Dois de copas.

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Célia.

7 de janeiro de 1890.

Já eram duas da tarde e tinha que ser discreta ao sair de casa, por isso, chamei Elenor para ir comigo

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Já eram duas da tarde e tinha que ser discreta ao sair de casa, por isso, chamei Elenor para ir comigo. Mesmo sendo a favor da ideia de casamento, ela achou errado o que nosso pai havia feito comigo. Saímos dizendo que iriamos pegar mudas no parque, mas apenas nós sabiámos onde iriamos. Ao chegar no parque, Elenor me disse para que eu não demorasse muito, ela ficara sentada com suas amigas que encontrou por lá e eu segui andando até ver Arthur, que sorriu e acenou para mim. Ele me deu o braço e eu o segurei.

— Não queria deixar-te esperando, perdão.
— Não foi nada. Como se sente hoje?— ele indagou.
— Péssima, o meu pai me arranjou um casamento. Eu nem o conheço direito, ele me olha de forma ruim.
— Quer dizer que eu devo desistir de você?

Quando eu ouvi a essa pergunta, paramos de andar. Eu fiquei pensativa. Era mais vantajoso se o meu pai não arranjasse o casamento com Bernard, com certeza eu seria mais feliz sozinha. Mas também tem o Arthur. Apesar de ter o conhecido ontem, ele me causava sensações bonitas, ele me respeitava, ele sim sabia como tratar uma mulher. Tudo nele me atraía. Eu gosto dele.

—Por favor, não desista de mim.— eu o respondi.— Só de olhar para ti, eu sei que daríamos certo.
— Tu achas?
— Eu... Tenho certeza.— eu dei um sorriso para ele e o meu coração palpitou forte.

Tenho certeza que o que eu disse não foi da boca para fora. Arthur chega próximo de mim e sem avançar, ele apenas me olha nos olhos. Um olhar simples e honesto de quem queria apenas a verdade, de quem tinha sentimentos genuínos.

— Eu quero que dê certo.— ele me diz.

Arthur não tentou me beijar, ele não me via com malícia e apenas passamos a andar lado a lado para que ninguém pensasse mal algum de nós. Ele apenas me olhava com aqueles olhos azuis discretos e misteriosos. Sempre dizem que os olhos são os espelhos da alma e, de fato, eu concordo plenamente. Antes de ir embora, ele segurou a minha mão e tirou de seu bolso um pequeno livro de Shakespeare.

— Para a dama mais linda. — ele me disse.
— Eu fico agradecida, Arthur. — dei um sorriso.
— Sentirei a tua falta, minha amada. Quando podemos nos ver?
— Te mandei uma carta. Assinarei com o pseudônimo de "Lady Mckay".
— Esperarei com o coração.

Assim que ele diz, eu dou um sorriso e procuro por Elenor que estava aflita. Pegamos uma carruagem e tentei tranquilizar a minha irmã, mas ela parecia com medo de alguém ter descoberto que saímos sem a permissão. Assim que chegamos, optei por irmos até o jardim, para que ninguém soubesse que saímos de nossa residência e assim fizemos.

— O papai brigará conosco. — disse Elenor.
— Pouco importa, se perguntarem nunca saímos daqui.
— Você acha que nossos pais descobriram este romance?
— Arthur é um bom moço, ele irá falar com nossos pais e irá impedir o meu casamento com Bernard.
— Eu espero. Sabe, acho melhor você se casar com quem ama. — ela diz.— Espero que eu me case com quem amo.
— Você só tem quinze anos, ainda haverá de amar alguém e alguém te amará.

Naquele momento em que estávamos distraídas no jardim, papai chega e nos encara com fúria nos olhos. Nos levantamos ficamos em silêncio até que ele pergunta:

— Onde estavam? Já procuramos as duas por este jardim e não estavam aqui antes.
— Colhendo flores. — respondeu Elenor.
— Eu não nasci ontem.— papai diz.
— Elenor estava aqui, mas eu não, papai— fui sincera.
— E onde tu foste? — ele pergunta.

Naquele momento suspirei e senti o meu rosto corar. Não fugiria do que fiz e nem dos meus sentimentos que sentia por Arthur. Tomei fôlego e foi ali que percebi que sentia afeição por ele. Papai ainda esperava por uma resposta e quando ele perguntou pela segunda vez eu decidi o responder.

— Fui falar com o homem que eu gosto, que eu gostaria que fosse meu noivo.
— Bernard? — ele pergunta.
— Não, Arthur Thompson.

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