𝒪 𝒩atal mais quente 🎄 ꒰ 𝘄𝗲𝗻𝗰𝗹𝗮𝗶𝗿 ദ

𝒞apítulo 2 ꒰ 𝒞ulinária 𝒩atalina﹙🍪﹚

ㅤ𓈒ㅤㅤㅤ✩       Parte 1  ㅤㅤೀ

Não era noite, mas a névoa espessa que tocava cada fresta da construção antiga com um sopro farto de frio fazia os moradores questionarem o verdadeiro horário do dia. Não se passava das três horas, mesmo assim, a falta de luz solar ocasionava um efeito preguiçoso nas pessoas.

A maioria dos adultos já estavam recolhidos em seus aposentos, cobertos até o pescoço. Mas Wednesday sentia que não poderia voltar ao seu quarto tão cedo — não enquanto o cheiro dela ainda estivesse impregnado no cômodo.

Então se ocupou em vagar despreocupadamente na mansão macabra, espreitando os cômodos como quem espera flash de memórias marcantes — de outros natais, talvez, ou apenas lembranças de infância.

Mas não conseguia pensar em nada.

Não estava nem pensando. Na verdade, tudo o que repetia em sua mente fora a breve conversa da noite anterior com Sinclair.

Ela gostaria de ter dito mais, feito mais. Por hora, se contentava com o que conquistou. Apesar de que ainda queria rever algumas pontas soltas.

Sonhava sobre isso quando se viu na porta da cozinha, a superfície de madeira arranhada semi-aberta unindo-se aos sons alegres de burburinhos.

Era uma ótima hora para sair.

— Wednesday!

E lá se foi o plano.

— Sim? — A latina responde a contra gosto, batendo a sola de seu coturno no piso desgastado quando avança na direção de sua avó, uma senhorinha encolhida, com pouco mais de um metro e aparência assustadora.

— Veja só, Wednesday, nós estamos chamando a Enid para fazer cupcakes. — Pubert dispara, o nariz corado por causa do frio. — Venha ajudar a gente!

A morena relaxa suas sobrancelhas, fincando seu olhar na figura rosada perto da bancada.

Wednesday jamais viu alguém tão adorável vestindo um suéter de natal com gorrinho.

— Uh, isso parece ótimo! — Enid sorri, desviando o olhar de Wednesday por poucos segundos afim de responder o mais novo, batendo os longos cílios de forma descontraída enquanto torcia seu próprio nariz, formando pequenas ruguinhas em torno dele.

— Não sei bem se esse tipo de culinária faz seu tipo... — A de fios escuros começa, se aproximando da bancada, deixando que uma fina fagulha de humor refletisse por entre sua fala.

— Por que?! — A loira chia, confusa.

— Pubert, vá lá pegar o couro de carneiro para começarmos a preparar os recheios. — A de fios grisalhos grita, inconsciente da altura da própria voz graças a sua péssima audição.

— Ah... — Enid murmura, sorrindo de forma afetada.

Wednesday soltou uma lufada de ar, quase uma risada, chamando a atenção da de olhos azuis, que passou a observá-la de canto, vidrada — quase imperceptível, se não fosse pela capacidade da latina de sentir o mínimo movimento ao seu redor.

— O que estão fazendo paradas?! — A senhorinha clama novamente, batendo os pés de forma alarmante no piso, chamando a atenção das mais novas. — Wednesday, vá buscar os cravos no túmulo de seu tataravô e Enid, querida, venha cá me ajudar a amassar as amoras.

— Vovó, porque não fazemos do jeito tradicional hoje? — A de fios corridos questiona, a voz zelosa em respeito a matriarca. — Enid vai ficar assustada.

Completa, observando a expressão da senhora mudar, como se ela finalmente tivesse entendido que — apesar de não ser humana — Enid não se sentia confortável com aquele tipo de situação.