Capítulo 04

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- Eu me importo sim.

Ele apenas suspirou, balançando a cabeça em sinal de negação, com as mãos sobre o volante, olhando fixamente para frente.

- Não é porque não quero tocar na nossa história que eu não me importo...

- Então por que não quer me ouvir? - havia raiva, mágoa e dor em sua voz.

- Por que eu não quero mais sofrer com isso Itachi!

- Tá - ele desviou o olhar, talvez eu estivesse enganada, mas aparentava haver um certo sarcasmo em sua voz.

- Você não faz ideia do quanto eu sofri... não faz...

- Porra Maki! - bateu as mãos sobre o volante - acha que eu não faço? Acha que foi a única!?

- Eu estou tomando remédios até hoje Itachi... - me desfiz em lágrimas.

Sua expressão furiosa desapareceu em segundos.

- Acho que não faz! Não faz ideia do que é ter que tomar remédios para ansiedade e anti depressivos desde aquele dia! Não faz ideia do que é precisar de terapias pra falar de você! Não faz ideia do que é ficar internada porque por mais de um mês não consegui comer ou dormir e o que eu conseguia, vomitava tudo de tanto que a ansiedade doía... não faz ideia, Itachi - estendi os braços mostrando as cicatrizes - do que é tentar desesperadamente tirar minha vida... não sabe o que é precisar de mais de um ano e meio para conseguir me relacionar com alguém...

Ter perdido Itachi, era como perder minha alma.
Eu perdi a minha família e ele era o único que me restava, então eu o perdi também.

Eu estava perdida e sozinha no mundo.

Ele ouvia tudo em silêncio, completo silêncio, Itachi me olhava com lágrimas nos olhos e isso fazia meu coração se apertar.

- E agora que eu estou ficando bem... que minha vida está nos trilhos você quer mexer no passado? Você quer voltar com isso? Você quer que eu sofra tudo isso outra vez? Me responda.

- Não... - saiu tão baixo, que doeu.

- Então por favor, vamos deixar o passado no passado... - implorei.

Ele apenas concordou com a cabeça, se preparou para ligar o carro, mas não o fez.

- Se importa de esperar um pouco?

- Por que?

- Preciso fumar um cigarro - disse abrindo a porta e saindo.

Respirei fundo, passei a mão sobre o rosto e o olhei, ele se escorou na parede, acendeu um cigarro, deu umas pitadas e olhou para o além.

Ora passava o braço sobre o rosto, secando as lágrimas na manga da blusa.

Tudo isso é arrependimento?

Se realmente for, ele parece estar verdadeiramente arrependido.

Traição tem perdão mesmo se o traidor se arrepender profundamente?

Mesmo se tivesse, eu seria incapaz de perdoá-lo, por tudo que tive que passar depois daquele dia.

Assim que ele terminou aquele cigarro, acendeu mais um.

Respirei fundo, peguei o guarda-chuva no banco de trás, abri a porta e saí.

Me aproximei dele, tirei o cigarro de seus dedos, dei uma pitada e logo o joguei no chão, pisando em cima.

- Entra no carro - pedi.

Itachi nunca foi tão difícil de lidar.

Ele obedeceu, então fiz o mesmo novamente.

Querido Ex  >> Itachi UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora