Capítulo 1

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                          MARCELA

Entro no grande auditório do hospital e vejo todos os meus companheiros de trabalho ali, alguns me olham com raiva, outros com pena e outros mantém suas expressões neutras. Me sento na cadeira solitária e fria em frente de uma grande bancada de madeira. Olho para a porta no canto direito da sala quando ouço o barulho dela abrindo e um homem alto passa por ela, em seguida um senhor, uma mulher toda tatuada e...

-Teu! Sussurro com um bolo na garganta ao vê meu irmão ali depois de tanto tempo, mas seu olhar frio e distante sobre mim quebrou algo dentro do meu peito e ali eu soube que novamente estaria sozinha para enfrentar o mundo.

Continuo a olha-lo e ele desvia seu olhar como se eu não fosse nada, não consigo mais segurar minhas lágrimas de decepção e dor.

- Então todos sabem quem sou certo?. O homem musculoso pergunta e enquanto todos respondem afirmando eu aceno negativamente.
- Bom para a senhorita Ribeiro que foi a única a negar eu sou Alexander Capolli, esse é meu pai Vicenzo Capolli, minha irmã Gretta Capolli e seu marido Mateus Ribeiro Capolli mais creio que já se conhecem não é senhorita? Afirmo e baixo minha cabeça. - Então senhorita Ribeiro diante a todos os seus colegas pode nos contar o por que matou a senhora Mendoza?.Apoia suas mãos cruzadas sobre a bancada e me olha sério.

Meu peito dói ao lembrar de dona Mendoza morrendo em meus braços.

- Eu não a matei senhor Capolli!. O Respondo chorando e ele me encara profundamente, como se tentasse descobrir se estava falando a verdade ou não. - Eu nunca seria capaz de matar ninguém senhor, eu me formei para salvar vidas e não ceifa- las! Digo quase me engasgando com os soluços, passo a mão trêmula em meu rosto para afastar as lágrimas e a volto para meu colo, a apertando contra a outra na tentativa de me manter mais calma e em nenhum momento desvio meus olhos dos seus.

- Certo! Diz por fim. - Quem era o profissional responsável pela posologia da medicação?. Indaga e aponto para a doutora Benucci.

- Eu passei a dose certa senhor, eu tenho como provar! Se levanta e trás o prontuário que creio ser da senhora Mendoza e entrega nas mãos do senhor Capolli que o verifica por alguns segundos antes de se levantar e vir até mim com a prancheta em mãos.

- Esse foi a posologia da medicação que aplicou senhorita Ribeiro? Pego a prancheta em mãos a verificando.

-Sim! Olho para Benucci que tem um leve curvar de lábios e fica totalmente séria quando o senhor Capolli a encara.- Essa foi a dosagem que coloquei no soro senhor! Entrego de volta para ele.

- Então como me explica no sangue da paciente a dosagem de medicação ser mais alta que a recomendação? Senta novamente em seu lugar.

- Eu não sei, porém essa foi a quantidade que coloquei no soro dela! Digo chorando.

- Senhor! Umas das minhas colegas de trabalho se pronuncia. - Apesar de estarmos trabalhando a pouco tempo juntas posso confirmar com total convicção que a enfermeira Ribeiro é uma profissional competente e bastante cuidadosa em relação as medicação, então acredito que ela não cometeria esse erro grotesco, ainda mais sabendo que podia levar a morte de alguém! Fala e vejo alguns concordarem.

- Mas causou, por culpa do erro que você disse que ela não cometeria! Ele respira fundo. - Vamos analisar todas as provas possível para dar uma punição justa, Ruan a leve para a prisão preventiva!. Fala e um dos seguranças vem até mim segura em meu braço e me puxa em direção a porta por qual eles entraram, estou tão abalada que nem resisto apenas o deixo me guiar pelo extenso corredor ali.

Chegamos em frente a uma porta de ferro e pela primeira vez levanto minhas vistas para olhar ao redor e observando o corredor grande com várias portas de ferro em sua extensão.

Ele abre a porta fazendo um rangido alto ecoar pelo local e me empurrar devagar para dentro, ando em direção a cama de solteiro no canto do quarto e me deito sentindo meu corpo totalmente exausto assim como minha mente, e ali no silêncio daquele quarto quase vazio deixo toda minha angústia sair através das lágrimas abundantes e soluços doloridos

                   ...6 dias depois...

