Orgulho

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POV Mona

-Esta tentando me pedir desculpas? – eu disse em tom cômico, aquela tentativa esdrúxula de desculpas me divertia. Esse garoto é muito orgulhoso.

-Isso! É isso mesmo!-Thomas exclamou aliviado, como se eu tivesse dito o que ele precisasse dizer sem ele ao menos ter tentado ser sincero.

-Caramba, você é péssimo nisso. –me desvio dele, afim de finalmente sair do quarto, mas ele da um passo pro mesmo lado me impedindo.

-O que você quer? –ele perguntou sério, o que me deixou confusa.

-Como assim?

-Eu sei que você vai contar pro Brian sobre ontem. Anda, fala logo o que você quer. –Thomas disse como se estivesse se rendendo. Se rendendo ao que? Eu não queria nada daquele imprestável. Porém algo surgiu a mente: minha curiosidade de ontem a noite que foi esquecida.

-Quem é Leila?-perguntei logo de cara. A expressão de Thomas se tornou vazia e um pouco obscura. Ele abaixou o olhar que tinha um misto de sentimentos que se tornou indecifrável para mim.

-Como você sabe dela? O que sabe sobre ela? –ele levantou o olhar e percebi que o deixei triste com a pergunta.

-Eu não sei nada dela...é que você me chamou de Leila ontem. –mudei meu tom de voz para o mesmo tom que usei com Henry quando ele ficou triste por ter esquecido seu Capitão América no parque.

-Chamei? –ele parecia surpreso.

-Sim.

-Isso não era pra ter acontecido. –nesse momento ele parecia não estar mais falando comigo.

-Thomas? –tentei o trazer de volta pra realidade. Ele voltou a olhar sério para mim.

-Desculpa, mas eu não quero falar da Leila pra você. –ele disse sério.

-Tudo bem. –murmurei olhando para o chão. –Não vou contar pro Brian.

-Ok, obrigado. –ele se virou para ir embora, porém eu não contive minha curiosidade.

-Ela é a garota do desenho? –ele congelou no mesmo instante.

-Você é muito curiosa, gracinha. –ele estava com a voz exausta de tantas explicações não ditas.

-Essa resposta só confirma minha pergunta. –disse orgulhosa. Ele se manteve parado e quieto. Alguns segundos depois ele voltou a girar a maçaneta, mas o detive –Pelo menos me diz, você que desenhou? –tentei amenizar meu interrogatório. Nesse mesmo instante ele vira furiosamente para gritar comigo agressivamente.

-Sim, é a Leila. Sim, fui eu que desenhei! Mas não vou te falar nada dela, ouviu? –ele estava com raiva e com olhos cansados.

-Tudo bem, tudo bem. –eu disse na defensiva com os braços para cima. Ele voltou a se virar para sair do quarto. –Mais uma coisinha...

- O que?! –dessa vez ele soltou a voz e fiquei um pouco assustada.

-Você desenha bem, eu gostei. –disse baixinho. O olhar ameaçador dele se amenizou e sua expressão se suavizou.

-O-Obrigado. –ele não sabia como reagir a um elogio, era nítido.

-De nada. – esboço um sorriso sem dentes para amenizar o seu constrangimento. Ficamos uns segundos parados venerando o nada.

-Ér.. Thomas? –eu digo para quebrar o silencio.

-Sim?

-Eu preciso trocar de roupa. –digo abrindo os braços para mostrar que ainda estou de pijama.

-Tudo bem. –ele disse, mas continuou parado no mesmo lugar.

-Um pouco de privacidade seria bom, sabe? –falei soltando uma risada pelo nariz.  Ele saiu do mundo da lua e se tocou, mas então ele deu um sorrisinho de canto.

-Ah, claro. Onde estão meus modos? –ele colou as mãos no rosto para cobrir seus olhos. –Pronto!

-Thomas! – eu o repreendi.

-Só to brincando, já estou saindo. –ele se virou para porta e abriu, mas antes de sair, sem olhar nos meus olhos, completou: -Desculpa pelo que falei mais cedo. –mal pude responder, pois ele saiu e fechou a porta rapidamente.

Esbocei um sorriso para essa situação, ele ficou sem graça e parou de ser um completo babaca comigo. Talvez eu consiga suportar esse garoto.

O Irmão Postiço (Thomas Sangster)Onde histórias criam vida. Descubra agora