᪥𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝕾𝖙𝖔𝖗𝖒᪥ - 𝓐𝓮𝓶𝓸𝓷𝓭 𝓣𝓪𝓻𝓰𝓪𝓻𝔂𝓮𝓷

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𝒦𝒾𝓃𝑔𝓈 𝐿𝒶𝓃𝒹𝒾𝓃𝑔 140𝒟𝒞

Ainda com as costas apoiadas na madeira gelada das portas Visenya colocou a mão sobre o peito e abriu os olhos examinado o interior do aposento, seu coração agora voltava a bater normalmente e ela já respirava com mais calma. Saiu de seu estado de choque e caminhou até a cama tirando os sapatos e logo o vestido pesado então ela rapidamente se jogou nos lençóis macios e gelados ainda nua.

- Sete infernos - Nem mesmo com a ausência das roupas o calor que sentia se esvaiu.

Virou a cabeça e olhou para a banheira que jazia do outro lado do cômodo com a água ainda presente em seu interior, agora gelada como o vento que batia contra as paredes da fortaleza, levantou-se e seguiu até lá afundando-se na imensidão gelada. Seus pensamentos não saiam do encontro que teve com o tio a alguns minutos, a forma como a olhava e em como seu corpo a traiu reagindo ao homem, era um tola. Ele queria afundar aquela adaga em sua garganta e tirar sua vida cobrando sua vingança sádica pelo olho perdido e a traição que ela o acometera, Visenya devia odiar o principe e devia acima de tudo querer vingança sobre ele também. Prometeu a si mesma que buscaria isso pela mãe e pelos irmãos mas agora só conseguia pensar em como ele estava bonito e em como gostaria de que suas mãos não tivessem deixado seu pescoço, seu corpo.

- Pelos Deuses, estou ficando louca - disse a si mesma trazendo os joelhos para perto e os abraçando

Em alguns dias haveria o maldito banquete em comemoração a seu dia do nome e ao dele, banquete este que ela devia conhecer pretendentes para se casar, a bile subiu ao pensar em casamento. Ela desejava se casar é claro, mas deseja um casamento como o de Rhaenyra e Daemon, um matrimônio valiriano com amor prometendo derramar sangue e fogo um pelo outro. Se se unisse a um lorde qualquer não teria isso, jamais.
Suspirou ao sentir a pele arrepiada pelo frio, o calor já não a acometia mais e agora só restava a frieza de um destino triste pois sabia que uma hora ou outra teria de trazer uma aliança forte para sua mãe com um casamento vantajoso politicamente.

Saiu da banheira e secou-se vestindo em seguida um robe azul marinho, deitou-se na cama e deixou sua mente vagar, ela e Aemond tinham uma história por trás daquele ódio todo. Uma amizade que nascera no mesmo dia em que eles se conheceram naquele fosso onde a menina consolou o tio e o prometeu apoio e fidelidade. Anos depois ele a apunhalara pelas costas e ela o traíra da mesma forma em nome da família, ali tudo o que haviam prometido um ao outro resumiu-se a cinzas. Visenya um dia amou Aemond, um amor que foi enterrado em seu peito sobrando apenas migalhas de um rancor terrível pelas ofensas e injúrias e ela sabia que o tio a odiava da mesma maneira e que guardava um rancor ainda maior. Os próximos dias não seriam nada fáceis e ela sabia disso. E como sabia.

[...]

Na manhã seguinte ela despertou com um pulo, o sol nem havia nascido ainda quando ela se pôs de pé e vestiu as roupas de montaria, queria voar.
Arrumou os longos cabelos em belas tranças e vestiu uma capa pesada, Visenya sabia da existência das passagens secretas pela fortaleza vermelha desde que era uma menininha, explorou a maioria delas na companhia de Aemond que a seguia fielmente por onde ia.

Calçou as botas e embanhou Storm na cinta, ela empurrou a penteadeira para o lado e avistou a rachadura logo forçando-a para frente. Um clic foi ouvido pela moça e uma passagem escura revelada, ela agarrou com força o cabo da espada e adentrou a passagem fechando-a atrás de si, fez o caminho rapidamente pois sabia para onde ir e como faze-lo. No fim do trajeto ela pode ver as grades costumeiras então as puxou com um pouco de força e o vento gelado soprou seu rosto, ela estava do lado de fora da Fortaleza Vermelha, nas ruas de Kings Land, puxou o capuz sobre a cabeça cobrindo os cabelos platinados enquanto fazia o caminho até o fosso da forma mais sorrateira que podia.