Muita informação!

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  Cinco dias após resgatar o rato ensopado do Mori, as coisas andaram bem mais sossegadas do que estive esperando — aquele velho não fez nada comigo e nem com o meu ratinho, ainda bem. Nós dois estamos estudando normalmente na faculdade e esbarramos com o Mori de vez em quando, mas ele não comenta nada. Mas, pelo menos, eu fico aliviado em ter o meu rato ensopado comigo! Ele sempre me ajuda e eu sou muito grato por tudo que aquele cara faz por mim.

  Mas enfim, durante estes cinco dias, eu tive aqueles mesmos sonhos estranhos mais duas vezes e não consegui conversar muito bem com o Fyodor sobre os sentimentos dele, no sonho. Ele parece estar melhor depois que o livrei daquela diretoria sinistra, só que eu nunca entendi bem como ele acabou naquela situação com o diretor. Eles são pai e filho ou algo assim? Não faz muito sentido na minha cabeça. Com certeza, não é isso!

  O Sigmazinho, por incrível que pareça, aceitou o Fyodor e os pintinhos frequentarem o nosso quarto com a condição de que eu limpasse as dejeções dos pintinhos, porém isso não vem ao caso. Eu fico até feliz por ele estar questionando mais e ficando mais preocupado com os amigos; inclusive, ele me perguntou o motivo do Fyodor estar no dormitório com a gente, coisa que não era do feitio dele antes, já que ele não gostava muito de "se meter".

  Obviamente irei contar para ele a história uma hora ou outra, mas, por enquanto, não é a hora certa, então eu não compartilhei aquilo ainda, e o bicolor compreendeu pacientemente.

  Quando der quatro horas da manhã, o Kenji estará trazendo a ração para os pintinhos e, por isso, estou acordando cedo hoje. A aula vai começar às 07 horas e 20 minutos, então acredito que o rato ensopado e o Sigmazinho ainda não vão estar acordados quando eu acordar, o que é estranho.

  Bocejei baixinho para não acordar os meus caros amigos e me levantei da cama cuidadosamente, com a intenção de não mexer muito o colchão e acabar acordando o Fyodor, que estava dormindo comigo.

  Quando me levantei, caminhei em direção ao interruptor do quarto e liguei as luzes. Supostamente, os garotos estariam de tapa-olhos e não notariam as luzes acesas, então eu nem liguei muito para esta questão. Infelizmente, não havia nenhuma janela para o Sol entrar ou algo parecido. O único jeito era ligar as luzes mesmo.

  “Que manhã chata...” Murmurei baixinho, me virei de frente para a beliche novamente quando já havia ligado as luzes do quarto e me deparei com algo inesperado, que era o Sigma acordado enquanto me encarava com um jeito surpreso e um pouco assustado, de os olhos arregalados. Fiquei obviamente confuso com aquilo e surpreso também já que, mesmo com o Sigma acordando mais cedo que eu na maioria das vezes, não chegava a ser tão cedo assim. Não que eu me lembre do horário que ele acorda, mas tenho uma noção mais ou menos.

  Depois de alguns segundos me encarando, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Sigma saudou com um sorriso agradável e acompanhado sutilmente por um toque de apreensão: “Bom dia, Nikolai.”

  “Bom dia, Sigmazinho.” Eu retribui a saudação e observei a cama de cima, onde o Sigma estava deitado, notando uma grande quantidade de livros encima da cama; livros que costumavam ficar abandonados na prateleira do nosso dormitório e falavam sobre diversos tópicos e assuntos diferentes, indo de conteúdos de estudo para histórias cheias de fantasia.

  Arqueei a minha sobrancelha esquerda e não desperdicei a chance de questionar sobre o que estava vendo. “Andou acordado desde três horas da manhã ou algo assim?”

  “Não, eu só acordei agora.” Sigma me contou, mas parecia uma mentirinha da parte dele, me causando uma pequena desconfiança.

  “Então vai me dizer que esses livros estiveram em sua cama antes de você ir dormir?” Eu perguntei, encarando os livros.

A Arte na Moda - FyolaiOnde histórias criam vida. Descubra agora