02

2.8K 250 317
                                    

IZA BLAKE

nunca entendi bem a amizade de Finney e Robin

Finn é um garoto doce, respeitoso e a pessoa que mais confio no mundo

enquanto robin. é apenas mais um desalinhado da escola

e a única razão que me leva a estar pensando nisso é a companhia dos dois no meu quarto, gritando e me atrapalhando enquanto tento realizar minha tarefa de biologia

eles estavam jogando algo qualquer no computador que fica na minha mesa de estudos. eu estava confortavelmente na cama com os cadernos em mãos tentando absorver o conteúdo com tanta gritaria, apenas esperando o momento em que o idiota fosse começar a me encher. provavelmente não demoraria muito

— e você em pirralha?— ele girou a cadeira e parou na minha direção — o que tá fazendo?

— eu sou só um ano mais nova — digo seria

— bom, eu sei bem mais do que você sonha em saber

— falou a pessoa que está quase reprovando em matemática. muito bem robin

ele ficou quieto, então continuei

— ninguém acredita que você possa ser algo na vida além de professor. acho até que você poderia dar aula no curso de burrice

ele riu cinico

— é, eu vou mesmo. e seria muito bom a palavra de uma especialista. você pode dar palestra, já que você sabe tanto do assunto

tentei pensar em qualquer coisa que pudesse alfineta-lo mas não consegui. ele se voltou para o computador e me irritei

larguei minhas coisas em cima da cama e sai momentaneamente dali. eu não suportava mais aquele idiota

liguei para minha melhor amiga Donna, e avisei que iria para a casa dela. meu refúgio favorito depois de brigar com robin.

donna e eu somos amigas desde muitos anos, e já não é de hoje que nós duas cultivamos a raiva por robin. ir para a casa dela e fofocar, pintar as unhas e ver filmes, é a melhor coisa que faço para não ter que ver o insuportável dentro da minha própria casa

quando deu por volta das oito horas, achei melhor voltar para casa. meu pai provavelmente estava preocupada com minha demora, afinal eu não avisei para onde estava indo. as idas na casa de donna são tão frequentes que já nem sinto necessidade de avisar

entrei em casa e me deparei com robin, deitado no MEU sofá, comendo a MINHA comida. cruzei os braços e o olhei feio

— você não tem vergonha não???

— do que, menina — ele me olhou entediado

revirei os olhos e me coloquei a arrumar a bagunça que ele havia feito na sala. haviam almofadas no chão e o tênis dele estava largado como se não tivesse dono

— cadê meu pai e o finn???— perguntei

— seu pai saiu pra beber ou algo assim. e finn tá no clube de debate na escola — robin disse com tamanha naturalidade.

— e você ta fazendo o que na minha casa?

— esperando voce — ele se sentou no sofá e me olhou com aquele olhar. o olhar proibido de robin que me faz querer soca-lo — o seu pai pediu. você demorou hoje. aonde estava em?

— nao te interessa

caminhei até as escadas e robin veio logo atrás. antes de subir o primeiro degrau, ele segurou meu braço, me pegando totalmente de surpresa. ele nunca esteve tão próximo

— acho que você tava na casa daquela sua amiga. como é mesmo o nome dela?

— me solta estranho — fiz força para soltar meu braço da mão dele mas não adiantou

robin me encostou na parede e me olhou. ele era mais alto do que eu, e sua feição de soberano sobre mim nunca me incomodou tanto quanto agora

não entendi o que ele queria de mim. seus braços impediam minha saída, mas de alguma forma eu não queria sair dali. a curiosidade para saber sua próxima fala era maior

— mas me tranquilizo. com certeza você não estava com nenhum namorado. nunca terá um

— e o que você tem haver com isso? nada!

ele riu de lado e continuou ali, me torturando aos poucos. tentei novamente sair mas sem sucesso

— sabe, eu estava pensando no porque você me odeia ...

— e seu cérebro resistiu a isso?— perguntei — olha, robin, estou muito surpresa com seu avanço

— e a verdade, é que você ainda sente as dores porque sua amiguinha te trocou por mim

ele falou dela. em anos eu nunca havia escutado ele falar da maitê. a minha melhor amiga até o 8º ano. uma das garotas que caíram no papo de robin arellano.

ele prometeu tudo pra ela. maitê se afastou de mim porque só tinha tempo de falar com robin. eles estavam muito amigos e ele foi o primeiro beijo dela

aos poucos, ela foi parando totalmente de me notar. e claro, tampouco ligava para as piadas que robin fazia comigo. ela o apoiava, o incentivava, e eu fui ficando cada vez mais sozinha

mas não bastou meses para que robin tratasse maitê como lixo.

ela me culpou, disse que eu tinha inveja da relação dos dois e sabotei o relacionamento, falando mal dela para ele. nem ao menos existiam provas, ela não sabia que todas as vezes que robin estava na minha casa, eu tentava fugir o mais rápido possível

por fim, maite se mudou e eu nunca mais soube dela, fiquei anos sozinha até conhecer donna, que assim como eu, odiava robin

ele falar da maitê foi apenas o pior gatilho que poderia ter

— e a verdade, louise. é que ela nunca gostou de você. e ninguém nunca vai gostar — ele riu sozinho

tentei me mostrar forte, mas aquilo estava sendo péssimo. tentei sair.

nossas pernas estavam cruzadas, e eu estava prestes a dar uma joelhada no meio das pernas dele

— ela te usou para poder ter uma chance comigo. e a sua melhor amiga é a próxima ...

— me solta ou eu te chuto

ele olhou para baixo, viu minha perna prestes a realmente chuta-lo, me soltou e saiu andando

— vou embora. não fica com saudades

— já vai tarde — subi correndo as escadas o deixando a sós na sala, recolhendo as tralhas

robin sempre soube como me desestabilizar. de todas as formas

𝐃𝐄𝐒𝐀𝐋𝐈𝐍𝐇𝐀𝐃𝐎, robin arellano Onde histórias criam vida. Descubra agora