A moeda de prata

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Era domingo à noite e a mesa da sala de jantar estava cheia de papéis riscados, apostilas e canetas espalhadas

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Era domingo à noite e a mesa da sala de jantar estava cheia de papéis riscados, apostilas e canetas espalhadas. Em uma ponta Melissa estudava para alguma prova da faculdade e na outra eu e Pedro estudávamos para o simulado. Mais uma vez, eu estava com muita dificuldade em entender Física por conta da Matemática Básica, e Costa me explicava como simplificar uma razão com raízes pela décima vez.

- E se a gente simplesmente pulasse exatas e fosse direto para humanas? – Propus.

- Syd, não é assim que funciona. Você tem que estudar o que você não entende, não o que você é boa.

Tentei não revirar os olhos, afinal, ele estava falando a verdade.

A campainha tocou, e Mel nem sequer se mexeu. Mamãe estava no andar de cima trabalhando, e Diana estava numa festinha de aniversário de alguma amiga dela.

- Okay, sem problemas, pode deixar que eu abro a porta. – Falei com ironia, e me levantei.

Fui até a porta e quando a abri, desejei não ter feito isso.

Meu pai me olhou com uma expressão ilegível. Senti meu rosto endurecer. Fazia tempo que eu não o via assim, tão de perto. Ele parecia ter ganhado alguns quilos, e o cabelo, que sempre foi bem preto como o de Melissa, agora carregava alguns fios brancos bem visíveis.

Quis sair dali, pois o rosto dele não me trazia boas memórias.

- Oi. – Ele disse rapidamente, meio sem jeito.

- O quê você está fazendo aqui? – Perguntei, e acho que a minha voz saiu mais seca do que eu gostaria.

Nesse instante minha irmã apareceu atrás de mim, e fiquei grata por isso. Ela colocou a mão no meu ombro, e só então eu percebi o quão tensa eu estava. Automaticamente a atenção do meu pai se voltou para ela, e deixei meu olhar cair para os meus pés.

- Fui roubado, e tive que trocar de número. – Ele explicou para Mel. – Vim trazer meu novo contato, caso a mãe de vocês precise falar comigo.

Vi um pequeno papel ser estendido para minha irmã, e ela tirou a mão do meu ombro para pegá-lo. Queria que ela colocasse a mão de volta, mas ela não o fez.

- Okay, pode deixar que eu o entrego para ela. – Disse, e um silêncio constrangedor se estendeu a ponto de eu levantar novamente o olhar para o meu pai.

- Syd, você está realmente crescida. Amei... – Ele pareceu travar com a palavra, como se pudesse me ofender. De qualquer forma, qualquer coisa relacionada a amor não parecia certa vinda dele. – Gostei muito do seu cabelo loiro. Ficou bom em você. Autêntico.

- Obrigada. – Murmurei.

- Aqui. – Ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou de lá uma pequena moeda prateada, grossa como uma moeda de 50 centavos, a qual estendeu para mim. – Quero que fique com você.

Com Todos Os Meus ÁtomosOnde histórias criam vida. Descubra agora