Por um mês inteirinho, eu vivi um sonho. Foram, sem sombra de dúvidas, as melhores férias da minha vida.
Eu e Rosa tínhamos uma cidade inteira para explorar, e nós mesmas também.
Ela me encaixou na rotina dela, e eu a encaixei na minha. Andávamos de mãos dadas pelas ruas, visitávamos museus com frequência e volta e meia Rosa depositava um selinho nos meus lábios. Tudo parecia tão simples e fácil quanto uma música da Anavitória.
Era como se o planeta Terra fosse só nosso, e todas as outras pessoas eram apenas figurantes.
Mas, em literalmente um dia, tudo foi ralo abaixo.
Tudo despencou.
Tudo deu errado da pior forma possível.
E eu odeio admitir que eu que causei a maior parte dos problemas.
Primeiro de agosto, primeiro dia de volta às aulas.
Assim que adentrei a escola avistei Rosa virando o corredor acompanhada de Luíza Pavarotti e Yasmin Bravado. Sim, Luíza e Rosa voltaram a ser amigas depois de muitas conversas e longas noites trocando mensagens.
Nossos olhares se encontraram, e a expressão dela estava fechada. Seus olhos, que antes eram cheios de afeto, agora me mostravam apenas alguma espécie de raiva que nunca me foi direcionada antes. Ou, pior: decepção. Algo se revirou no meu estômago, um medo crescente e desenfreado que me causou até certa estranheza. É muito louco como nossas emoções se manifestam de forma física quando muito intensas. Nosso olhar durou pouco, uma vez que ela encarou os pés, e em seguida o teto, como se não conseguisse olhar para mim por mais de um segundo sequer.
Luíza, que estava ao lado dela, passou um braço pelos seus ombros e me lançou um sorrisinho debochado como quem diz ''Quem é que se ferrou no final, hein?''.
Respirei fundo, tentando não chorar, e fiz meu caminho até o armário com os olhos grudados no piso já muito gasto da escola. Avistei Pedro pegando alguns cadernos em seu próprio armário e levantei um pouco a mão, meio incerta, para acenar para ele.
Ele me viu, mas apenas fechou o armário com mais força do que o necessário e saiu andando. O som fez com que eu encolhesse os ombros e uma lágrima teimosa e pesada escapasse de meus olhos. Ela desceu quente, quase fervendo, e apertei os lábios com força para segurar a tempestade que se aproximava.
Eu queria abrir um buraco no espaço tempo e me jogar lá dentro.
Eu queria sumir.
Pedro e Rosa, minhas pessoas favoritas no mundo, pareciam não suportar a ideia de ter que frequentar a mesma escola que eu.
Trinta e um de julho, 10h00min
Era um sábado ensolarado, mas não estava calor. Acordei graças à claridade do meu quarto, mas logo fechei os olhos para não deixar o sonho que se passava na minha cabeça escapar.
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Com Todos Os Meus Átomos
RomanceCrescer é algo assustador. Mas não tão assustador quanto se apaixonar, segundo Sydélia Martins. Syd tem uma vida monótona. Uma mãe ausente com muito dinheiro, duas irmãs completamente diferentes, um melhor amigo que em algum momento com certeza vai...