hora do coquetel respondendo perguntas e conversando. Todo mundo têm uma história relacionada aos Estados Unidos, todos querem ver o Empire State (ela vai muito lá?), ou planejam ir ao Grand
Canyon (o que ela recomenda que façam quando estiverem lá?), ou têm um primo que acabou de se mudar para Portland (será que ela o conhece?). Quando perguntam sobre sua viagem à Londres, mostram-se decepcionados por ela não ter ido ao Palácio de Buckingham ou ao Tate Modern ou feito compras na Oxford Street. Agora que está ali, é difícil explicar por que escolheu ficar apenas um fim de semana. Ontem — nesta manhã, na verdade — foi
extremamente importante que chegasse e fosse embora o mais rápido possível,
como se estivesse roubando um banco, como se fosse uma questão de vida ou
morte.

Um homem mais velho, que é o chefe do departamento no qual o pai trabalha em Oxford, pergunta sobre o voo.
— Eu perdi o primeiro, na verdade — diz. — Por causa de quatro minutos.
Mas peguei o seguinte.
— Que falta de sorte — comenta ele, passando uma das mãos sobre a barba
branca. — Deve ter sido um sofrimento.
Ela sorri.
— Não foi tão ruim.
Quando está quase na hora do jantar, ela analisa os nomes nas mesas para
saber onde deve se sentar.
— Não se preocupe — diz Violet a seu lado. — Você não está na mesa das
criancinhas.

— Que alívio — responde Jenna. — Onde vou ficar então?
Violet procura pela mesa e mostra seu cartão para Jenna.
— Na mesa das crianças maneiras — diz, sorrindo. — Comigo. E com os
noivos, é claro.
— Que sorte a minha.
— Está se sentindo melhor agora? Jenna ergue as sobrancelhas.
— Andrew e Charlotte, o casamento...
— Ah — diz ela. — Estou sim.
— Que bom — responde Violet —, porque quero que você volte para o meu
casamento com Monty .
— Monty ? — pergunta Jenna, olhando para ela. Tenta se lembrar se já havia visto os dois conversando em algum momento até então. — Vocês estão noivos?
— Ainda não — diz Violet, indo para o salão de jantar —, mas não fique tão surpresa. Acho que um dia vai acontecer.
Jenna caminha com ela.
— É isso? Você acha que vai dar certo?
— É isso — responde ela. — Acho que fomos feitos um para o outro.
— Não é assim que funciona — diz com o rosto franzido, mas Violet sorri.
— E se der certo?
No salão, os convidados começam a se sentar e a colocar suas bolsas embaixo da mesa e abrir os guardanapos sobre o colo. As duas madrinhas se sentam e Jenna repara que Violet está sorrindo para Monty, e ele olha para ela por algum tempo, antes de abaixar a cabeça de novo. A banda está afinando os instrumentos, ouvem-se algumas notas do trompete, e os garçons circulam com garrafas de vinho. Quando a movimentação começa a diminuir, o vocalista ajusta o microfone e limpa a garganta.
— Senhoras e senhores — diz ele. As pessoas sentadas na mesa, os pais de
Charlotte e sua tia Marilyn, e mais Monty e Violet, já estão olhando para a entrada. — É com grande prazer que apresento o Sr. e a Sra. Ortega! Todos comemoram e há uma série de flashes de câmeras ao mesmo tempo, todo mundo clicando para tentar capturar o mesmo instante. Jenna se vira na
cadeira e coloca o queixo sobre o encosto no momento em que seu pai e Charlotte aparecem à porta de mãos dadas, ambos sorrindo como estrelas de cinema, como a realeza, como o casal no topo do bolo.
Sr. e Sra. Sullivan, pensa Jenna, com olhos brilhando ao ver o pai levantar um dos braços para que Charlotte dê um giro. O vestido se agita. A música não lhe é familiar, mas é alegre o suficiente para que os dois deem alguns passos de dança no meio do salão, nada muito rebuscado. Ela se pergunta qual o significado daquela música para eles. Era a que estava tocando quando se conheceram?

A Probabilidade Estatística do Amor À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora