I persist and resist the temptation to ask you
If one thing had been different
Would everything be different today?
Penélope não falou nada no caminho de volta para casa, mas segurava o ombro onde o corte estava, quase sem perceber. Ela parecia estar com dor, parecia exausta, e Marcos queria voltar para a casa do pai dela e dar uma surra em Iago. De novo.
Marcos estava furioso. Poderia matar quem fez isso com ela. Poderia matar Louis, o bastardo do seu marido. Ele se segurou para não falar nada, não queria piorar a situação com a sua raiva. Assim que parou o carro ela pulou para fora, antes que ele pudesse falar qualquer coisa e praticamente correu escada acima assim que Giovanna abriu a porta.
Estava fugindo dele, Marcos sabia.
Subiu as escadas atrás dela, subindo dois degraus de cada vez para poder lhe alcançar, mas Giovanna lhe chamou, assustada, e o fez parar.
- O que aconteceu?
- Penélope se machucou - minimizou, porque não queria que ela se preocupasse - Pode pegar o kit do meu escritório, filha? Trás pro meu quarto, ela vai precisar levar uns pontos.
A camisa ensanguentada estava no chão do banheiro do corredor, e Penélope pressionava papel higiênico contra o corte. Ela evitava o seu olhar, mesmo quando Marcos se posicionou atrás dela e analisou o estrago pelo espelho. Olhando novamente, o corte maior não está tão feio quanto ele achou, apesar de ainda ser muito recente, e os menores já tinham uma casquinha se formando. Mas a linha usada na sutura estava errada, e era melhor refazer tudo para não infeccionar.
Já estava começando a anoitecer, e ele precisaria ir para o plantão em breve. Pediria para Lily cobrir para ele se pudesse, mas ela ainda estava muito irritada e não atendia o telefone.
- Você quer que eu vá embora?
Penélope o encarou pelo espelho, os olhos azuis olhando tão intensamente que ele demorou a entender o que ela disse. Estava séria, determinada, uma fortaleza. Mas Marcos conhecia Penélope e sabia que ela estava assustada também, com medo.
- Embora, Penélope? É claro que não. Por que eu te mandaria embora?
- Depois de toda aquela cena? - ela se virou para ele, e estavam perto demais. A voz dela tremia apesar dos esforços de se manter firme. - Depois de todo o estresse? Me poupe, Marcos, você não me quer mais aqui.
Marcos não sabia como começar a explicar para ela que ele sempre iria querer ela ali, independente do que acontecesse. Que, na verdade, não queria nem que ela tivesse ido embora em primeiro lugar. Por sorte ele não precisou, porque Giovanna invadiu o banheiro com a bolsinha vermelha de primeiros socorros.
- Aqui! Meu Deus, o que aconteceu com o seu braço? - Sua filha arregalou os olhos, surpresa, e desviou da camisa no chão. Ela puxou Penélope pela mão esquerda, atravessando o corredor e a obrigando a se sentar na cama do quarto de hóspedes - Pai, faz alguma coisa!
- Eu vou limpar o corte e refazer os pontos - avisou. Penélope acenou, olhando pela janela. Ela nunca teve problemas com sangue e agulhas, contanto que não precisasse olhar.
- Como isso aconteceu? - Giovanna não saía de cima dos dois, sentando-se ao lado de Penélope para olhar de perto enquanto seu pai refazia a sutura.
- Eu fui pega por uma onda quando tomava banho de mar. Antes de viajar, é óbvio - Marcos não acreditava em uma palavra do que ela dizia - Eu fui jogada contra as rochas, fiquei com alguns cortes. Esse foi o pior.
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Fúria (FINALIZADA)
ChickLitPenélope e Marcos se conheceram ainda adolescentes, quando ela se mudou para o apartamento ao lado. Perdidamente apaixonados, nem todos os problemas financeiros, emocionais e familiares conseguiram afastá-los, até que quatro anos depois ela subitame...