A Arte na Moda - Fyolai

Quando Eu Conheci Aqueles Seres Humanos

A vista daquele garoto estava preta, ele podia sentir um cobertor cobrindo todo o seu corpo, incluindo o seu rosto. O garoto ouvia passos apressados pisando naquele chão de madeira do lado de fora do seu quarto. E, aquele garoto, com certeza já sabia a quem pertencia aqueles passos após ouvir a porta do seu quarto ser aberta e uma voz feminina ecoar naquele local espaçoso perguntando pelo seu nome.

  “Nikolai? Está acordado?”

  Ele abriu um sorriso quando ouviu aquela voz. Seus olhos estavam abertos de fato, mas, naquele momento, ele estava usando tapa-olhos e fingiu estar dormindo. Nikolai se encolheu mais na cama e continuou com o cobertor cobrindo todo o seu corpo. A mulher soltou uma risada curta e tranquila, falando logo em seguida: “Você não me engana mais, Nikolai.” Ela suspirou. Percebeu que o garoto, que já estava bem adulto, tirou o tapa-olhos e tirou o cobertor de cima de seu rosto logo em seguida, revelando uma expressão emburrada. Então ela continuou falando, dessa vez, parecendo mais séria: “Ontem você já perdeu o vôo que eu agendei para o Japão. Ainda por cima, você pretende não ir hoje? Você só tem hoje e amanhã para ir para aquele vôo porque depois não vão haver outros, a sua faculdade vai começar daqui há poucos dias! Eu sei, é a primeira vez que você vai para um local totalmente diferente, longe da sua família, mas você já tem 19 anos e está mais do que preparado para isso. A maior parte das pessoas lá vão ter a mesma idade que você e outras também são estrangeiras...”

  Aquele pré-adulto já avia mudado o seu bom humor para um leve nível de estresse. Nikolai olhou para a mãe dele sério e falou: “Eu tô muito bem assim: do jeito que tô agora. Não preciso de faculdade nenhuma!” Ele cruzou os braços.

  “Oh, meu filho...” A mãe dele se sentou do seu lado na cama. Nikolai se manteve deitado, ele conseguia sentir uma mão acariciando seus cabelos brancos e ficou em silêncio. Aquela mulher não conseguia evitar de se preocupar com o futuro daquele ser humano. Ela não desistiria de fazê-lo se levantar tão facilmente.

  É quando ambos foram capazes de ouvir passos apressados e pesados vindo em direção ao quarto de Nikolai. Aqueles passos vinham dos pés do pai de Nikolai, que entrou naquele quarto irritado.

  “Já chega de mimar esse garoto! Ele deve ir fazer as malas agora e partir para esse vôo antes que seja tarde!” O pai do mais novo gritou como se fosse um rei arrogante ordenando seus servos. Nikolai levantou metade do seu corpo da cama, como se tivesse levado um susto e a sua mãe ficou em pé novamente, não demorando muito para dizer algo: “Eu não estou mimando ele, só estou o confortando! Você sabe muito bem pelo que ele enfrentou esses anos inteiros.”

  O mais velho fez uma expressão debochada e prosseguiu com aquela discussão: “É claro que eu sei, mas já se passaram anos, muitos e muitos anos. Isso tudo, agora, não passa de preguiça e drama da parte dele!”

  Aquela discussão só estava se alongando, o que deixava Nikolai irritado. Ninguém sabia o que ele sentia, nem sua mãe e muito menos o seu pai. Eles não tinham o direito de discutir por causa de algo que eles nem entendiam relacionado ao mais jovem. Então, ele resolveu interferir gritando: “Se ir logo de uma vez para aquela porcaria de faculdade vai fazer vocês calarem essas bocas, vou logo fazer as minhas malas!”

  Nikolai andou em direção ao guarda-roupa e começou a separar suas roupas, com uma expressão irritada.

  “Ótimo!” O mais velho sorriu e sua mãe ficou em silêncio. Por um lado ela estava preocupada, mas por outro, estava aliviada por Nikolai ter aceitado ir para o vôo.

  Então, depois de alguns segundos observando Nikolai dobrar as roupas, ela falou: “Eu já comprei o seu material e outras coisas que você talvez precise, está tudo lá embaixo dentro de algumas sacolas.”