Odeio Segunda

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Oie, Darling's. Postando em um horário fora do comum, porque meu curso começou hoje e voltei um caco. Então vão se acostumando porque as postagens serão a noite agora.

É isso. Um beijo estrelado ⭐😙

Por que eu não morri?. É tudo o que tem perturbado minha cabeça desde ontem, quando sai do hospital. Misturei antidepressivos com álcool e merda nenhuma aconteceu além de uma overdose.

Parte disso é culpa de Roseanne, mas por algum motivo, não consigo sentir raiva dela.

— Você quer conversar? — Lisa pergunta, sentando-se ao meu lado no sofá. E agora terei que conviver com ela pelo menos por algumas semanas, até meu pai voltar. E eu nunca tive que sobreviver no mesmo teto que Lisa, exceto quando dividíamos o quarto na faculdade.

Seus dedos passeiam pelo encosto, e isso deixa-me impaciente, é como se ela estivesse cobrando-me uma resposta rápida, e isso eu não posso a oferecer.

Porque ninguém entende que eu tenho meu tempo, ninguém além de Roseanne, que sempre está esperando-me com calma, que me sinto até mal de fazê-la esperar tanto assim.

Experimento novamente ser uma bagagem pesada para Lisa, uma bagagem em que falta a alça e ela tem que carregá-la nas mãos. Há cinco anos Lisa teve a oportunidade de livra-se de mim, e ela escolheu ficar por uma amiga problemática.

Eu empato sua vida, Lisa. Será que só você não percebeu?.

Quero tanto em que ela seja desperta agora, que se toque que está perdendo seu tempo e que saia pela aquela porta.

— Eu sou um fardo pra você? — É evidente que não era por esse retorno que ela esperava, e pego Lisa desprevenida, que ajeita sua postura no assento.

Não quero que me ajudem a fugir, quero que me matem, porque eu sou apenas uma aberração, e todos os dias parasitas consomem minha mente, porque os pensamentos suicidas tem um grande espaço na minha cabeça.

Nunca consigo desarmar a granada, porque antes mesmo das minhas mãos alcançarem o pino, ela já se explodiu.

E o que meu pai e Lisa não fazem questão de entender, é que virei escrava dos meus próprios pensamentos, e é frio aqui dentro, é torturante, pois toda vez que acho a saída, uma luz apaga-se e mais uma vez eu fico no escuro.

Por que veio, Lisa? Você sabe que deveria ter ficado.

— Claro que não, Jennie. Você não é um fardo pra mim. 

Tenho a impressão de que a vida de Lisa é deplorável, e como ela própria não consertou suas engrenagens, está tentando concertar as minhas, mas deixar-me de molho no álcool isopropílico, não vai ajudar.

— Aposto que tem coisa melhor pra fazer do que passar os seus dias com uma pessoa deprimente. — Gasto todo o ar dos pulmões para falar aquela imensa frase.

Penso que estou bebendo cloro puro, pois sinto meus olhos queimarem e um desconforto no peito, em contrapartida, esses desconfortos são causadores dos mirantes de Lisa, que transparecem pena

E se eu perguntar porque ela me enxerga com pena, irá mentir, do mesmo modo que ela mentiu quando perguntei se eu era um fardo.

— Você não é deprimente, Jennie.

Não é o que meus olhos fundos e ombros caídos revelam, dentro de mim é tudo vazio, se você gritar será possível ouvir o eco, mas eu não vou  escutar.

Seguidamente, desvio meu olhar para a porta, porque eu acredito que é mil vezes melhor encarar algo abstrato do que Lisa. Já ela, mantém-se ao meu lado, quieta, porém nós duas sabemos que as vozes da sua cabeça estão a incomodando.

Já é segunda, e particularmente eu sempre odiei segundas, é o dia da semana em que você percebe em que dias, meses e anos vão estender-se longamente. E isso é medíocre. Segundas-feiras são medíocres.

Eu a odeio mais agora, por estar a caminho da psicóloga, enquanto Lisa está com a música do carro no alto, e principalmente fazendo perguntas indecentes da qual eu me recuso a responder sobre Roseanne.

Nota mental: A música muda as pessoas, e para Lisa, é de um modo ruim.

— Ela é gostosa? 

Pelo som alterado, finjo não escutar e colo minha cabeça na janela, não é como se eu reparasse no corpo dela, sou movida a personalidade.

Deixo Lisa falando sozinha, mas o som da sua voz, com a música, perturba minha cabeça e eu solto uma respiração profunda. Por conseguinte, levo a mão até o som o desligando, e Lisa reclama bufando.

— Ah, não, você é muito careta, Jen. — Dou de ombros para seu comentário, agora Lisa aparenta ser infantil.

Virando a próxima rua, ela estaciona o carro em frente ao consultório, desligando o automóvel. Lisa faz gesto de que vai sair do carro, mas eu a puxo pela camisa de volta ao banco.

— O que acha que está fazendo?

— Vou entrar com você — Responde como se fosse o óbvio.

Na minha primeira consulta, algumas semanas atrás, eu até imploraria para que alguém entra-se comigo, todavia, quando se cria dependência, já tem a chave para a liberdade.

— Não precisa, fica aqui. Você vai me fazer passar vergonha — Revelo, e Lisa finge está ofendida, e por seguinte, um sorriso malicioso cresce em seus lábios, eu sei o que ela está pensando, que eu quero a atenção de Roseanne somente para mim.

Contudo, eu realmente não me importo.

Não foi preciso eu esperar como dá última vez, entretanto, sinto-me nervosa à medida que minhas mãos transpiram, perco até mesmo as reações do meu próprio corpo, e paraliso diante a porta, suspiro aliviada por ela está fechada, caso contrário Roseanne presenciaria aquela cena.

Com o peito estufado e o queixo erguido, abro a porta de supetão, e arrependo-me na mesma hora.

Lá estava Roseanne, beijando uma mulher em frente a porta, algo dentro de mim revirou-se e fez meu estômago balançar.

Achei falta de profissionalismo, mas não foi bem isso que me incomodou e eu não admitiria o que era.

Definitivamente, eu ainda odeio segunda.

A lua é capaz de fazer 
maré no mar manso
minha querida
eu sou o mar manso 
e você é a lua

O Que Tem Por Trás Da Chuva? - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora