Já faz cinco minutos (tempo em que contei no meu relógio de pulso) que eu fito a mensagem com os olhos esperançosos que Jennie responda:
[15:00]
Jennie, podemos conversar?
Começo a roer as unhas, talvez ela nem chegue a ler a mensagem, já que faz pelo menos duas semanas que não temos nenhum contato.
Aposto que Jennie está fazendo algo melhor, que ela já esqueceu das nossas conversas silenciosas, e que eu abri meu ateliê (coração) para que ela se conhece parte de mim, que me explorasse, que se navega nas minhas ondas oscilantes como naveguei nas suas.
Da janela eu enxergo o pequeno pé de ameixeira que floresce. " Eu plantei só para você, Jennie". E não teve tempo de você apreciá-la, porque a rego todos os dias, como eu queria regar o amor no seu coração.
Droga… Por que ela não entende que eu a quero? Ela acha-se tão insuficiente para ser amada?.
Eu não tenho controle do que sinto mais, porém eu gosto de sentir esses sentimentos, de estar com a Jennie, mesmo que seja em silêncio, porque, no silêncio que a amo cada vez mais.
Não éramos para ter ultrapassado o amor.
Volto a atenção a tela em que está o seu contato, ela somente leu, e eu anseio por uma resposta rápida, mesmo assim espero, como eu fiz desde do dia que a conheci, deixando que as coisas fossem no seu tempo, que ela se encaixa eu na sua vida aos poucos, devagar.
[15:10] Jennie Singular
Na sua casa?
[15:11]
Isso!
Prontifico-me em digitar rápido, para que ela não mude de ideia, após a última mensagem Jennie não respondeu, e com a mente cheia de incertezas, tenho a dúvida se ela realmente virá?.
Deixo o celular cair na minha barriga, e encosto a cabeça no estofado do sofá, mordendo o lábio, enquanto pego o controle procurando por algum canal que me distraía dos meus pensamentos.
Eu queria fugir de todos eles, escolhendo não lidar com emoções, e a televisão não é suficiente para ajudar-me a fugir da realidade.
Na verdade, eu só quero fugir da afeição por Jennie, que ganhou um grande espaço onde não deveria.
Os minutos a seguir são torturantes, não tenho nenhuma confirmação que ela vai aparecer, e isso frustra todas as minhas expectativas, principalmente quando tenho que contar a verdade.
Que ela gastou boa parte do seu tempo convivendo com a filha do assassino que matou sua filha, em seu lugar eu não reagiria de uma forma melhor, a não ser o estrangular e o fazer pagar tudo que fez. A propósito meu pai já está pagando, degradando-se todos os dias aos poucos em um quarto de hospital.
Depois do dia do acidente, meu pai desenvolveu pressão alta, o que desencadeou sua insuficiência cardíaca e o levou a um leito de hospital, ele ia e vinha para casa, até que definitivamente o hospital virou sua hospitalidade temporária.
— Ding- Dong — Levanto abruptamente do sofá quando a campainha toca, que minha cabeça chega a tontear.
Esse é o momento em que fico parada, sem esboçar reação, embora eu sei o que devo fazer, sinto uma pontada de medo do que vou encontrar quando abri a porta e olhar para seus olhos.
Nos meus, talvez ela veja a decepção estampada.
Percorri até a porta, segurando a mão na maçaneta, debruçando meu corpo sobre a madeira gelada, e era inexplicável como eu conseguia sentir seu calor através de uma simples porta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Que Tem Por Trás Da Chuva? - Chaennie
FanficApós uma ocasião desastrosa na vida de uma ex-psicóloga. Jennie desenvolveu Pluviofobia, um medo recorrente da chuva, trancando-se em casa nos dias chuvosos. E também foi diagnosticada em um quadro de depressão. Dentre isso, ela se vê deprimida em u...