Capítulo 17 - Penélope (2022)

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You know there's many different ways that you can kill the one you love

The slowest way is never loving them enough

Na segunda-feira Marcos saiu da cama de manhã cedo, apesar dos resmungos de Penélope para que ele ficasse.

- Eu volto mais cedo se conseguir - ele se inclinou e deixou um beijo na sua têmpora. Penélope estava de olhos fechados, mas sentiu a cama afundar ao seu lado quando ele sentou. Ela sorriu, esticando a mão para lhe puxar para mais perto.

- Não demora.

Ela queria pedir para ele não ir, mas sabia que Marcos precisava trabalhar. Uma noite ao lado dele não era o suficiente, mas Penélope sabia que todo o tempo do mundo com ele ainda não seria o suficiente.

Quando ele saiu, ela olhou para o teto e lembrou de si mesma falando para não se distrair. A estadia ali era um pedido de santuário, nada mais. Ela sempre soube que voltaria para Louis, de um jeito ou de outro. Se sentiu estúpida.

Ela aproveitaria o tempo ali, não importava quanto tempo fosse. Devia ter beijado Marcos no primeiro dia que chegou ali e isso teria lhe dado semanas extras ao lado dele. Ela se vestiu e desceu, sorrindo ao ver que Marcos tinha deixado a mesa posta antes de sair. Era cedo e Giovanna ainda estava dormindo, a casa silenciosa.

Penélope se sentia diferente. Não o amor em brasas e impulsivo da sua juventude, não a frieza que experimentou ao lado do marido. Era como estar em casa: tranquila, sem precisar se preocupar em manter a guarda o tempo todo, um sentimento de idílio, de paz. Ela queria que durasse para sempre.

O seu celular tocou, e o sentimento de tranquilidade sumiu assim que ela viu o nome de Marina no visor. Penélope sabia o que viria a seguir, e ela respirou fundo antes de atender.

- Oi.

Silêncio. E então Marina falou, a voz vacilante:

- Eu fiz o que você pediu.

- Obrigada.

- Penélope... Você não me disse quem ele era. - Não era exatamente uma acusação, as palavras tinham um fundo de preocupação. - Tem certeza disso? Você quer voltar para isso?

- Eu preciso voltar.

Elas ficaram em silêncio novamente, e Penélope até pensou que Marina fosse desligar, ou tentar lhe convencer a não ir.

- Não some dessa vez - foi o que ela pediu. - Da última vez Marcos ficou destruído quando você foi embora. Eu não achei que ele fosse se recuperar. Se você vai mesmo embora dessa vez, então pelo menos conversa com ele, explica o que aconteceu, o meu irmão merece pelo menos isso.

- Eu não devia ter vindo - se jogou no sofá, se sentindo culpada.

- A gente conversou sobre você uns meses atrás - confessou. - Por onde você andava, o que você devia estar fazendo, o casamento dele, sobre Giovanna... E o assunto sempre voltava pra você. Todos esses anos, e Marcos sempre voltava o assunto pra você. Quando você apareceu no acampamento, tão desesperada, eu achei que fosse um sinal. Eu fiquei preocupada, é claro, mas eu também achei que fosse uma segunda chance pra vocês dois. Não me entenda mal, sabe, mas você era uma cretina - Penélope riu, e Marina também. - Mal educada, grosseira, arrogante. Só que eu nunca conheci nenhuma outra mulher que amasse tanto o meu irmão, ou que o afetasse tanto. Se você está tão determinada a voltar, então pelo menos ameniza o baque. Não some, não deixa ele tão desesperado quanto da última vez. Pelo menos se despede.

- Eu vou fazer alguma coisa - prometeu. - Obrigada, Marina. De todas as minhas cunhadas, você sempre foi a melhor.

Penélope podia sentir o sorriso brincalhão de Marina do outro lado da linha quando ela disse, antes de se despedir:

Fúria (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora