doze

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jantar, separação e casamento

O QUE VÃO FAZER no dia dos namorados? — Cachopa perguntou.

Joguei mais uma batata frita molhada de ketchup dentro da minha boca, até perceber que os olhares estavam todos voltados para mim. Pisquei os olhos, franzindo a minha testa, certa que a pergunta não foi direcionada a ninguém em específico, mas eles continuaram me encarando.

— O quê? — me dei por vencida, reclamando.

Bianca riu. As crianças estavam em alguma parte divertida do restaurante, brincando com outras crianças, enquanto estávamos jantando. Alan e Lucarelli também estavam ali.

— Eu 'tô curioso para saber porque Bruno não está aqui — Alan disse, bebendo algo do seu copo.

Respirei fundo, voltando a me entupir de batata frita, como se eu não me importasse de verdade com o assunto da conversa. Desde que Bruno tinha me pedido desculpas mais cedo, não voltamos a nos falar. Os meninos me convidaram para jantar e arrastaram Bianca junto, justificando que precisávamos passar um momento juntos antes que ela voltasse para Recife. E eu precisava me distrair, mas tinha esquecido que eles eram ótimos em quererem me perturbar, então não havia exatamente como me distrair.

— Ele está jantando com a Ale, as afilhadas e tal — respondi, mesmo já sabendo que era algo que eles sabiam. Bruno tinha postado um story. — E antes que voltem a insistir na pergunta, eu não vou fazer nada amanhã.

Não que eu não acreditasse, mas o dia dos namorados não era uma data comemorativa que me empolgava nem quando eu namorava de verdade.

— E por que você não está no jantar com ele? — Alan voltou a perguntar.

Lancei um olhar feio na sua direção, tendo a completa certeza que ele estava se divertindo com aquilo tudo. Sério, por que eu ainda aceitava jantar com esses idiotas se o hobby deles era me perturbar?

— Porque eu estou aqui — respondi o óbvio, murmurando entre dentes. — Vocês precisam arranjar uma namorada e me deixar em paz.

Eles começaram a rir e eu revirei os olhos.

— Cara, Marcela, você foi se envolver logo com o capitão do time — Bianca disse. — Não tinha jogador mais discreto?

Enfiei mais um punhado de batata frita dentro da boca e bebi mais um gole da coca, me entupindo de gordura para descontar toda a minha frustração do dia inteiro. Cachopa encheu mais o meu copo e murmurei um agradecimento antes de beber mais um pouco, olhando para minha irmã.

— Ninguém é discreto para eles — apontei para cada um, o dedo em riste em tom de acusação. — Eu podia me envolver com o papa, eles não me deixariam em paz. Duvido que saibam o que essa palavra significa.

Alan jogou uma batata em mim, mas me desviei a tempo, fazendo-a cair no meu colo.

— E você, Bianca? — Lucarelli desviou o assunto e eu quase respirei aliviada com o foco saindo de mim. — Vai fazer o quê no dia dos namorados?

Minha irmã abriu a boca para responder, mas fechou logo em seguida. Eu ri, balançando a cabeça, encostando o cotovelo na mesa e meu rosto na minha mão, me sentindo um pouco cheia para comer mais.

— Ela vai se agarrar com o ex-marido às escondidas porque pensa que ninguém sabe que eles estão se envolvendo — respondi por ela, recebendo um olhar feio. — De novo.

Os meninos riram.

— Como é que você sabe disso? — ela perguntou, com um tom falso de irritação.

set point | bruno rezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora