"Oh, be my once in a lifetime
Lying on your chest, in my party dress
I'm a fucking mess but I
Oh, thanks for the high life"
Penélope considerava uma experiência muito interessante quando saía com os amigos de Marcos. Não existiam as disputas internas, os cochichos ou as fofocas de um sobre o outro. Ela nunca tinha experimentado nada como aquilo. Na verdade, ela não acreditava realmente que eles pudessem ser tão pacíficos uns com os outros. Provavelmente só disfarçaram muito bem, então ela sempre ficava atenta para tentar descobrir o que fosse que eles estivessem escondendo.
Ela sempre foi boa em observar, em analisar a situação, e por isso normalmente percebia as coisas antes dos outros. Quando os encontros acabavam e eles voltavam para casa, Marcos jogava o ombro por cima dos seus e sorria, achando graça.
- Então, qual o seu relatório dessa vez?
Ele ria, falando para Penélope que amizade não era uma batalha, e Penélope achava incrível como eles tinham tido vidas diferentes até ali. Pra ela, sempre tinha sido. Mesmo Mimi, que era sua melhor amiga desde que tinha nascido, competia com ela em tudo.
- Aquela garota feia gosta de você. Ela tava te comendo com os olhos.
- Você sempre acha que todo mundo gosta de mim - ele revirou os olhos. - E ninguém lá era feio.
Penélope o empurrou para longe. Marcos nunca achava que ninguém gostava dele, mesmo que fosse óbvio. Ela não entendia como ele podia não notar o quanto era bonito ou como todas as namoradas dos seus amigos se derretiam quando ele contava alguma história. Ela queria que ele fosse menos simpático, menos atencioso com todo mundo. Era justamente o fato de ele nunca fazer nada por maldade que fazia todas se apaixonarem por ele.
"Mas, é claro, se ele fosse assim então eu não gostaria dele".
- Eu acho que você se faz de cego, só pode ser isso - resmungou, irritada.
Marcos gargalhou, a puxando de volta para um abraço. Ele olhou ao redor para a rua meio vazia, e então a colocou contra a parede de uma loja. Penélope adorava o sorriso tranquilo que ele sempre dava antes de lhe beijar. Mas ela gostava mais ainda de como ele a deixava sem fôlego, melhorando o seu humor.
- Eu fico muito, muito cego - sussurrou contra sua boca - Porque eu só consigo ver você e ninguém mais.
Ele estava tão tranquilo, tão leve naquelas semanas. Penélope sabia que era porque o seu pai não voltaria para casa tão cedo. Ela já tinha ligado para a polícia, já tinha feito denúncias, mas ninguém nunca sequer apareceu. Já tinha falado com o seu pa, sem que Marcos soubesse, mas ele não tinha feito nada. O seu corpo todo se contorcia de ódio sempre que via o pai de Marcos, mesmo que fossem por poucos segundos. Marcos nunca deixou que eles se encontrassem, sempre monitorando os passos de Penélope quando seu pai estava por perto. Ele pedia para que ela ficasse longe dele, dizia que aquilo o deixava mais tranquilo.
A última vez que ele bateu em Marcos, meses atrás, Penélope tinha pagado um rapaz da rua de cima para assustar Rafael e o ameaçar para que ficasse longe de casa. Marcos não sabia disso, mas ela achava que a tranquilidade no seu rosto era prova de que era a coisa certa a fazer, mesmo que ele não aceitasse.
- Isso é uma pouca vergonha - uma senhora reclamou quando passou pelo casal.
- Cuida da sua vida, sua velha mal-amada.
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Fúria (FINALIZADA)
Chick-LitPenélope e Marcos se conheceram ainda adolescentes, quando ela se mudou para o apartamento ao lado. Perdidamente apaixonados, nem todos os problemas financeiros, emocionais e familiares conseguiram afastá-los, até que quatro anos depois ela subitame...