vinte

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notificações, campinas e Vera

Campinas - São Paulo
Horário desconhecido

QUANDO ACEITEI acompanhar Bruno nessas viagens de competições pela Liga das Nações, esperei que as coisas fossem fáceis. Nunca passamos tanto tempo juntos daquela maneira e isso só estava acontecendo porque eu não podia estar treinando devido a minha lesão recente, então eu tinha tempo livre para acompanhá-lo por aí.

Era uma boa distração para a minha mente se ocupar, porque sei que enlouqueceria se tivesse que ficar em casa sem poder estar no centro de treinamento. Mas agora minha mente estava uma bagunça, meus pensamentos não paravam nem um minuto e, se era mesmo possível, eu sentia tudo ao mesmo tempo.

— Está tudo bem? — Bruno, dirigindo o carro ao meu lado, perguntou.

Fiquei tão perdida nos meus próprios pensamentos que quase esqueci que ele estava ali, ao meu lado. Não trocamos uma palavra decente desde que ele deu partida no carro, há uma hora, e eu dormi durante a maior parte da viagem, até não conseguir mais ficar de olhos fechados.

Ou fingindo que eu estava dormindo para não ter que conversar, fugindo como uma covarde de uma conversa que eu sabia que teria que acontecer.

Foi isso que Bianca me aconselhou logo antes de encerrar a ligação: conte para ele o que está sentindo, ela disse, você é adulta e adultos conversam para resolver as coisas. Esconder o que está sentindo não vai te ajudar em nada. E daí que está com medo? Isso só te mostra que ele vale a pena.

— Sim — murmurei, suspirando, encarando qualquer coisa pela janela que não fosse o rosto dele.

Meu celular apitou em cima do meu colo e eu peguei o aparelho, recebendo notificações de mensagens pelo Whatsapp.

Silenciei notificações do Instagram e Twitter, resolvendo que eu não iria responder e nem me pronunciar sobre nenhuma notícia que estava saindo sobre Bruno porque, tecnicamente, não era da minha conta.

Até onde eu sabia, ele nem estava me traindo ou algo do tipo. Meu problema era outro.

luca:
sua irmã está bem?
ela está dizendo que eu deveria dar um soco no Bruno por ela
um soco leve, que não deixe marca
palavras dela

Balancei a cabeça, sorrindo, sentindo que eu estava sendo observada pelo meu melhor amigo. Tentei ignorar a sensação que aquilo me causava e apertei para responder a mensagem de Lucarelli.

marcela:
por favor, ignore a Bianca
é só o instinto de irmã protetora falando
além do mais, um olho roxo não combina com Bruno ;)

luca:
sim, esqueci que ele é um galã para vocês e etc
mas falando sério agora
ela também me contou sobre a conversa de vocês
o que vai fazer?

marcela:
fofoqueira da peste
não sei o que vou fazer, luca
foi mal não ter me despedido mais cedo
mas obrigada por cuidar de mim <3

luca:
independente do que decida fazer, eu sempre vou te apoiar
mas só para deixar claro: eu aposto em vocês dois
finalmente você caiu em si

— Chegamos — Bruno anunciou.

Bloqueei a tela do celular e olhei ao redor assim que ele estacionou o carro em frente a uma casa enorme. O tempo estava ensolarado, por isso optei por usar um vestido esvoaçante e leve, para não morrer de calor e suor. Ele abriu a porta do carro alugado e saiu logo em seguida, enquanto eu ainda pegava as embalagens abertas dos pacotes de chocolate que comprei quando ele parou para abastecer o carro em um dos postos.

set point | bruno rezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora