"Your integrity makes me seem small
You paint dreamscapes on the wall
I talk shit with my friends
It's like I'm wasting your honor"
- Por que você foi embora antes? Vocês não eram noivos ou sei lá?
Giovanna estava genuinamente curiosa, não era uma acusação como seria se essas palavras viessem da boca de Marcos. Ela era só uma garota entediada, ávida por uma boa fofoca antes de ir pra escola.
- Porque a minha mãe morreu.
Ela assentiu, concordando, como se entendesse. Como se essas poucas palavras explicassem tudo.
- Mas agora que você voltou, por que vocês não ficam juntos?
Penélope deu uma risada, em parte para disfarçar a vergonha e em parte porque Giovanna era muito cara de pau.
- Respeita a sua madrasta - ela revirou os olhos. - Eu e o seu pai... nós não éramos bons um para o outro como casal. Mas nós somos bons como amigos, então vamos continuar assim.
- Não eram bons como?
- Vai estudar, Giovanna. - a voz de Marcos as surpreendeu, vinda da sala. Quando entrou na cozinha ele sorriu para a filha, mas logo cerrou os olhos para ela - Para de ser fofoqueira. É assim que você pretende recuperar sua nota?
- Peut-on parler en français? - ela se esforçou para arriscar as palavras, a pronúncia terrível.
- Non, le cours est terminé.
Marcos sentou à mesa, ignorando os resmungos da filha. Tinha acabado de voltar do trabalho, e Giovanna estava revisando francês com Penélope antes de ir para a escola fazer a prova de recuperação. Ele estava cansado, com olheiras sob os olhos, e parecia chateado. Penélope pensou que ele estava mais bonito que nunca.
O médico serviu café para os três, bocejando de sono, e apagou o cigarro aceso de Penélope que repousava no pires que ela tinha escolhido como cinzeiro. Penélope não reclamou, porque precisava maneirar nos cigarros e só naquela manhã tinha fumado quatro.
- Essa criaturinha tá aprendendo de verdade, Penélope?
- Sim, mas só porque eu sou uma ótima professora.
Penélope tinha feito uma coisa ruim.
Ela disfarçou o nervosismo, mesmo acreditando que Marcos estava cansado demais para notar. Nas manhãs em que ele chegava do plantão, exausto, normalmente deixava Giovanna na escola, então voltava para casa e dormia boa parte da manhã. Ele tirava entre um e dois plantões na semana, e ficava em casa no dia seguinte.
- Eu posso levar ela na escola se você quiser - ofereceu. Não precisava fingir demais, porque ela realmente ficava preocupada quando ele dirigia depois de tanto tempo acordado.
- Tem certeza? Eu posso... - ele foi interrompido por mais um bocejo.
- Eu levo ela. Vai dormir. - Penélope ficou aliviada quando ele concordou, porque precisava do carro.
Marcos jogou fora o café que tinha servido para si, deu um beijo na cabeça de cada uma, distraído, e subiu as escadas. Penélope se sentiu culpada, mas engoliu o sentimento com o resto do café.
No carro, Giovanna arriscava frases em francês e Penélope corrigia quando necessário. Ela era boa, e em duas semanas estudando tinha aprendido muita coisa. Era inteligente, e lembrava muito a tia, que ainda não tinha dado notícia e começava a deixar Penélope preocupada. Marcos insistia que era normal, que Marina passava semanas sem fazer contato, mas ela tinha certeza que alguma coisa estava errada.
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Fúria (FINALIZADA)
Chick-LitPenélope e Marcos se conheceram ainda adolescentes, quando ela se mudou para o apartamento ao lado. Perdidamente apaixonados, nem todos os problemas financeiros, emocionais e familiares conseguiram afastá-los, até que quatro anos depois ela subitame...