Há quase uma semana que estou trancada nesse lugar, tento me levantar mais estou fraca demais para fazê-lo, sinto as pontadas agoniantes em minha cabeça a fazendo pesar, e sei que é por não está dormindo e nem comendo direto, os últimos dias foram como uma paralisia do sono, as cenas da morte de dona Mendoza me atormenta dia após dia e o desespero me atormenta a cada minuto. O medo de pagar por algo que não fiz me deixa angustiada ao nível de não conseguir nem respirar direito. Sinto uma pontada mais forte em minha cabeça e viro meu corpo de lado.

Ouço a porta se abrir e olho vendo meu irmão parado ali, fecho meus olhos ao sentir uma pontada novamente é a ânsia soberba respiro fundo escutando seus passos se aproximarem e a cama afundar.

- Como você chegou a isso Marcela? Diz se levantando é passa as mãos em seus cabelos em aflição e raiva, minha vista embaça pelas lágrimas. - Matou uma senhora Marcela, uma senhora, Como pode mudar tanto? Berra e fico calada choro meu peito dói demais. - Espero que pague por isso!. Fala e bate a porta de ferro com força ao sair.

- Deus o que eu fiz para merecer isso? Sussurro e minha cabeça a latejar mais forte me tirando um grito e tudo gira ao meu redor, levanto para tentar ir até a porta para pedir ajuda, mas minha vista escurece, e minhas pernas falham fazendo meu corpo bater com força no piso frio e sinto uma dor escruciante, levo minha mão até minha cabeça sentindo algo molhado e ao olhar meus dedos vejo as pontas sujas de sangue.

-Alguém me ajuda por favor! Falo um pouco alto e minha visão escurece aos poucos me desligando do mundo.

Acordo e sinto um latejar em minha cabeça quando abro meus olhos me incomodando com a claridade repentina observo ao redor e vejo esta em um leito do hospital, ouço barulhos de teclas de computador e olho na direção vendo senhor Capolli sentado em uma cadeira digitando freneticamente em um notebook. Tento levantar mas logo a tontura me faz fechar os olhos e sinto mãos grandes empurrar com cuidado meu corpo de volta para cama.

- Não levante! A voz rouca fala suavemente perto de mim.

Olho pra ele e afasto suas mãos, a porta abre revelando Lorenzo que vem até mim com uma prancheta em mãos e me olha chateado e mais algumas pessoas entram também e não faço nem questão em ver quem é, meus olhos ardem pelas lágrimas acumulada e descem devagar pela extensão do meu rosto, desvio meu olhar pelo medo, pois não quero ver seus olhos de acusação sobre mim.

- Olhe para mim Marcela! Diz e nego deixando um soluço escapar, sinto sua mão em meu rosto e suspiro.- Olhe para mim! Manda novamente e o obedeço. - Sabe o quanto estou chateado? você foi negligente com sua própria saúde Marcela, você chegou aqui desacordada com um corte profundo em sua cabeça, os exames constaram baixos nutrientes em seu corpo e fomos informados que não estava dormindo e nem se alimentando direito enquanto estava detida, você sabe o quão irresponsável foi? Principalmente por que você saiu a pouco tempo de um tratamento de Câncer, sabe o quanto uma vida saudável é importante para você?.Diz bravo e o olho.

- Como eu poderia fazer isso Lorenzo? Olha a situação que estou, estou sendo acusada por algo que não foi minha culpa! Digo a ele chorando e ele se aproxima segurando minha mão a apertando.

- Calma! Fala baixo.

- Por que está fazendo isso? Perguntei chorando. - Por que está cuidando de mim? Indago a ele desviando meus olhos dos seus.

- Eu estou cuidando de uma amiga que está passando por uma situação difícil! Choro mais ainda. - Eu acredito em você Marcela, acredito que não tenha matado minha mãe, pois a conheço o suficiente para saber que é incapaz de fazer esse ato horrível!.

- As pessoas mudam!digo a mesma frase que meu irmão falou para mim.

- Sim as pessoas mudam mais os olhos não, eu vejo seu sofrimento Marcela, vejo o medo e o desespero em seus olhos o desespero para que alguém acredite em você, e eu acredito! Enxuga minhas lágrimas enquanto respiro com dificuldade, minhas mãos tremem freneticamente, ele coloca uma máscara de oxigênio em mim e aos poucos meu corpo vai relaxando me levando a inconsciência.

Ao fundo pude escutar um pedido de perdão do meu irmão.

O cunhado do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora