Capítulo 10

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Jimin não saberia dizer o que o acordou, se foi o som de uma respiração profunda e compassada, ou o sibilar do vento que soprava lá fora. Abriu os olhos e viu que seu rosto estava a alguns centímetros do de Jungkook.

Lembrava-se vagamente de que o alfa aparecera em sua porta, que ele o deixara entrar e voltara para debaixo das cobertas. Apenas isso. Era óbvio que ele se deitara a seu lado, sem nem mesmo tirar as botas e a jaqueta forrada de pele.

Jungkook sempre dissera que, por exigência de sua profissão, era capaz de dormir em qualquer lugar, aeroportos, estações ferroviárias, parques. Mas o último lugar em que Jimin podia esperar vê-lo dormindo era na cama dele!

Notou que uma das mãos grandes estava pousada em seu quadril, de uma maneira estranhamente possessiva. E as pernas dos dois estavam entrelaçadas, embora as do ômega continuassem sob as cobertas retorcidas.

Jimin suspirou, invadido por um tipo de contentamento que ainda não conhecia, e imaginou que era assim que um ômega se sentia ao lado do alfa amado, depois de uma noite de paixão.

Olhando para Jungkook, era fácil fingir que se amavam, que ele ardia de desejo por ele, que os dois haviam feito amor com total abandono. Visualizando-se naqueles braços musculosos, nu, arfando de prazer, Jimin corou, entre embaraçado e excitado.

Examinou o rosto do alfa, admirando cada detalhe. "Jungkook é o homem mais bonito que já vi, embora eu não entenda como não percebi isso antes", refletiu.

Talvez fosse porque sempre o vira através de um emaranhado de lembranças da infância, quando ele o adorara como a um herói de contos de fadas, um cavaleiro sempre pronto a salvar alguém em perigo. Por que levara tanto tempo para vê-lo como ele realmente era, um homem de carne e osso? Um homem incrivelmente lindo?

Olhando para os lábios rosados, lembrou-se do beijo que os dois haviam trocado. O beijo de Jungkook era muito diferente dos de Namjoon, que sempre o beijara como se estivesse cumprindo uma obrigação, apenas para fazê-lo sentir-se querido. Quando Jungkook o beijava, porém, ele se sentia unido a ele por uma forte corrente de energia.

Jimin tivera namorados e dormira com alguns deles, mas nunca fora capaz de experimentar completa intimidade com nenhum, nunca conhecera aquele abandono total de que tantos falavam. Em todos os relacionamentos, inclusive com Namjoon, sempre resguardara uma parte de si mesmo, de seu coração, de sua alma, como se homem algum merecesse invadi-lo totalmente.

Com Jungkook, porém, era diferente. Havia intimidade entre eles. Jimin confiava nele, era capaz de contar-lhe qualquer coisa, de falar de seus sentimentos mais profundos. Perto de Jungkook, ele podia pensar em voz alta. Mas agora havia algo que não podia dizer a ele. Não podia confessar que desejava seus beijos, seu contato, que estava atraído por ele fisicamente. Que o queria também como amante, não apenas como amigo.

Mas estaria mesmo apaixonado por ele, ou, depois do que acontecera com Namjoon, apenas precisava de um herói, que o fizesse ter certeza de que era importante, uma pessoa merecedora de atenção e afeto?

"É, deve ser isso", pensou, "Não me apaixonei por Jungkook. Só preciso que ele me ajude a superar este momento difícil."

Quando nem pensasse mais naquele noivado de curtíssima duração, quando riscasse Namjoon da mente e esquecesse sua traição, compreenderia que ele e Jungkook eram e sempre seriam apenas amigos.

[...]

Jungkook deixou que a água não muito farta e não muito quente do chuveiro escorresse por suas costas. Não esperara acordar e não encontrar Jimin, mas quando olhara para o relógio e vira que passava das onze e meia, entendera a ausência dele. O alfa dormira profundamente por cerca de cinco horas e sentia-se recuperado do cansaço da viagem.

Apenas amigos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora