13-Mãe sempre sabe

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Ao telefone minha mãe dizia que alguém tinha vandalizado o muro da nossa casa e que provavelmente tinham sido aqueles marginais que eram meus amigos, eles picharam no viado nos muros da minha casa, segundo a minha mãe tinham pichado todos os muros, ela tinha comprado tinha e mandado pintar antes que meu pai chegasse em casa e visse aquilo, Eu fiquei sem ação no telefone, não sabia o que dizer afinal de contas o que falar em um uma situação dessas, e ela me disse que nem tinha sido isso a preocupar ela, o que mais a deixou preocupada foi o bilhete na nossa caixa de correio, que me mandava tomar cuidado, pois não iriam aceitar mais um viado no mundo, e fariam de tudo pra me pegar e me dar uma surra pra me fazer virar homem, minha mãe disse que me buscaria todos os dias no trabalho pra evitar qualquer ataque eu concordei afinal de contas eu sabia do que eles eram capazes.

Trabalhei tenso o resto do dia, quando já se aproximava das 18:00 horas o Jorge me chama na sala dele...

- Gustavo aonde esta a relação de IPVA's que te pedi hoje de manhã!?

- Irei terminar hoje Jorge, esta demorando porque são mais de 400 equipamentos, e algumas informações eu tenho que pegar no arquivo.

- Esta mais uma vez me incomodando com os meios, eu quero resultado Gustavo, desconsidere tudo o que acontece porta afora, e foco no que representa aqui dentro, estamos combinados!?

- Estamos sim, eu vou concluir o que me pediu hoje, mais para de ficar me mandando fazer outras coisas, pra eu focar apenas na conclusão do que me pediu primeiro.

- Não me culpe pela sua falta de habilidade em estabelecer prioridades, agora já pode sair da minha sala.

Quando saia da sala, falei meio entre dentes "Filho da Puta" acho que ele até ouviu, mais eu não sou o primeiro e nem o ultimo a xingar ele ali naquela empresa, fiquei com muita raiva dele, mais ela passou rápido quando lembrei das nossas trepadas, enfim, fui ficando até mais tarde, ele saiu as 20:00 ficamos apenas eu, Edgar, Suzane, e o pessoal da limpeza, fui concluindo meu serviço aproveitei e montei um esquema de seguros de todos os bens da empresa, com vigência, coberturas, valores de premio, e franquias, terminei tudo era mais ou menos 22:30 a Suzane já tinha ido embora eu estava na sala do Jorge colocando na mesa dele umas copias impressas, e o Edgar entra, também com alguns documentos dentro da sala, colocou na mesa dele os documentos, e ao se virar pra ir embora...

- Tchau, já vou indo embora.

- Espera ai Edgar, quero falar com você, o que é que aconteceu aqui hoje cedo!?

- Ele estava irritado pois chegou uma documentação de uma empresa Russa que pediu uma cotação, e eu respondi a cotação em inglês, ele acabou com meu dia porque eu deveria ter respondido em inglês e em Russo.

- Ah foi só por isso então!?

- Cara, eu já sei que vocês dois tem um lance, e do meu ponto de vista faça bom proveito, no inicio eu até tinha me interessado, mais o cara é um saco eu não dou conta disso não. Vai ser até mais fácil pra você já que não tem concorrência.

- O que está querendo dizer!? Que se quisesse ele, eu provavelmente não conseguiria concorrer com você.

- É sim, mais ou menos isso, agora se me desculpe eu vou embora, porque amanhã tenho que estar aqui as 7 da manhã.

O Cara virou as costas pra mim e foi embora, eu fiquei muito puto com ele, vontade de dar uma voadora nas costas daquele vagabundo pra ele aprender a me respeitar, mais fiquei na minha, ainda bem que o Jorge não dava espaço pra ele, sai do escritório peguei o buzão e fui pra casa nem me lembrei do que minha mãe tinha me dito ao telefone, eu só me lembrei quando desci do ônibus na estação próxima a minha casa, nem tão próxima eu teria que andar umas 6 quadras pra chegar e já era tarde, justamente o horário que meus ex amigos saiam das tocas, fui andando a passos largos e atento a tudo e todos que cruzavam comigo, duas quadras antes da minha casa, olho pra trás e vejo três caras vindo a uma esquina de diferença de mim, os três de cabeça raspada, quando olhei eles começaram a correr.

E minha rua fica deserta a noite, eu sai correndo também acelerado rumo a minha casa, liguei pra minha mãe falei pra ela destravar o portão que eu estava chegando, acho que pela primeira vez na minha vida eu senti o medo que as outras pessoas sentiam quando era a gente atrás delas, quando cheguei no quarteirão da minha casa eles assoviaram e tinham mais dois na praça, e vieram correndo pra cima de mim, me bateu um desespero, por sorte escapei de um deles que esticou o braço pra me pegar, mais o segundo me jogou uma pedra que acertou minhas costas continuei correndo e consegui entrar em casa, aquela mistura de adrenalina e medo me deram ânsia de vomito, eu mau conseguia parar em pé.

Entrei todo ofegante em casa minha mãe já tinha ligado para policia o que os afastou da minha casa, fui pro meu quarto, tirei o sapato a roupa, as minhas costas estavam minando sangue, o cara jogou muito forte a pedra eu só me dei conta quando comecei a transpirar, e que o suor batia no ferimento e doía pra caralho, fui pro banheiro me lavar e tomar um banho, minha mãe me fez um curativo eu queria ir dormir, mais minha mãe obviamente merecia explicações, só que antes que eu falasse qualquer coisa ela se adiantou e falou...

- Gustavo eu não sou boba, eu sei muito bem o que esta acontecendo e não pense você que eu estou achando ruim, pelo contrario, prefiro você assim do que da forma que estava antes, você agora só me orgulha, esta se esforçando pra se tornar alguém melhor porque a pessoa que você esta te exige isso mesmo que subconscientemente.

- Mãe, por favor, não me obrigue a falar disso com a senhora, eu ainda estou muito confuso não sei definir bem o que esta acontecendo.

- Eu sei muito bem o que acontece e te digo mais Gustavo, a sorte que você deu poucos tem, só evite ficar trocando beijos na porta de casa, e se forem fazer isso fala pra ele colocar vidros escuros no carro, porque dava pra ver tranquilamente.

Ela falou isso rindo, pra minha mãe era a coisa mais normal do mundo, também a quem eu queria enganar além de ser minha mãe, ela é psicóloga fica difícil mentir pra ela ainda mais sobre assuntos assim, eu não falei mais nada, ela terminou o curativo e foi saindo do quarto em direção a sala de jantar e me chamou pra comer alguma coisa se não acabaria desmaiando, eu a chamei de volta, e perguntei...

- Porque a senhora me disse que dei sorte!?

- Porque esse relógio que ele te deu, ele não daria se não visse futuro em você.

- Como a senhora sabe disse!?

- Porque eu conheço a marca, e automaticamente imagino o preço desse presente, de valor nesse rapaz meu filho, com seu pai eu me entendo, vou dando um jeito de amaciar a cabeça dele quanto a isso, outra coisa... Comprou alguma joia de R$ 3500,00 no meu cartão hoje!?

- Comprei um Relógio para o Jorge, mais nem sabia que ele me daria um também, e como a senhora sabe disso!? Conhece o pessoal da relojoaria!?

- Não, é que o banco me manda sms com minhas compras no cartão de credito, o senhor não faz nada escondido de mim, nem adianta tentar.

Agora desce e vamos comer... Jantamos eu e minha mãe na cozinha mesmo conversamos um tempo sobre tudo, ela me perguntou sobre meu relacionamento meu rosto queimava de vergonha a cada pergunta dela, e o modo como ela me perguntava era como se me forçasse a responder, e eu não minto pra ela, nem adiantaria muita coisa, fui para meu quarto uns 10 quilos mais leve, tirei um peso de minhas costas conversando com minha mãe, peguei meu celular tinha uma mensagem do Jorge amanhã as 07:00 da manhã no escritório, iremos a Anápolis-GO no porto seco resolver um problema, respondi o SMS com um OK, e fui dormir...

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