Relato.

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Amanda.

O que grande parte das pessoas não te contam é que quando você passou por um relacionamento abusivo, parte de você entra em negação de tudo o que você passou com a pessoa. Você não entende porquê aquilo aconteceu em você.
Viajamos até a Austrália por horas, iríamos para o hotel que o primo de Scarlett era dono, mas de lá iríamos urgente para a delegacia prestar um boletim de ocorrência. Assim que chegamos no hotel, Tom pediu para que eu contasse a história para que ele pudesse gravar um áudio e enviar para um amigo que morava pela região. Novamente, eu fiz isso. Sem excluir principalmente as partes dolorosas.

Assim que acabei o meu relatos, fomos para a delegacia fazer o boletim de ocorrência.
A noite lá estava agitada. O delegado estava agitado com seu copo de café em mãos e o escrivão lançou um olhar para o nosso grupo de quatro de pessoas, avisando sobre a nossa presença para o seu superior que pediu para nós entrarmos.

— Um prazer lhe ver, senhor Wiley! — disse Scarlett. — Temos uma denúncia para fazer.
— Prossiga. — diz homem, provavelmente o delegado.
— Eu queria denunciar o meu ex noivo, Charles Copper. — eu o disse. — Violência física, psicológica.
— Vamos lá. — O delegado pareceu interessado em registrar o boletim.
— Conheci Charles no ano de dois mil e treze e começamos a namorar em dois mil e quatorze. Aparentemente, ele era "o cara" perfeito e aí começaram as ameaças psicológicas. Eu havia desconfiado de uma amante e eu ameaça terminar o relacionamento, porque já não me fazia mais bem. Um dia eu segui ele, depois do serviço e eu vi os dois. No dia seguinte ele foi a minha casa, isso se passou em dois mil e dezessete, e eu o confrontei. Tivemos uma briga horrível e ele me bateu forte, segurou o meu pescoço e me deixou sem ar, deixou hematomas.
— Você denunciou ele? — o escrivão me questionou.
— Não... A mãe e o pai dele me subornaram.— eu fiz uma pausa e suspirei, me segurando para não chorar. — Depois do suborno, demorou um pouco e ele se desculpou, me convenceu e "provou" que havia mudado. Em dois mil e vinte decidimos morar juntos, dar um passo à frente e foram os piores anos da minha vida.

Meus olhos marejaram e Tom apertou o meu ombro de forma cuidadosa. Me senti mais segura para prosseguir contando a série de fatos.

— Noivamos no ano passado, mas isso não apagou o fato do que acontecia. Ameaças de morte, brigas, hematomas, socos, tapas e assim por diante, e ele me convenceu a largar o meu emprego de psicóloga. Cada vez que ele se desculpava piorava e teve um fato que me fez o deixar, foi a gota d'água. — meus olhos já estavam bem vermelhos, devido ao choro. — Eu descobri eu havia descoberto no mês passado, em janeiro, que estava grávida, mas eu queria fazer surpresa. Numa ida ao shopping, vi ele e outra mulher loira. Eu fui para casa aos prantos e quando ele chegou o confrontei Charles. Ele parecia descontrolado e estava com seu cinto em mãos. Ele me bateu.
— Com o cinto? — questionou o delegado.
— Sim. Ele me bateu tanto que eu perdi o bebê e depois me levou para o hospital. O meu filho morreu em meu ventre. — solucei e tentei prossegui. — Eu decidi não ficar mais com esse monstro, não queria mais aquilo na minha vida e não poderia me casar com ele. Eu o deixei na semana passada, no começo de fevereiro.
— Está tudo anotado. — disse o escrivão.
— Mandaremos uma intimação para ele comparecer aqui, sugiro que volte amanhã. — diz o delegado. — Informe o seu nome.
— Amanda Sanchez. — o respondi.

Assim que terminei o meu B.O., Scarlett começou a resolver o que iria fazer com Charles e conversou com o delegado. Desse modo, eu, Chris e Thomas fomos para fora da sala. Bebi um gole de água para que pudesse me acalmar, suspirando fundo.
De alguma forma, eu senti um peso sendo liberado de meus ombros e me senti mais leve. Chris deixou o local para falar com Scarlett e fiquei ali com Thomas, olhando para ele e tocando em seu ombro.

— Obrigado por ter me influenciado a falar o que aconteceu.
— Não é preciso agradecer.— ele me responde em seguida.

Depois de um tempo, noto um homem entrar na delegacia de forma ferroz e praticamente avançar em mim, mas Chris chegou perto dele e o segurou e Tom se inseriu em minha frente, me protegendo da situação.

— O que diabos você disse? E porque chegou uma intimação para mim? —gritou Charles.
— Talvez porque bater em mulheres é crime, idiota.— respondeu Tom.
— O que está acontecendo nessa delegacia?— pergunta o policial olhando para todos ali.— Você, rapaz, está se comportando como um animal. Vá até a sala do delegado Wiley, dê o seu depoimento e caia fora daqui.

Ele olhou para Charles, referindo-se à ele até que o mesmo foi até o delegado e em seguida olhei para Tom, tocando em seu ombro. Eu não conseguia falar nada e Tom gentilmente me abraçou.

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