– Vocês se conheceram hoje, não querem privacidade?
Bruno gargalhou.
– Amor, eu tenho uns dez dias até que Breno vá embora, e Miguel vai ficar comigo até o fim do carnaval... – Ele deu de ombros. – Então, vamos lá! Gostei muito de você.
Saímos caminhando pelas ruas do centro, não caberíamos todos em um taxi. Por sorte, o apartamento do Bruno era a poucas quadras do Bar.
Caminhamos por uns vinte minutos, cantando e bebendo nossas cervejas como loucos pelas ruas. Vez e outra passavam por nós outros grupos, tão bêbados ou alegres como o nosso.
Era noite de Natal, as ruas estavam decoradas, e todos estavam tomados de uma euforia passageira e capitalista.
O porteiro do Bruno não nos recebeu com uma cara muito feliz, o velho rabugento devia estar dormindo quando tocamos o interfone.
Subimos apertados no elevador, mesmo com o velho porteiro nos alertando sobre o limite de pessoas no elevador.
E pela primeira vez na noite, me senti estranha ao perceber que estava em meio a casais. Bruno e Miguel, Fernando e Davi... Então, olhei para Breno, que estava logo atrás de mim.
Percebi que ele tinha uma altura razoável, seus olhos castanhos escuros pareciam muito sérios ao me encarar de volta.
Caralho, ele é gay! Camila... Você é ridícula!
O Elevador parou com um tranco no andar de Bruno. Eles soltaram alguns gritinhos e eu me desequilibrei.
Breno agarrou-me. Suas mãos firmes em minha cintura, meu corpo colou ao dele. E caralho, eu estava excitada... Ou apenas bêbada e carente.
– Está bem? – Ele murmurou, ainda segurando-me pela cintura, meu corpo colado ao dele.
Olhei para trás, me arrependendo, pois fiquei cara a cara com ele.
Assenti incapaz de formular uma única palavra.
A porta do elevador se abriu e todos saíram, Breno me soltou e senti falta das mãos dele em minha cintura. Foi estranho.
O apartamento de Bruno era razoavelmente pequeno. Dois quartos, um banheiro, uma pequena cozinha de apoio, e o ponto forte era a grande sala e sacada para a rua.
– Seja bem vinda a minha mansão! – Bruno disse, abrindo os braços, levemente bêbado. – Irmão, pega cerveja pra gente!
Vi Breno seguir para a pequena cozinha. E então ele olhou para mim.
– Me ajuda?
Bruno me encarou e sussurrou 'Vai!'. Fiquei vermelha de vergonha, mas fui.
Dando-me conta, definitivamente que Breno não era gay.
Ao entrar na pequena cozinha, que era como um corredor, tudo ficava em uma parede.
Parei ao ver Breno abrir a geladeira e ir colando as garrafas de cerveja sobre a bancada da cozinha.
– Você está bem? – Ele perguntou.
Assenti. Novamente sem palavras. Vi ele abrir um sorriso discreto.
Observei-o de fato... Sua calça jeans escura, justa em suas coxas que pareciam fortes. A camisa social preta dobrada, expondo seus antebraços lindos.
Ele abriu uma cerveja e me ofereceu.
– Obrigada. – Peguei a cerveja e bebi, percebendo que ele estava parado me observando. – O que? – Perguntei, encarando-o de fato a primeira vez na noite.
– Nada... – Ele murmurou.
Pegou as garrafas e fomos para sala.
Bruno foi até um toca disco antigo, passava os dedos por vários discos de vinil.
– O que vocês querem ouvir?
– Coloque a nossa música! – Miguel pediu, ficando de pé. – Quero dançar com você.
Bruno pegou um disco, parecia bem antigo. E quando a música começou, eu não fazia ideia quem cantava.
Era uma voz feminina, linda. A música era romântica, não entendo quase nada de inglês, mas entendia algo sobre lua azul.
Vi Bruno puxar Miguel e abraça-lo, dançando aquela musica lenta. Nunca havia ouvido a tal música.
Fechei os olhos e recostei no sofá.
O tempo passou, enquanto mergulhava na sonoridade daquela musica, encantada pela qualidade do vinil.
Foi ridículo perceber que lágrimas desciam dos meus olhos fechados sem minha permissão.
– Ella Fitzgerald foi uma das grandes cantoras na década de cinquenta... – Ouvi a voz ao meu lado.
Abri os olhos e percebi o quão perto Breno estava, sentado ao meu lado, virado de frente para mim, com uma das pernas sobre o sofá.
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FOGO E GELO - Noite de Natal
RomanceCamila está sozinha na noite de Natal, enquanto encara um divórcio doloroso, que lhe fez se anular por muitos anos. Agora, ela só quer se livre!