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A fortaleza de Harren era costumeiramente assombrosa, destruída pelo fogo dos dragões durante a conquista de Aegon. As rochas derretidas pareciam velas molhadas escorrendo pelas paredes pretas e cheias de limo. E havia também um cheiro muito forte que mesmo a distância podia ser notado, o constante fedor de fumaça, poeira e umidade.

Visenya desceu do cavalo e pairou escondida no topo da colina, vislumbrando o castelo com atenção procurando qualquer sinal de movimento suspeito ou perigoso. Os homens circulavam pela área externa, ascendendo fogueiras e tochas para iluminar a noite que começava a cair.
Não avistou Larys Strong.

Quando ficou escuro o suficiente para que pudesse se esconder na noite, Visenya se esgueirou pelos muros e finalmente entrou em Harenhall.

𝒟𝓇𝒶𝑔𝑜𝓃 𝒮𝓉𝑜𝓃𝑒 132 𝒟𝒞 𝓝𝓮𝔁𝓽 𝓜𝓸𝓻𝓷𝓲𝓷𝓰

- Como foi que um dragão deixou o meu castelo, levando a minha filha. E ninguém percebeu! - Rhaenyra vociferou diante da mesa de pedra.

O príncipe Daemon estava inquieto, rodeava os fundos da mesa com ansiedade. As mãos estavam presas no cabo de irmã sombria e ele apertava o pomo com dureza, tanta que os nós dos dedos pareciam quase cinzas.

- Não sabemos, vossa graça. Pode ter acontecido durante o cair da noite. - Sor Lorent respondeu fino, envergonhado quase.

- Fazem DOIS DIAS! - Daemon perdeu a paciência. - Ninguém a viu, somente ao seu dragão que está abandonado no vale. O que sabemos? - questionou ao grande meistre.

- Lady Jane Arryn respondeu ao nosso apelo, mas não são notícias animadoras sinto dizer. - o homem suspirou, segurando um pequeno pergaminho nas mãos - Aparentemente a princesa Visenya não esteve no ninho, apenas deixou seu dragão nas terras do vale antes de partir. Batedores da senhora Arryn disseram que a princesa sumiu na floresta e não apareceu novamente.

Ouve silêncio.

A princesa Rhaenyra uniu as mãos sobre a mesa e encarou os próprios dedos.
- Quero que enviem homens para as terras do vale, vasculhem, com permissão da senhora do ninho, todo o território em busca de minha filha.

- Sim, princesa. - Sor Lorent deixou o salão apressado.

- Não é o suficiente! - Daemon estava incontrolável.

- O que mais podemos fazer, Daemon? - A princesa suspirou

- Quem sabe, perguntar a alguém suspeito, hm? - a rebeldia nos olhos do homem era palpável.

- A quem? - Jacaerys questionou.

- Ao marido de Visenya, não? - o tom zombeteiro na voz do príncipe rebelde era quase tocável.

Todos os olhares no salão direcionaram-se ao príncipe Aemond.
Ele que, por sua vez, estava de pé com a escolta de dois grandes guardas, desarmado de sua espada e em completo estado de vulnerabilidade diante de seus supostos inimigos.

- Aemond? - Rhaenyra o chamou. - Se sabe alguma coisa de minha filha, diga imediatamente.

O caolho franziu o cenho.
- Acha mesmo que se eu soubesse, ainda estaria aqui, ouvindo toda essa baboseira? - sibilou - Não faço ideia de onde ela esteja!

Ele tremia, talvez de raiva. Mas o medo também estava lá. Não medo de ser decapitado ali mesmo por sua ousadia, medo de que sua Visenya estivesse morta.

- Como você- - Baela oscilou e foi interrompida.

- Me deixe montar Vhagar e ir atrás dela! - rangeu os dentes furioso. - Pedi isso na primeira manhã em que notamos sua falta e vocês todos me negam!

- Você não vai deixar este castelo até que Visenya esteja aqui, se for algum ato de guerra contra minha esposa, iremos matar você e garantir que a porra da sua mãe não tenha seu brinquedo de volta! - Daemon fuzilava o sobrinho - E Vhagar terá uma montadora digna desta vez.

