Capítulo 3

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– Vocês se conheceram hoje, não querem privacidade?

Bruno gargalhou.

– Amor, eu tenho uns dez dias até que Breno vá embora, e Miguel vai ficar comigo até o fim do carnaval... – Ele deu de ombros. – Então, vamos lá! Gostei muito de você.

Saímos caminhando pelas ruas do centro, não caberíamos todos em um taxi. Por sorte, o apartamento do Bruno era a poucas quadras do Bar.

Caminhamos por uns vinte minutos, cantando e bebendo nossas cervejas como loucos pelas ruas. Vez e outra passavam por nós outros grupos, tão bêbados ou alegres como o nosso.

Era noite de Natal, as ruas estavam decoradas, e todos estavam tomados de uma euforia passageira e capitalista.

O porteiro do Bruno não nos recebeu com uma cara muito feliz, o velho rabugento devia estar dormindo quando tocamos o interfone.

Subimos apertados no elevador, mesmo com o velho porteiro nos alertando sobre o limite de pessoas no elevador.

E pela primeira vez na noite, me senti estranha ao perceber que estava em meio a casais. Bruno e Miguel, Fernando e Davi... Então, olhei para Breno, que estava logo atrás de mim.

Percebi que ele tinha uma altura razoável, seus olhos castanhos escuros pareciam muito sérios ao me encarar de volta.

Caralho, ele é gay! Camila... Você é ridícula!

O Elevador parou com um tranco no andar de Bruno. Eles soltaram alguns gritinhos e eu me desequilibrei.

Breno agarrou-me. Suas mãos firmes em minha cintura, meu corpo colou ao dele. E caralho, eu estava excitada... Ou apenas bêbada e carente.

– Está bem? – Ele murmurou, ainda segurando-me pela cintura, meu corpo colado ao dele.

Olhei para trás, me arrependendo, pois fiquei cara a cara com ele.

Assenti incapaz de formular uma única palavra.

A porta do elevador se abriu e todos saíram, Breno me soltou e senti falta das mãos dele em minha cintura. Foi estranho.

O apartamento de Bruno era razoavelmente pequeno. Dois quartos, um banheiro, uma pequena cozinha de apoio, e o ponto forte era a grande sala e sacada para a rua.

– Seja bem vinda a minha mansão! – Bruno disse, abrindo os braços, levemente bêbado. – Irmão, pega cerveja pra gente!

Vi Breno seguir para a pequena cozinha. E então ele olhou para mim.

– Me ajuda?

Bruno me encarou e sussurrou 'Vai!'. Fiquei vermelha de vergonha, mas fui.

Dando-me conta, definitivamente que Breno não era gay.

Ao entrar na pequena cozinha, que era como um corredor, tudo ficava em uma parede.

Parei ao ver Breno abrir a geladeira e ir colando as garrafas de cerveja sobre a bancada da cozinha.

– Você está bem? – Ele perguntou.

Assenti. Novamente sem palavras. Vi ele abrir um sorriso discreto.

Observei-o de fato... Sua calça jeans escura, justa em suas coxas que pareciam fortes. A camisa social preta dobrada, expondo seus antebraços lindos.

Ele abriu uma cerveja e me ofereceu.

– Obrigada. – Peguei a cerveja e bebi, percebendo que ele estava parado me observando. – O que? – Perguntei, encarando-o de fato a primeira vez na noite.

– Nada... – Ele murmurou.

Pegou as garrafas e fomos para sala.

Bruno foi até um toca disco antigo, passava os dedos por vários discos de vinil.

– O que vocês querem ouvir?

– Coloque a nossa música! – Miguel pediu, ficando de pé. – Quero dançar com você.

Bruno pegou um disco, parecia bem antigo. E quando a música começou, eu não fazia ideia quem cantava.

Era uma voz feminina, linda. A música era romântica, não entendo quase nada de inglês, mas entendia algo sobre lua azul.

Vi Bruno puxar Miguel e abraça-lo, dançando aquela musica lenta. Nunca havia ouvido a tal música.

Fechei os olhos e recostei no sofá.

O tempo passou, enquanto mergulhava na sonoridade daquela musica, encantada pela qualidade do vinil.

Foi ridículo perceber que lágrimas desciam dos meus olhos fechados sem minha permissão.

– Ella Fitzgerald foi uma das grandes cantoras na década de cinquenta... – Ouvi a voz ao meu lado.

Abri os olhos e percebi o quão perto Breno estava, sentado ao meu lado, virado de frente para mim, com uma das pernas sobre o sofá.

FOGO E GELO - Noite de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora