"Would you leave me
If I told you what I've done?
And would you leave me
If I told you what I've become?"
Quando Penélope acordou, ela e Marcos ainda estavam abraçados na cama. Estavam tão entrelaçados um no outro que ela pensou que não conseguiria se levantar sem acordar ele, e em parte queria acordá-lo porque adorava como ele ficava quando estava envergonhado.
Mas ela já tinha atrapalhado o sono dele o suficiente na madrugada, então deu um jeito de deslizar dos braços dele para fora da cama. Ainda estava cedo demais, o relógio marcava 5h e o céu começava a clarear. Uma noite nos braços dele até a fazia se sentir disposta e mais tranquila.
Ela tomou banho e voltou para o quarto para se arrumar, e mesmo que Marcos tivesse se mexido um pouco na cama, ele não acordou. Era sábado e ele não iria trabalhar, porque tinha tirado plantão de quinta para sexta. A casa e a rua estavam silenciosas, e isso dava a Penélope uma sensação de paz.
Depois que se vestiu, pensou em voltar para a cama. Marcos estava tão bonito, dormindo com uma expressão tão suave. "Mas a expressão dele sempre é suave", pensou. Ela sempre tinha sido caótica, com explosões de sentimentos que lhe deixavam arrependida depois, enquanto ele se mantinha calmo, uma gentileza que ela nunca tinha conhecido.
Penélope desceu, antes que voltasse para os braços dele. Giovanna ainda dormia, e ela não esperava que Marcos acordasse nas próximas horas. Ela checou novamente as portas e janelas, e foi para a cozinha quando constatou que estava tudo trancado.
Ela precisava pensar no que fazer.
Tinha ligado para Iago na tarde anterior quando ficou sozinha, cancelando o pedido de que encontrasse Franco. Ele não ficou feliz, insistiu que queria lhe ver, mas Penélope tinha conseguido contornar. Disse que o avisaria quando pudesse lhe encontrar, e ele não parecia muito satisfeito. Mas Iago já não lhe preocupava tanto.
Franco estava atrás dela. Ele estava fazendo isso por Louis, tentando voltar aos bons termos com o irmão? Ou estava fazendo por ela, porque um ano depois ele finalmente se arrependia do que tinha feito? Talvez os seguranças estivessem apenas trabalhando para ele, ou talvez estivessem com ele para passar informações ao chefe.
O que quer que fosse, ela sabia que precisaria arriscar se realmente fosse seguir adiante.
Penélope tinha 5 bilhões em uma conta na Suíça, uma conta que Louis não conhecia. Se conhecesse, ele teria zerado sua conta quando a manteve presa, como tinha feito com todas as outras. Não era tanto dinheiro quanto o marido tinha, mas ela calculava que era o suficiente para poder voltar para a França em segurança e subornar o caminho até ele, antes que ele soubesse que ela tinha voltado. Para acessar a conta, ela precisava dos seus documentos originais, que tinham ficado na Grécia, e uma chave numérica que ficou na casa de Franco, na Itália, quando ela foi burra o suficiente para fugir com ele.
A segurança do banco era excepcional, e documentos falsos não funcionariam como tinham funcionado para que ela pegasse um avião. Mesmo com os documentos em mãos ela não poderia acessar o dinheiro sem a chave numérica, então Penélope precisava dos documentos originais e da sua chave, e assim ela poderia voltar para a Europa e resolver suas pendências uma a uma: na Itália com Franco, na Grécia com todos que tinham fechado os olhos para o que ela viveu, e na França com o seu marido.
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Fúria (FINALIZADA)
ChickLitPenélope e Marcos se conheceram ainda adolescentes, quando ela se mudou para o apartamento ao lado. Perdidamente apaixonados, nem todos os problemas financeiros, emocionais e familiares conseguiram afastá-los, até que quatro anos depois ela subitame...