Sentada no sofá com o coração disparado, Andy encarava seu próprio aparelho celular e o outro, que recebera da mulher estranha na rua.
Alguns segundos encarando e já pareciam horas.
Doug chegaria em breve.
Inquieta, a morena se levantou e começou a caminhar de um lado ao outro do apartamento.
Não durou muito.
Ela ajustou o volume dos dois aparelhos para o máximo e foi até a cozinha novamente. Guardou alguns dos os itens que estavam em cima da mesa, a receita de carbonara já esquecida.
Numa tentativa de se acalmar, resolveu pegar o pote de sorvete e uma colher.
De volta a sala em pouquíssimo tempo, ela mirou os dois aparelhos com um olhar suspeito, como se eles fossem tocar sem fazer nenhum tipo de barulho só para que ela perdesse a chamada que estava aguardando.
Nenhuma chamada perdida. Nada.
Andrea tirou a tampa do sorvete e começou a observar as bordas derretendo lentamente.
Conferiu quantos minutos tinham passado.
Quase dez.
Num ímpeto, ela mergulhou a colher na parte mais congelada e depois colocou em sua boca uma quantidade grotesca, de uma vez só.
"Má ideia, má ideia, má ideiaaaa!" Ela começou a falar, ainda com a boca cheia, ao ter a sensação da sensibilidade ao frio lhe invadindo. "Por Deus, como eu sou idiota!" Disse para si mesma depois de conseguir engolir o sorvete em sua boca.
Por ser algo extremamente bobo, foi uma excelente distração. Quando ela se recuperou, Doug já estava entrando em seu apartamento, as bochechas rosadas não deixavam dúvidas de que ele literalmente viera correndo.
"Já ligaram?"
"Ainda não." ela levou uma das mãos até a boca para roer as unhas, lembrou-se do quanto Miranda detestava o hábito, revirou os olhos para si mesma e abaixou a mão. "Você acha que vai ser a Miranda do outro lado da linha? Ou que ela vai estar ouvindo?"
"Eu não sei, Andy..." Ele respondeu um pouco nervoso. "Até que nos provem, nós não sabemos nem mesmo se a pessoa que te entregou o telefone é mesmo alguém representando os interesses dela. Pelo que você falou da foto, sinceramente não sei o que pensar."
"E-eu não tinha pensado nisso." A jovem tinha a voz pequena agora. "Não tinha pensado na possibilidade de não ser ela."
"Você é mesmo uma fraude nas teorias conspiratórias, todo mundo sabe." Doug brincou, sabendo que arrancaria uma reação de sua amiga, e estava certo. Lá estava aquele riso que ele não ouvia a tanto tempo.
Antes que eles pudessem seguir conversando, o telefone tocou. O som irritante os fez pausar por um momento, e então Douglas alcançou o telefone atendendo e prontamente colocando a chamada em viva voz.
"Alô, Andrea?" Uma voz claramente alterada invadiu o cômodo.
"Sim. Quem está falando?"
"Por motivos de segurança, não posso te dizer meu nome, mas preciso que você escute com grande atenção. Eu sei que você não está sozinha, meus informantes viram seu amigo Douglas entrar no seu prédio." Eles arregalaram os olhos. "Peça a ele que grave a nossa conversa a partir de agora, para que vocês possam se lembrar de todos os detalhes necessários."
Ele imediatamente retirou o próprio celular do bolso e iniciou o gravador. "Estamos prontos." Douglas disse.
"Excelente. Andrea, dentro da sacola onde estava este aparelho há uma pequena caixa. Você pode pegar."
"Sim, já está aqui."
"Pode abrir, por favor."
Dentro da caixa, dois pendrives e o que parecia um adaptador. Andrea ficou mais confusa.
"Já abri."
"Perfeito. Para sua segurança, preciso que você conecte um dos pendrives no seu computador e use o adaptador para conectar o outro no seu celular. Eu estou em um contrato para cuidar da segurança de Miranda Priestly, e um dos itens do contrato extende essa segurança a você."
"E como nós sabemos que isso é realmente verdade?" Doug interviu, Andy estava atônita demais para reagir.
"Ligue para o escritório de Miranda, assim que falar com sua assistente, Emilly, diga que está ligando sobre a palavra chave cerúleo, e ela vai tranferir sua chamada de volta pra mim. Depois que confirmarem que digo a verdade, vou explicar o motivo dos pendrives e do meu contato. Liguem imediatamente."
Antes que pudessem perguntar qualquer outra coisa a chamada foi desconectada.
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Dois Cafés (Mirandy)
FanfictionAndrea é uma jornalista que escolheu um café aconchegante como local seguro. Entre provas do cardápio e trabalhos sem fim, um belo dia ela se depara com Miriam (que, na verdade, se chama Miranda) e depois disso a sua vida nunca mais foi a mesma.