O Irmão Postiço (Thomas Sangster)

Momento de boa

POV Mona 

Chegamos na parte de trás do ginásio. Há uma toalha estendida com alguns sanduíches e sucos. Sento com Zack ensanguentado na toalha, ele veio falando o caminho todo mas simplesmente não ouvi nem um pio de seu monólogo. Estou atordoada após todo acontecimento que mal reparo que minhas mãos também estão sujas de sangue. O som fica abafado e flashs do meu pai entrando bebado em casa e minha mãe chorando copiosamente tomam conta da minha mente. Minha respiração fica cada vez mais pesada. Sinto uma dor aguda na nuca e alguns chacoalhões de leve em meus ombros. Minha vista embaçada, mas logo volto a focar a atenção a Zack, que tem um olhar preocupado. 

- Des...desculpa... eu sei lá, me distraí... - Zack interrompe dando um sorriso de canto. 

-Ei, deixa disso, baixinha. Eu que apanho e você que fica toda abalada? Vem cá. - Ele me puxa para um abraço, mas não sinto vontade de abraçar de volta. 

Olho para meu pulso, e a marca dos dedos de Zack ainda estão lá, mas agora estampados com o sangue do próprio.  Me solto dos braços do garoto e o encaro. A porrada foi bem feia, eu simplesmente não acredito que o Thomas foi capaz de fazer isso com alguém. Eu não quero mesmo ter relação com alguém tão violento como ele, mas aquele sorriso que Zack deu enquanto os dois brigavam... e a maneira que ele provocava Thomas em relação a Leila...toda aquela história tá tão estranha. Eu preciso saber mais sobre essa tal de Leila e o que aconteceu com ela. Sei que é uma ex namorada do Thomas, mas não sabia que todo mundo sabia da existencia dela. Até mesmo Barry usou ela como aritifício pra fazer o Thomas sair de cima do Zack. Mas sei que agora não é a hora, não tenho cabeça para saber disso. Saio do abraço desajeitado com Zack e encaro meu pulso novamente. Ele também é violento, depois de ver o estrago que Thomas fez na cara dele mal notei o que o próprio Zack fez em mim. Encaro o garoto que faz um carinho na minha bochecha. No mesmo instante desvio da caricia, ele percebe e dá uma risada sem graça. 

-Olha que coisa...preparei isso tudo, mas houve esse pequeno incoviniente. - ele aponta para a própria face e dá mais uma de suas risadas. Olho em volta e vejo alguns guardanapos, pego e pressiono delicadamente em seus ferimentos. Ele segura os guardanapos e meneia a cabeça em forma de agradecimento. 

-Tenho que ir...preciso de um banho. E acho que você também. - quando faço menção de levantar ele puxa novamente meu pulso. Meu olhar se volta novamente para a mão dele e lá fica. 

-Espera, Mona...fica...por favor. Quer dizer, é hora do almoço, pelo menos toma um suco. - Ele pega um copo com um liquido laranja e me entrega, eu pego e encaro o liquido. Minha barriga ronca um pouco e sabe, o Zack sempre foi tão legal. Preparou tudo isso pra gente, e quantas vezes dei chances pro estouradinho do Thomas, e o Zack nunca fez nada assim antes. Talvez eu esteja só um pouco abalada. Dou uma golada no suco e vejo o sorriso de escanteio do garoto. 

-Mona? - A voz masculina irradia meus ouvidos, e ao abaixar o copo vejo Barry ali de braços  cruzados encarando a nós dois. - Preciso conversar com você a respeito de um trabalho da aula. - Franzo a testa, ele não passou trabalho nenhum. Do que diabos está falando. - E você. -ele aponta para Zack. -Diretoria, agora. 

- Que? Eu que sou agredido e pago o pato? -Zack ri ironicamente. - Tá de brincadeira.

-Anda logo, cara. Thomas já tá lá. - Ele diz de forma séria. Zack revira os olhos e sai bufando. Mal olha para mim. Ele tromba os ombros com Barry que se mantém firme na pose. Assim que Zack se vai, o garoto estende a mão para mim.

-Vamos?

Aceito a mão e me levanto com sua ajuda. Caminhamos em silêncio. Mas é um silêncio bom, e agradeços aos céus por Barry não estar forçando nenhum tipo de conversa. Ele me guia até o estacionamento e então abre a porta do passageiro para mim.