Olhei para ele, que abraçou um dos seus 'amigos' e sorriu gentilmente para mim.
– Não quero ser inconveniente... – Ele começou a falar. – Mas é Natal, e você está aqui sozinha e todos os lugares estão ocupados.
Olhei a minha volta. O bar estava lotado e eu ocupava uma mesa de seis lugares em um dos cantos com menos luz, e talvez o mais confortável. Com poltronas que circulavam a parede.
– Ah, tudo bem. – Abri um sorriso mecânico, tentando ser simpática. – Sentem.
Eles sentaram.
– O que está bebendo? – Bruno perguntou.
– Pedi tequila. – Disse.
Ainda atordoada e tímida, enquanto ele sorria e seus amigos também.
– Maravilha! – Ele bateu palmas ao ar. – Você é das minhas. Vamos pedir uma rodada de tequila! – Ele então olhou para o balcão. – Fred?!
Percebi que ele chamava por um dos garçons. O rapaz respondeu e ele pediu tequila.
– Eu sou Miguel. – Um dos 'amigos' de Bruno estendeu a mão, o que estava abraçado a ele, e logo apontou para os outros. – Este é Fernando, meu primo, e este é o Davi, namorado do Fernando... Somos de Minas.
– Prazer em conhecê-los... – Respondi. Nem precisava dizer, o sotaque era fofo.
Então Bruno mostrou o outro, o mais quieto.
– Este é o Breno, ele é meu meio irmão... – Disse Bruno. – Veio ficar comigo o Natal, acho que já está arrependido... – Ele concluiu gargalhando.
Breno apenas riu.
– E você, qual a sua história?
As tequilas chegaram, me salvando de ter de revelar meu drama.
– Vamos lá! – Miguel gritou animado. – Vamos brindar!
Viramos aquelas tequilas. Minha garganta queimou. E Bruno já gritava por Fred, o garçom, pedindo por mais doses.
– Quero outra cerveja. – Eu pedi.
Daí, Bruno e Miguel começaram a contar que se conheceram na internet. Que era a primeira vez que se viam pessoalmente. Miguel disse que morria de medo do Rio de Janeiro, e trouxe o primo com ele, que trouxe o namorado também.
Olhei de relance para Breno. Ele continuava calado, ria das piadas e olhava o celular vez e outra.
Bruno disse que ele e Breno não eram meio irmãos de fato, que isto era apenas uma brincadeira entre eles. A mãe deles vivia fora do País desde que eles eram adolescentes e o pai deles vivia bêbado na fazendo no interior do Rio, Valença.
Basicamente, ele havia dito que era apenas ele e o irmão.
Bebemos mais doses de tequila.
Em algum momento, foi inevitável que eu estivesse meio bêbada e começasse a contar o meu drama.
Cortei as partes mais vergonhosas. Como ser humilhada por um Mixer de presente de aniversário.
Foi a primeira vez que vi Breno prestar atenção na conversa, de fato.
Contei que estava brigada com meus pais, por ter pedido o divorcio. Que eles não concordavam, e que minha filha de cinco anos estava vivendo uma rebeldia adolescente precoce e preferiu passar o Natal com o pai.
Vi quando Bruno trocou olhar com o irmão, e Breno baixou a cabeça. Ele pareceu, naquele momento, triste. Mas logo, voltava a beber sua cerveja, quando alguém gritou 'Feliz Natal' do outro lado do bar, e então todos começaram a se abraçar e desejava Feliz Natal um ao outro.
Breno continuou sentado, sem muito interesse. E então, eu e ele éramos os únicos sentados. Percebi quando ele voltou a me observar, contudo não tinha coragem de levantar o rosto e encarar ele.
Fred, o garçom, nos trouxe espumante. Brindamos, e por algum momento naquela noite, minha mente se esvaziou de todo drama doméstico e eu apenas ri.
Bruno me puxou da cadeira e me abraçou. Seguido por Fernando e então os outros, mas Breno continuava sentado.
Sentamos-nos, e Fernando começou com suas histórias engraçadas.
Ele cursava Veterinária em uma faculdade fazenda. E havia muitas historias engraçadas de quem vive no campo.
Por volta de duas da manhã, Breno levantou-se da mesa, segurou sua taça quase vazia e disse.
– Tenho uma ideia! – Tomou o restante do espumante e colocou a taça sobre a mesa. – Vamos todos para meu apartamento, essa noite está incrível!
– Não... Eu preciso ir embora. – Disse.
– Nem pensar! – Fernando se levantou, pegou minha bolsa e jaqueta. – Vamos com a gente... Vai ser divertido!
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FOGO E GELO - Noite de Natal
RomanceCamila está sozinha na noite de Natal, enquanto encara um divórcio doloroso, que lhe fez se anular por muitos anos. Agora, ela só quer se livre!