Aos poucos meus lábios vão descolando-se do de Jisoo quando a porta abre abruptamente, revelando Jennie com os olhos arregalados.
As mãos de Jisoo, que estavam em minha cintura, vão afastando aos poucos. E meu coração acelerar com a ideia do que Jennie está pensam. Não sei o porquê estou tão preocupada com isso.
— É melhor você ir, Jisoo — Sussurro em seu ouvido, no entanto, no silêncio em que está a sala, sei que Jennie também escutou. Jisoo apenas afirma com a cabeça e sai.
Jennie ainda está parada em frente a porta, com a mão na maçaneta, e eu não sei bem se ela está recuperando-se do que viu ou se espera uma confirmação para entrar.
— Jennie, me desculpa pelo, o que você viu.
— Não precisa me dá detalhes da sua vida pessoal — Retruca fria, e agora a porta atrás de si já se fechou.
Jennie anda em passos silenciosos até o sofá divã, onde ela senta, ficando com a postura largada, enquanto isso eu tento tirar o meu batom em que Jisoo fez questão de borrar.
— Podemos começar? — Pergunto e sento de forma habitual na poltrona a sua frente, e torço para que ela tenha apagado aquela cena da sua memória.
Como sempre, não tenho uma correspondência da parte de Jennie, e sem tirar os olhos dela, escorrego minhas mãos até o bolso da minha calça, pegando meus óculos.
Suas pernas estão inquietas, e seu corpo balança para trás e para frente, ela está incomodada com algo e eu sei que não é com o beijo que dei em Jisoo.
Quando seus lábios ficam entre-abertos, penso que ela falará algo, e sua voz não sai, isso causa frustração nela e até mesmo em mim.
— Que tal você me contar um pouco sobre você, Jennie? — Sugiro e ela fita-me com um olhar que eu sei o que quer dizer.
Lá dentro habita uma pessoa vazia, podendo conter um abismo. Mas até mesmo os mais profundos abismos conseguem ser interessante.
Jennie gira suas, lumes por toda sala, qualquer ponto que não seja o meu, ela vai perdendo-se em cada detalhe do ambiente, e quando se dê conta, já esqueceu que eu estou sentada a sua frente, esperando pacientemente.
Tive que aprender a ter paciência quando comecei a lidar com diferentes seres humanos, todos têm sentimentos, emoções, e acredito ser isso que nos torna, difícil. Porque não somos máquinas, embora a maioria das pessoas queríamos que fôssemos.
Cruzo minhas pernas, aguardando o momento em que ela vai continuar esse diálogo, não posso só empurrar seu trem pelos trilhos se ela também não fizer um esforço.
E como sempre seu olhar queima sobre mim, é indecifrável, ele é a única coisa que não consigo decifrar, embora ele tenha dado alguns sinais. A esse momento tenho a certeza que Jennie que pular em meu pescoço, porém isso não parece ser do seu feitio.
Se algo a incomoda, ela não fala. E parece simplesmente guardar para si, e são exatamente essas pessoas que sabem especificamente o verdadeiro significado de solidão.
— Antes... De eu me tornar uma pessoa deprimente, eu… eu — Jennie suspira pesado, descarregando naquele ar todo o seu medo. — Eu não consigo fazer isso.
Seu corpo inclina-se para frente e desconfortável ela levanta do sofá, ficando parada em frente as pratilheiras.
— Está tudo bem, eu vou esperar até você conseguir. — Afirmo, e Jennie cruza os braços, andando de um lado para o outro, como se um buraco fosse abrir-se no chão.
Seus passos são pesados e impacientes, sua cabeça está baixa e suas sobrancelhas franzidas.
Os sapatos calçados em seu pé que antes não faziam barulho, agora fazem e mesmo sendo causadores de ruídos para os meus ouvidos, não deixo transparecer.
Queria poder ter telepatia com a mente de Jennie, para saber o que passa-se em sua cabeça, será que é tão imenso assim que se eu conhecer pelo menos uma parte sua, ficarei perdida?
— Por que você é assim? — Jennie questiona, e eu a olho confusa.
— Assim como?
— Compreensível.
— Por acaso isso é um elogio, Jennie? — Acabo de deixá-la constrangida, e não era bem essa a minha intenção, só queria descontrair o clima tenso.
Ela não nega e nem afirma, então deixo como uma pergunta vaga, sobre uma nuvem que se faz naquela sala.
Minha sala nem é tão pequena assim, ainda contêm espaço, porém toda vez que olho para as paredes, tenho a sensação que elas nos aperta mais e mais, prestes a esmagar eu e Jennie.
Se bem que ela não ligaria muito se fosse esmagada.
— Antes de tudo eu era psicóloga e por favor não me faça mais perguntas que eu não vou responder. — Ela despeja tudo de uma vez, e tudo o que eu consigo fazer é balançar a cabeça e dizer "Uau".
Quero fazer tantas perguntas, entre uma delas, é "Por que você parou de atuar na sua área?. Mas eu já tenho a resposta. Meu rosto fica pálido e eu olho para meus próprios pés, como uma pessoa ansiosa, como uma mente ansiosa.
E o que não transforma as pessoas em perfeitas, é não saberem lidar com os seus próprios sentimentos. No entanto, eu não sabia lidar com a culpa, culpa que nem é minha, mas por algum motivo, eu resolvi tirar um pouco das costas de meu pai.
— Jennie, por favor, vem aqui — A chamo, e ela descruza os braços, gravando seu olhar na minha direção.
Ela gira seus calcanhares, e eu espero que Jennie caminhe logo pela sala, e nada disso acontece, pelo ao contrário, seu contato visual foge de mim, e eu não entendo bem todas às vezes que ela tem essa reação.
Suponho que ela queira testar-me quanto tempo vou esperar, mal sabe ela que não tenho nada melhor do que ficar aqui esperando-a vim na minha direção.
E provavelmente alguns diriam, que vida de merda você tem, Roseanne.
Então em poucos minutos em começo compreender seu comportamento, Jennie não quer que eu a espere, porque em sua cabeça, eu vou perder meu tempo a esperando. Contudo, eu não ligo para o tempo, ele que deveria temer-me.
Assim que ela percebe que não vai atingir seu objetivo, cerra seus dentes e tem uma sudorese de leve, andando contra sua vontade até mim.
— Está com seu celular?
— Nunca trago para as sessões — Então eu olho em volta, procurando qualquer coisa em que servisse para ser escrita, porém, nada, e pelo menos encontro uma caneta.
Vou guiando minha mão até de Jennie, e com um toque delicado, eu puxo sua palma da mão, e ela não sente medo ou muito menos afasta-se, pois tenho cautela. E por conseguinte, escrevo meu número de celular na palma de sua mão, e Jennie agita levemente sua cabeça.
— Adiciona meu número quando chegar em casa, e me manda um "Oi". Já adianto que vou te convidar para ir na minha casa, e não é com segundas intenções — Antecipo-me, antes que Jennie tenha mais uma impressão errada de mim. — É só pra eu te conhecer melhor... E ajudar nas sessões — Acabo embolando-me na minha própria fala, e Jennie não diz nada, além de concordar e sair pela porta.
Eu soube desde
a primeira vez que te vi
que corria o risco
de te querer
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O Que Tem Por Trás Da Chuva? - Chaennie
FanfictionApós uma ocasião desastrosa na vida de uma ex-psicóloga. Jennie desenvolveu Pluviofobia, um medo recorrente da chuva, trancando-se em casa nos dias chuvosos. E também foi diagnosticada em um quadro de depressão. Dentre isso, ela se vê deprimida em u...