Dente de leão

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Na quarta-feira, a Srta

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Na quarta-feira, a Srta. Morgan me abordou no meio do corredor da escola, dizendo que a aula de Artes & Literatura na qual eu estava sendo indiretamente forçada a ir seria adiada para a semana que vem. O professor estava doente, ela disse, com uma gripe horrível.

Que pena, foi o que respondi, mas no fundo no fundo eu estava é aliviada. Assim que a aula acabou fui direto para a sorveteria do Seu José.

Não vou negar que assim que vi a placa de ''vende-se'' na vitrine, ao lado da placa com todos os sabores que o estabelecimento oferecia, meu coração apertou e não foi de uma forma gentil.

Às vezes nosso coração aperta de formas nada gentis, e a gente que lute.

Engoli em seco e entrei. Ouvi o típico sininho tocar graças ao movimento da porta. Como sempre, o piso de madeira estava impecavelmente limpo. Hoje, por estar uma temperatura mais amena e não o sol de rachar que aparece quase todo dia, o ar-condicionado estava desligado. Mesmo assim, dentro da loja estava fresquinho.

Seu José estava no balcão, concentradíssimo no celular que segurava com ambas as mãos o mais longe possível de si. Era como se ele quisesse muito enxergar o que quer que se passasse naquela pequena tela, e ao mesmo tempo não quisesse.

- Boa tarde Seu José! – Apoiei meus cotovelos no balcão, e só então ele pareceu me notar ali.

- Syd! Como é bom te ver, menina. Como andam as coisas? – Ele deixou o eletrônico de lado.

- Ah, as coisas vão indo. – Sorri com gentileza. – E por aqui?

- Por aqui tudo anda meio difícil... – Pude sentir a tristeza em sua voz. – Não sei se a senhorita notou, mas Julia decidiu vender a sorveteria.

Ele parecia muito magoado com a decisão de Julia. Mas ao mesmo tempo, pude sentir resignação no seu olhar.

- Notei sim, Seu José. É uma pena, de verdade. – Busquei pelas mãos rugosas do velhinho, uma mania que talvez eu tenha pegado de Jade. – Mas é para melhor, não é?

- Sim, sim. – Ele murmurou. – É para melhor. Mas não quero nada de tristeza dentro da minha loja! Me diga, que sabor de sorvete você quer hoje, minha jovem? Por conta da casa!

Sorri.

- Seu José, o senhor não pode me dar sorvete de graça todas as vezes que eu venho aqui!

- Mas é lógico que eu posso! Afinal, ainda sou dono desse estabelecimento, não sou?

- Ô se é!

- Então hoje vai ser sorvete de leite condensado? – Ele sorriu de uma forma tão genuína que eu quis chorar. Talvez pelo sorriso, talvez pelo fato dele saber todos os meus sabores preferidos. Como eu poderei andar por aí sabendo que a minha sorveteria preferida vai fechar? Com que frequência eu verei o Seu José quando isso acorrer?

Com Todos Os Meus ÁtomosOnde histórias criam vida. Descubra agora