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Sempre pensei em mim mesma como alguém que nunca faria algo absurdo por amor

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Sempre pensei em mim mesma como alguém que nunca faria algo absurdo por amor. Mas então lá estava eu, contra todas as minhas filosofias, às cinco e meia da manhã de um pleno domingo, na frente da casa de Pedro Costa.

O mundo parecia diferente pela manhã. Frio. Solitário. Acho que nunca acordei tão cedo assim na minha vida.

Eu vestia roupas de academia e usava mais uma vez uma trança meio mal feita, mas eu estava pegando o jeito. Meu cabelo estava grande, já alcançava a metade das minhas costas, e descobri que tranças são mais confortáveis do que rabos de cavalo.

Eu cheguei faz aproximadamente trinta minutos. Fiquei encarando a porta branca e sofisticada da casa de Pedro, repensando mil vezes se eu estava tomando a atitude certa. Não mandei mensagem e não pretendia bater na porta, então só fiquei parada, encarando a construção enquanto diversas memórias minhas com meu melhor amigo atravessavam minha mente.

Em determinado momento, Pedro abriu a porta da frente, como eu sabia que faria em algum momento. Ele parecia ter acabado de acordar, assim como eu. Seus cachos pretos estavam ligeiramente bagunçados, sua cara estava amassada. Ele vestia um short preto e uma regata também preta, além dos sapatos de corrida. Ele estava com o olhar voltado para o celular, provavelmente iniciando algum aplicativo de contagem de quilômetros. Eu sabia que Pedro saia todos os dias de manhã para correr, e por isso eu estava ali.

Somente quando chegou à calçada que ele pareceu notar a minha presença.

- O quê você está fazendo aqui? – Transpareceu surpresa, mas logo em seguida parecia apenas irritado. Não me deixei abalar.

- Vim conversar com você.

- Conversa sozinha. Eu não quero falar com você.

- Muito maduro da sua parte. – Soei mais seca do que o esperado, o que fez com que Pedro erguesse uma sobrancelha na minha direção.

Ele guardou o celular no bolso e saiu correndo pela rua, ignorando totalmente a minha presença e a minha tentativa de fazer as pazes. Briguei com o meu orgulho e por fim acabei cedendo.

- Ei, espera! – Comecei a correr atrás dele.

Era difícil correr e falar ao mesmo tempo, principalmente quando eu já estava ficando com falta de ar por não ter o costume de nem sequer caminhar até a padaria mais próxima, mas fiz um esforço para acompanhá-lo.

- Eu queria te pedir perdão. – Falei quando o alcancei, tentando manter o seu ritmo. Pedro parecia focado no esporte, com uma expressão dura e impenetrável no rosto, além do maxilar tensionado.

- Perdão só se pede quando não vai fazer novamente. – Ele respondeu, o que foi ótimo. Eu realmente acreditava que ele ia fingir que eu não existia.

- Bem, eu não pretendo te deixar na mão de novo! – Supliquei.

- Como eu posso ter certeza? – Pedro continuou a trotar, olhando firmemente para frente.

Com Todos Os Meus ÁtomosOnde histórias criam vida. Descubra agora