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Quando meu despertador toca sinto um frio enorme na barriga. Hoje é segunda-feira, mas não é qualquer segunda-feira, hoje é o primeiro dia de aula. Odeio primeiros dias, nunca são como imaginamos. Principalmente quando você se muda no meio de um trimestre, pois o estereótipo de novata vem com uma bagagem enorme de boatos inventados. "Ah, soube que aquela garota teve que sair as preces do interior porque o pai está sendo procurado pelo FBI por envolvimento em uma máfia de contrabandeio de gados.". Ok, talvez eu esteja exagerando. Mas isso é o efeito que os primeiros dias tem em mim. Suspiro e me levanto indo direto ao banheiro. Vou em direção do chuveiro, pois sinto que preciso disso para começar o dia. Após uma ducha demorada saio com a toalha enrolada no meu corpo e abro o armário. Penso em alguns minutos qual roupa é a ideal para enfrentar esse dia, ouço algumas batidas na porta do quarto e logo em seguida ela se abre.

— Bom dia, querida. — Mamãe entra no quarto segurando uma sacola e fecha a porta atrás de si.

— Oi, mãe. — Respondo ainda encarando minhas roupas como se uma delas fosse pular a qualquer momento pedindo para que eu a escolhesse.

— Nervosa com seu primeiro dia? — Ela fica ao meu lado e coloca a mão no meu ombro.

— O de sempre. Seria mais fácil se eu tivesse escolhido o que eu usaria ontem. — Solto um suspiro de frustração.

— Bom, acho que você não precisa se preocupar com isso. — Minha mãe levanta a sacola e da batidinhas de leve na mesma. — Essa escola exige que os alunos usem uniforme.

— O quê? — Me viro para ela e pego a sacola de suas mãos. — Mãe, isso soa muito como aquelas escolas de riquinhos.

— É porque essa é uma escola para riquinhos. — Minha mãe da um beijo na minha bochecha e caminha de volta para a porta. Essa informação simplesmente me deixou ainda mais nervosa que o normal. Não me toquei o quanto de dinheiro Brian tinha até agora, mas faz bastante sentido com o estilo de vida que eles levam. — Não se atrase para o café da manhã, precisamos conversar. Todos nós. — Ela se vai e fecha a porta do quarto.

Dou de ombros e abro a sacola tirando as roupas de lá. Fico aliviada ao ver que o uniforme é bem simples, nada extravagante como vemos nos filmes. É uma saia que bate na acima dos joelhos, uma camisa azul e um terninho e, claro, meias três quartos. Visto o mesmo um pouco aliviada, se pensar bem, uniforme não é tão horrível assim, você não tem que se preocupar com o que vestir todos os dias, um trabalho a menos. Passo um pouco de maquiagem e finalmente saio do quarto. Dou de cara com Thomas quando ele abre a porta do seu próprio quarto, assim que o vejo, um suspiro fica preso na minha garganta. Ele fica incrivelmente atraente com o uniforme, é exatamente igual ao meu, mas ao invés de uma saia ele usa uma calça caqui e uma gravata xadrez. O garoto está olhando no telefone e mal me nota ao passar por mim.

— Bom dia pra você também. — Murmuro mal-humorada. A porta do quarto de Michael se abre e meu irmão me encara sorrindo.

— Eu fiquei muito estiloso nesse uniforme de riquinhos. — Ele faz um gesto para mostrar suas vestimentas e dou uma risada.

— Você tá uma graça, mas não ta surtando que vamos estudar em uma escola de riquinhos? — Pergunto em um tom mais baixo.

— Monalisa, riquinhos também são gente. — Ele aperta a ponta do meu nariz em brincadeira e dou uma risada.

— Bom dia, irmãos. — Henry fecha a porta atrás de si enquanto solta um bocejo. Ele parece uma miniatura de gente com o uniforme. Solto um "awn" e corro para apertar as bochechas do mesmo que implora para que eu pare.

— Não dá, você ta tão fofo. — Por fim o abraço e giro seu pequeno corpo no ar.

— Para com isso, Mona. Eu vou te odiar para sempre se fizer essa porcaria na frente dos meus novos amigos. — Ele se liberta dos meus braços e sai correndo para a cozinha.

O Irmão Postiço (Thomas Sangster)Onde histórias criam vida. Descubra agora