oito

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jantar, ausência e ciúmes

JANTE COMIGO esta noite.

Seus lábios ainda passeavam por meu pescoço, distribuindo beijos lentos pós-rapidinha. Minhas pernas ainda estavam meio moles e eu não me importava nenhum pouco em continuar me segurando nele.

Nenhum de nós dois deveríamos estar fazendo tanto esforço, mas ser fodida de pé contra a parede não pareceu piorar nenhuma das minhas lesões e fiz o possível para que Bruno não se mexesse tanto.

— Fica difícil me concentrar em qualquer coisa com você tão perto assim — falei, afastando meu pescoço dele, segurando o seu rosto com uma de minhas mãos. — O que você disse?

Ele respirou fundo.

— Eu te convidei para jantar essa noite — repetiu.

Levantei uma sobrancelha, encarando a expressão serena dele. Eu adorava como ele ficava sereno daquela maneira toda vez que compartilhávamos aqueles momentos íntimos. Tinha certeza que eu o olhava quase da mesma forma, porque me sentia quente.

— Só eu e você? — me certifiquei, recebendo um aceno positivo dele. — Se você estiver me levando para um jantar surpresa com a sua mãe de novo, Bruno, eu juro…

Ele começou a rir, certamente lembrando-se de quando fizera aquilo. Claro que eu já tinha conhecido a mãe dele antes, afinal, éramos melhores amigos.

Eu não tinha problema nenhum em jantar com ela, mas quando Vera descobriu que eu e seu filho dormíamos juntos, ela criou uma fantasia impossível e, o que deveria ser um jantar normal, acabou sendo um projeto de cupido muito mal sucedido.

— Relaxa, Ma. Minha mãe não está aqui em Brasília — ele me tranquilizou. — É só eu e você.

Suavizei a minha expressão e mordi meu lábio inferior, acreditando que ele estava sendo sincero.

— Tudo bem, então.

Ele desistiu de continuar distribuindo beijos por minha pele sensível, satisfeito de ter conseguido uma resposta positiva minha. Quando ele se afastou, me dando espaço, comecei a ajeitar meu cabelo, para que não ficasse tão na cara o que tínhamos acabado de acontecer.

— A Bianca vem mesmo? — Bruno perguntou, vestindo sua roupa de treino de volta.

Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo muito bem feito e verifiquei se estava tudo certo com a minha roupa.

— Sim — respondi, olhando para ele. — Como estou?

— Como alguém que acabou de ser….

— Bruno! — repreendi a sua gracinha, arrancando um sorriso dele, com um meneio de cabeça divertido.

— Linda como sempre, Marcela — finalmente respondeu, terminando de vestir a camisa. — Quer que eu peça alguém para buscar a sua irmã?

— Não precisa — descartei a ideia. — Ela vai pegar um uber direto para o hotel. Com dois pirralhos para perturbar a minha manhã.

Eu estava com mais saudades dos meus sobrinhos do que propriamente da minha irmã. Falava com Bianca todo dia e não tinha esse mesmo contato com aqueles dois pingos de gente que não paravam de crescer e me pedir presentes que gostariam de ganhar.

— Acho que devemos aproveitar esta noite, então — Bruno disse.

Eu ri, balançando a cabeça e empurrei-o para abrir a porta, quando percebi que nós dois estávamos devidamente vestidos.

— Anda — espalmei minhas mãos contra as suas costas, empurrando-o contra a porta.

Não havia quase ninguém por ali, o que foi bom, porque eu não estava afim de ser pega saindo de fininho daquela maneira. Bruno riu da minha atitude e estalou um beijo na minha bochecha, me provocando.

— Você sabe que todo mundo já deve ter percebido nossa ausência, não sabe? — ele continuou provocando. — Não deve ser difícil para eles imaginar exatamente o que estávamos fazendo.

Continuei andando ao lado dele, seguindo o caminho de volta para o ginásio. Revirei os olhos, deixando um suspiro escapar e me virei para encarar o meu melhor amigo.

— Isso não quer dizer que precisamos confirmar.

Ele deu de ombros e entrou primeiro no ginásio, andando até alguns dos meninos que estavam treinando bloqueio. Não demorou nem mesmo um minuto inteiro e Lucarelli começou a andar na minha direção, com um sorriso sacana e um copo de café na mão.

— Acho que eu também estou precisando de uma amizade com benefícios — ele soltou, parando na minha frente.

Mordi a minha bochecha, lançando um olhar quase mortal para ele, mas às vezes eu simplesmente não conseguia me manter séria diante de Luca.

— Não a minha, eu espero — murmurei, com um sorriso esperto no rosto.

Ele fez uma careta.

— A ideia de te beijar é meio nojenta, Marcela — respondeu.

Juntei as sobrancelhas, confusa com o seu comentário e roubei o seu copo de café para mim, bebendo um gole. Eu nem tinha tomado café da manhã e a fome estava batendo com força agora, mas estava morrendo de preguiça de ir até a cantina.

— Seria como praticar incesto — explicou.

Comecei a rir, balançando a cabeça. Fazia sentido, claro, uma vez que eu também não via nada do tipo rolando entre nós dois. Mas ele sempre entrava na brincadeira, vez ou outra, de dar em cima de mim junto com os outros meninos, para provocar o seu capitão de time. Quando conheci Bruno, conheci Lucarelli logo depois e nossa ligação foi quase imediata.

— Justo.

Sentei em uma das cadeiras vazias da primeira fileira da arquibancada, com ele me acompanhando. Eu estava prestes a iniciar alguma conversa, sobre qualquer coisa, antes que ele voltasse a me provocar por causa de Bruno, quando as duas meninas de antes apareceram na nossa frente.

— Oi — a mais alta disse, recebendo nossos cumprimentos de volta. — Eu não queria incomodar, mas temos uma amiga lá fora que é muito fã do Bruninho.

— Tem alguma possibilidade de ela entrar aqui também? — a outra completou.

Cocei minha bochecha, forçando um sorriso, sem saber exatamente como responder àquele pedido.

— Depende — Luca começou a dizer. — Ela é só uma fã mesmo ou uma fã interessada?

Discretamente, dei uma cotovelada nele pela pergunta. Eu não queria saber a resposta, mas as meninas deram uma risada.

— Bem, ele é solteiro, não é? — a mais alta continuou. — Claro, nós sabemos que ele tem um rolo com a Marcela, mas…

Ela não continuou; apenas encolheu os ombros, como se fosse explicação suficiente. Luca prendeu o riso. E eu trinquei os dentes, sem saber exatamente porque o comentário me irritou.

— Sim, claro, ele é — Lucarelli confirmou. — Solterissi…

— Desculpa — interrompi, forçando um sorriso amigável para as duas. — Tem um limite de pessoas que eu posso botar para dentro. Quem sabe em uma próxima.

Elas olharam uma para a outra e concordaram com um aceno sem graça, me agradecendo rapidamente, antes de finalmente se afastarem.

Lucarelli desatou a rir ao meu lado. Empurrei o copo de café contra o peito dele, que segurou.

— Você é um idiota — murmurei, me levantando para sair dali.

Ele continuou rindo, gritando o suficiente para que eu pudesse ouvir.

— Espero que saiba que isso foi muito parecido com ciúmes!

De costas, revirei os olhos sem que ele pudesse ver, mas ergui o dedo do meio como resposta para ele, ouvindo-o rir mais ainda.

•••••

ps: Ai, ai essa Marcela...

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set point | bruno rezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora