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Audrey Thompson

Eu acho que estou ficando louca. Simplesmente sonhei com o Oliver.
Não me façam perguntas, eu não vou saber respondê-las.

Escovo os dentes com minha escova branca estampada com coraçõezinhos enquanto balanço o pé e a mão no ritmo da música que estou escutando.
Eu estou sozinha no quarto, porque precisei botar meus neurônios no lugar. Agora estou indo para o refeitório, e bom, não faço a mínima idéia de como vou conseguir olhar na cara de Oliver. Não vai dar. Vocês podem estar pensando "que bobeira" mas é que eu realmente não sei como vou ter cara pra falar com ele.

Quando vejo, já estou saindo do self service e sentando na mesa.

- oi gente - digo sorrindo de lado e começo a comer

Todos eles respondem com algum cumprimento. Mantenho a cabeça levemente abaixada.
Sou chamada pelas meninas para irmos para o quarto porque Brook tem uma fofoca pra contar. Ando junto com elas até nosso dormitório e me jogo na cama logo que entro, estou com sono. Brook começa a contar e a cada palavra que ela diz, eu abro mais a boca.
Nossa fofoca acaba quando o sinal começa. Andamos até a sala de aula, os meninos chegam logo depois. A professora chega conversando alegre e começa a falar sobre um assunto que eu particularmente adoro.

- Audrey - ela chama e eu a olho - qual sua opinião sobre abuso que nós mulheres sofremos

- eu acho lamentável ainda termos que passar por isso. E pra mim só há um jeito de resolver: violência - digo e o pessoal ri - estou falando sério, está bem claro que a prisão não resolve! É um absurdo as mulheres terem de ser ensinadas desde crianças a se defender porque os homens não são ensinados a não serem escrotos. Vivemos em um mundo que o assédio é algo normal para a maioria dos homens - falo com indignação - se existe algum assediador nessa sala, eu quero que morra. - termino

Sento denovo na cadeira, pois eu havia levantado sem nem perceber, na emoção do momento. Sou surpreendida com palmas e gritos.

- falou bem, Audrey! - a professora diz sorrindo e logo pede opinião de outras meninas

Sorrio quando olho de canto e percebo que Oliver está me encarando. Eu não deveria sorrir, mas foi automático.

Sim gente, estou ficando louca.

- Aaron vai ser pai - Joe diz do nada e começa a bater palma, sendo seguido pelo resto da sala

Até assobio teve.

- a mãe é o Jordan!! - Aaron grita e todos batem palma novamente, dessa vez o barulho é maior

- casal do ano - digo rindo

[...]

- eu acho que é tudo ligado - ele da sua opinião após eu dizer o que penso quando vejo coisas da natureza idênticas a alguma parte humana

Concordo com a cabeça.

Agora são cinco da tarde e eu e Oliver estamos a um tempo aqui na pequena floresta. O tempo passou depressa.

Eu só não sei como consegui focar na conversa, porque só a presença dele já me deixa desnorteada. Nesse tempo acabei descobrindo que Oliver é muito inteligente e é muito bom conversar com ele, mas eu não disse isso pra ele não se sentir muito.

- quando você aprendeu a andar de skate? - pergunta quebrando o silêncio

- ham...eu tinha cinco anos - falo - cê joga desde quando?

Thompson Onde histórias criam vida. Descubra agora