A cor preta está associada à escuridão, falta de luz, cor da noite, da tristeza e do sofrimento. Tudo ao redor era preto, desde das nuvens carregadas no céu, até as roupas que as pessoas em volta usavam.
Eu já não tinha mais lágrimas para derramar, e um óculos escuro dispitava as minhas orelhas e olhos inchados.
Jennie estava ao meu lado, com nossas mãos entrelaçadas, não dizíamos nada, porém eu amo esse silêncio, e sinto-me reconfortada com a forma em que ela acaricia minha mão com o polegar, mesmo que seu olhar esteja tão distante de mim.
Mais a frente está minha mãe, ajoelhada ao chão, enquanto chora na lápide do meu pai, escrita " Filho, esposo e pai. Para sempre em nossos corações".
Ela agarra o próprio vestido preto, chorando desesperadamente, no entanto eu só a observo, através de um óculos que esconde todas as minhas expressões.
Alice, finalmente veio ver papai, depois que ele morreu, dessa vez ela não está presente de seu marido babaca e sem escrúpulos, nem mesmo mamãe sabe que ela veio, isso porquê minha irmã assiste tudo de longe, somente eu a vi.
E no momento que meu olhar decepcionado perfurou o seu, ela apenas abaixou a cabeça, escondendo-se através de um chapéu, caminhando em passos apressados até a saída.
Tenho o presentimento que aquela foi a última vez que a vejo.
Uma pessoa aproxima-se por perto, e quando olho para trás é Lisa, que susurra algo no ouvido de Jennie, que chega a espantar-se com a presença de sua amiga alí, como se não se vissem a um bom tempo.
— Meus pêsames, Roseanne. Preciso falar com a Jennie um pouquinho — Explica, já puxando Jennie pelo braço.
— Está bem — Assim que concordo, minha mão que estava entrelaçada a de Jennie, soltam-se e me sinto desprotegida, ela apenas lança um olhar como quem diz " Voltarei logo".
Aos poucos as pessoas vão embora, não que fossem muitas, no final da vida sempre acabamos sem ninguém, ou talvez fosse apenas o Karma do meu pai.
Depois de muito tempo desabando em choro, minha mãe levanta-se, assoando o nariz com o lenço que carrega em suas mãos, causando uma coriza na região. Seu chapéu grande espeta em minha testa á medida em que ela apoia uma de suas mãos em meu ombro, dando batidinhas, então entendo que aquele é o momento meu e do meu pai.
— Eu já vou indo, te espero no carro — Minha mãe avisa, com a voz frágil, e sai fungando.
Agacho-me, ficando na altura certa da lápide, enquanto passo a mão pela mensagem escrita.
— Oi, papai — Não consigo conter o choro, e tiro o óculos que revela as lágrimas que escorrem molhando seu túmulo. Em volta tem algumas flores, e por incrível que pareça elas não tem cheiro perfumado, e sim, de terra, umidade e morte.
Vivemos tanto uma vida, para no final acabarmos a sete palmos do chão, deitados em um caixão frio, sem um mínimo agradecimento por ter vivido.
A vida é uma merda.
— Eu sinto muito.
Uma culpa foi descarregada das minhas costas, já que eu não tenha sido uma assassina, mas o meu pai foi. As coisas poderiam ter sido diferente, porém se ele tivesse uma chance de voltar atrás, cometeria o mesmo erro, pois estaria pensando na nossa família.
— Aceita um cigarro? —Uma mão toca em meu ombro, estendendo um cigarro na minha direção, eu reconheço esse cheiro, aquela voz, de longe.
— Eu não fumo, Jisoo — Exalto meu tom de voz e ela leva as mãos ao alto, como : " Não está mais aqui quem falou".
Vendo que não estou mais sozinha, volto a posição normal, em que vejo Jisoo com um cigarro na boca e o seu péssimo ato de fumar. Ainda não sei como ela está viva.
Jisoo percebe minhas orelhas fundas, assim como meus olhos vermelhos, então meio constrangida levo os óculos de volta ao rosto.
— Você não tem nada para esconder — Fala, e sem importa-se, joga os óculos longe, e eu bato em seu braço, porém ela não mexe-se, só sorri provocativa.
Quando seu cigarro está no fim, ela o joga na terra, pisando em cima, e logo após usando seu isqueiro para acender outro, meu perfume acaba misturando-se com a fumaça do maço do seu cigarro.
E fica um cheiro de morango e cigarro pelo ar do cemitério.
— Você está trepando com outra? — Pergunta, soltando a fumaça pela boca.
— Jisoo! — A repreendo, e ela sorri com o cigarro entre os dentes, e puxa-me para um abraço em que apoio a cabeça entre seu peito.
Entendo a sua pergunta, desde que me resolvi com Jennie, não tenho a procurado, e eu entendo esse sentimento de ter sido trocada e usada, ou talvez não, já que eu não faço partes de sua mente para entender seus pensamentos.
— Ela se chama, Jennie.
— Ah, Claro. A Jennie — Diz, balançando a cabeça, provavelmente recordando do dia em que ela nós flagrou aos beijos.
Continuo inalando aquele cheiro de cigarro que está em toda parte, e finalmente Jisoo para com o seu vicio, guardando a caixa de cigarros em seu casaco, logo após tossindo.
Eu espero que ela aprenda a cuidar-se sozinha.
— Tenho que ir. E se essa Jennie te machucar, eu prometo que arrebento ela — Anúncia, o que me faz sorrir, e logo após Jisoo já está longe indo embora também.
Após um tempo, Jennie volta, ela parece mais feliz, embora ela não esboça nenhum sorriso, suas mãos estão pelo ar livre, e ela as balança, em movimentos como fosse dizer alguma coisa, mais não diz.
Seu nariz enruga pelo cheiro forte de cigarro, e até mesmo eu repúdio àquele odor, sempre quando eu vê cigarros e fumaça, vou lembrar de Jisoo, ou vai ser que ela esteja por aí.
— É nossa vez de ir — Jennie, fala. Girando suas íris pelo o lugar e vendo que o cemitério já estava quase vazio, exceto por uma senhorinha mais a frente.
Eu agarro em seus braço, e deito minha cabeça em seu ombro e antes de irmos, susurro em seu ouvido :
— Eu te amo.
Não obtenho uma resposta e possa ser que não a tenha agora, pois Jennie tem o seu tempo, e com ela eu aprendi a esperar. Porém quando já estamos fora do cemitério, em um murmúrio ela corresponde com um " Eu também".
Para todo o fim tem um começo, e para todo o começo tem um fim.
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Sei que sou suspeita para falar,mas... Eu estou em lágrimas!
Sério, eu amei demais escrever essa fic, o desenvolvimento da Rosé e da Jennie, eu vou levar cada pedacinho dessa estória comigo e espero que vocês levem também.
— Um beijo estrelado da sua autora
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O Que Tem Por Trás Da Chuva? - Chaennie
FanfictionApós uma ocasião desastrosa na vida de uma ex-psicóloga. Jennie desenvolveu Pluviofobia, um medo recorrente da chuva, trancando-se em casa nos dias chuvosos. E também foi diagnosticada em um quadro de depressão. Dentre isso, ela se vê deprimida em u...