Lady Rhaena ergueu o olhar esperançoso para o pai, quase rezando que matasse o maldito caolho.

- Basta. - Rhaenyra se levantou, apoiando as palmas trêmulas sobre a mesa - Vhagar não deixará minhas terras, e você continuará sob vigilância, levem-no.

Aemond poderia incendiar os presentes no salão se seu olhar fosse capaz disso. Foi levado para longe em meio a insultos para com a princesa Rhaenyra, os berros dele eram ouvidos pelos corredores seguintes enquanto o arrastavam para o quarto em que estava preso.

Rhaenyra o entendia, apesar de tudo. Sentia o mesmo medo e a mesma furia toda vez que um corvo lhe trazia notícias negativas. Suas alternativas estavam chegando a zero e teria de apelar para Kings Landing caso fosse necessário.

Seria humilhante, mas se arrastaria aos pés de Alicent se fosse necessário para ter sua filha em segurança sob sua vista novamente.
Estava em agonia, sem saber por onde ela andava, com quem e se ainda respirava.
Não contava nem mesmo com a proteção de Canibal, pois o havia deixado para trás.

Quais seriam os motivos dela para fazer tal ato de rebeldia?

Daemon Targaryen não era conhecido por sua paciência. Ele havia destruído a torre dos corvos depois que o último havia trazido notícias que não foram de seu agrado e surrou os batedores que vieram ao seu encontro de mãos vazias.
Ameaçou queimar o ninho da águia caso Lady Jane não encontrasse sua filha e quase matou os guardiões do fosso na manhã em que deram por falta de Canibal.

Ele era temperamental e explosivo

Sua faísca fora acessa e agora queimava dentro dele com fúria a cada segundo que se passava sem notícias da filha. Não iria perde-la.

Pedra do dragão estava em alerta máximo, dragões iam e vinham o tempo todo. Principalmente Caraxes, o verme de sangue rugia pavorosamente quando montado com violência e levado para os céus.
Vermax e Moondancer patrulhavam o perímetro entre Kings Landing e Driftmark, em busca de algo que fosse útil.

Mas não havia muito a ser feito, a princesa Visenya estava longe. Escondida nas terras de Riverlands, com um plano e desejo de vingança.
Ardia pelo doce aroma da morte, e da prazerosa sensação de vitória.

RiverLands: Harenhall

Uma tempestade dançava além das paredes úmidas e a chuva parecia cair mais dentro do castelo do que fora. Tudo estava frio, molhado e escorregadio enquanto caminhava pelos corredores fantasmagóricos. Visenya vestia-se com vestes sujas de criada e prendera os cabelos e um turbante vermelho, ela se misturara com as poucas empregadas na cozinha miserável do castelo e vinha trabalhando por lá. Ouvindo tudo o que podia, colhendo informações que pudessem ajuda-la a concluir seus planos.

- Lorde Larys ordenou que o jantar fosse servido em seus aposentos esta noite. - Gália anunciou - Tratem de começar a preparar um porco assado e um belo ensopado. Andem, ao trabalho!

Visenya evitava erguer os olhos, o lilás parecia cinza dentro do castelo chuvoso e mal iluminado mas qualquer sinal de luz intensa era uma preocupação, então apenas balançava a cabeça e fingia concordar.
Fazia as tarefas o mais rápido que podia, assim podendo circular por dentro do mausoléu e memorizar caminhos alternativos.

Ela tratou de cumprir as ordens que lhe foram dadas e por mais que odiasse estar naquele inferno, era sua única chance de chegar o mais perto possível de Larys.
Levaria o jantar dele naquela noite, e se certificaria que fosse o último.

Desculpem qualquer errinho, boa leitura e até o próximo ❤️

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᪥𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝕾𝖙𝖔𝖗𝖒᪥ - 𝓐𝓮𝓶𝓸𝓷𝓭 𝓣𝓪𝓻𝓰𝓪𝓻𝔂𝓮𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora