XLI - A Reação (Parte 1)

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Miranda ainda estava pálida e um pouco trêmula quando o carro Roy deu a partida com o carro.

Imediatamente ela desejou estar no controle, ou melhor, se sentir no controle de suas próprias emoções. Queria dirigir sem rumo, queria gritar, queria quebrar coisas, regras, tudo. Também queria estar impassível, sem demonstrar como os últimos acontecimentos lhe afetaram.

Mais que tudo, tentava entender como deixara passar tantos sinais até chegar em um momento em que efetivamente poderia ter perdido o poder sobre a sua obra de vida, sem que ao menos ter a chance de se defender sem precisar de alguém, de uma interferência externa.

A unica coisa que estava evidente era que Emilly, Andrea e Douglas sabiam do que estava para acontecer. Provavelmente orquestrados com Patti Miller, que realmente se misturou ao corpo de funcionários da revista a ponto de ser quase imperceptível. Agora, mais que nunca, parecia tolice ter confiado na garota. Suas mãos tremeram de raiva.

A concentração em não explodir na vasta mistura de sentimentos que se reviravam dentro de si durou pouco. Mesmo virads para a janela, Miranda sentiu os olhos de Emilly voltados para a sua figura.

A raiva que a editora estava tentando manter sob um calor brando repentinamente aqueceu-se novamente, já não conseguiria se controlar por muito tempo.

"Você sabia." Não foi uma pergunta.

"Sim."

"E mesmo assim me deixou no escuro."

"Era necessário para que o plano funcionasse, Miranda." Havia um certo ar de súplica na voz da ruiva, irritando Miranda ainda mais.

"E qual era o plano, Emily? Era me fazer de palhaça na frente dos acionistas? Deixe-me adivinhar... era me tornar mais humana aos olhos de todos para que eu pudesse manter a revista pelo voto de pena dos integrantes do conselho? Sinceramente não sei onde eu estava com a cabeça quando acreditei que poderia confiar em você." A voz da mulher ficava mais letal a cada palavra, intencionalmente Miranda mirava em machucar, em arrancar tudo de quem não lhe protegeu contra os eventos de hoje.

A assistente abriu a boca para responder, mas sabendo que nada dito adiantaria, calou-se novamente.

"Roy, você também sabia?"

"Ele não sabia de nada. Eu apenas pedi que ele ficasse num raio de três minuto da entrada e pronto para partir a qualquer momento."

"Entendo." Miranda olhou para a janela, não queria ver o rosto de Emily. "Roy, pare o carro. Emilly vai descer aqui. Se ela pode agir pelas minhas costas, também encontrar um meio de ir embora."

O motorista prontamente o fez, lançando um olhar preocupado para a jovem quando ela desceu sem olhar para trás.

Em silêncio ele seguiu e deixou Miranda na porta de casa. Ela saiu do carro antes mesmo de parar por completo, entrou e bateu a porta da frente com força.

A casa parecia sufocar.

Olhou para onde sua foto com Andrea foi tirada, para o lugar onde brigou com ela pela última vez. Ver a morena foi inesperado de tantas formas. Foi torturante sentir o coração acelerar e não poder tocar na causa de tamanha reação.

Ciente de que as gêmeas não voltariam para casa por hoje e que definitivamente não iria para o escritório, Miranda precisava respirar. Decisão tomada, ela pegou as chaves do carro e foi para a garagem. Em menos de um minuto estava acelerando, sem destino, pelas ruas de Nova York.

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⏰ Última atualização: Apr 04 ⏰

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