Capítulo 16

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Jimin tentou não ficar pensando em Jungkook, mas seus esforços foram inúteis. Continuou perseguido pela lembrança dele, de seus beijos, suas caricias, suas palavras ternas, durante dias. Já se passara uma semana, e ele não conseguia tirá-lo da cabeça.

Estava fazendo um balanço do estoque de cartões, papel celofane e fitas, quando o motorista de Kim Yuri entrou na loja.

Jimin gemeu alto, escondendo o rosto nas mãos.

— Vá embora, por favor! — implorou, falando por entre os dedos. Heo aproximou-se do balcão, como se não o tivesse ouvido.

Por fim, o ômega tirou as mãos do rosto e olhou para o homem alto e distinto que lhe estendia um envelope.

— O que é isso? — perguntou.

O homem empertigou-se, altivo.

— Uma mensagem que me mandaram entregar.

— Quem mandou? Yuri? Será outra tentativa de suborno? — Pegando o envelope, Jimin esfregou-o entre as mãos. — Se for dinheiro, não é muito. Mas pode ser um cheque.

A única reação de Heo foi erguer as sobrancelhas com ar de censura.

— Quem mandou? — insistiu.

— O sr. Kim.

— Jingoo? Ele resolveu interceder pelo filho fugitivo?

— Não, senhor. É um bilhete do sr. Namjoon, o... o filho fugitivo — o motorista permitiu-se dizer com um leve brilho divertido nos olhos.

Jimin sentiu o coração disparar e as mãos gelarem. Namjoon voltara! Mas, tão depressa? 

Pelo menos tivera a decência de não procurá-lo pessoalmente. Talvez, enviar aquele envelope fora a maneira educada que encontrara de amaciar o caminho de volta para a vida dele. Bem, estava muito enganado, se pensava que o noivo abandonado o aceitaria de volta.

Rasgando um lado do envelope, Jimin retirou o bilhete e leu-o. Quando terminou, devolveu-o a Heo.

— Não vai responder, senhor? — ele indagou.

— Vou — respondeu por entre os dentes. Tirou o anel de noivado da gaveta onde o pusera, com medo de perdê-lo, o entregou-o ao motorista. — A resposta é esta. E diga a Namjoon que não temos nada para dizer um ao outro, que não vou me encontrar com ele, que nunca mais quero vê-lo. E que, se ele tentar se aproximar de mim, chamarei a polícia. Entendeu?

— Seria melhor o senhor dizer isso a ele pessoalmente. Posso levá-lo ao Kim Center agora mesmo.

— Não. Entregue o anel a Namjoon e dê meu recado. — Jimin começou a andar para a sala dos fundos, mas parou no meio do caminho e virou-se. — Mais uma coisa. Diga a ele que também não quero ver o Jin. Nunca mais.

— Só isso, senhor?

Cruzando os braços, Jimin pensou o que mais poderia dizer ao ex-noivo para deixar bem claro que o queria fora de sua vida.

— Ah, diga a ele que... que estou apaixonado por outro homem. Não esqueça de dizer isso!

— Mais alguma coisa? — Heo perguntou, impassível.

— Não, obrigado — Jimin respondeu, observando-o caminhar para a porta. — Espere!

O homem virou-se, sem dar nenhum sinal de impaciência.

— Às suas ordens, senhor.

— Esqueça o que eu disse sobre o Jin.

— Como queira.

Jimin aproximou-se dele.

— Me dê o anel. Vou mandá-lo para Namjoon pelo correio, com um bilhete. Esse é o jeito correto de lidar com a situação, não acha? — Olhou para o anel que o motorista entregou-lhe. — Não, esse não é o jeito correto. O certo é devolvê-lo pessoalmente.

— Seria melhor, sim — Heo opinou.

— Farei isso agora mesmo — ele decidiu. — Leve-me até o Kim Center. Só vou pegar um casaco.

Instantes depois, estavam na limusine. Jimin, nervoso, reclinou a cabeça no encosto macio do banco traseiro e suspirou.

— Posso falar com franqueza, sr. Park? — perguntou Heo, surpreendendo-o.

Ele ergueu a cabeça e viu que o homem observava-o pelo espelho retrovisor.

— Pode dizer o que quiser, mas não vai me fazer mudar de ideia — respondeu.

— Conheço o sr. Namjoon desde que ele era menino. Os pais sempre lhe deram tudo. Ele pode ser um pouco mimado, mas tem um bom coração. Acho que o senhor deveria dar-lhe uma chance de provar isso.

— Não posso me casar com ele. Eu amo o Jungkook.

— Então, deve dizer isso ao sr. Namjoon.

— Dizer o quê?

O motorista franziu a testa, obviamente confuso.

— Que ama... Jungkook.

— Eu disse que amo Jungkook? — perguntou Jimin, alargando os olhos e remexendo-se no banco.

— Acabou de dizer, sr. Park.

Alarmado, ele refletiu que não podia ter dito aquilo em voz alta. Devia estar muito confuso, com todas as emoções que experimentara nos últimos dias. Se as palavras haviam saltado de sua boca, não havia como negar que seu profundo amor por Jungkook não poderia ser reprimido, como ele imaginara.

— Fiz da minha vida uma verdadeira bagunça. Eu não queria me apaixonar por Jungkook — admitiu.

— O amor é uma força estranha e poderosa, senhor. Não podemos escolher a quem amar. É o amor que nos escolhe.

— Jungkook disse a mesma coisa.

De repente, Jimin sentiu-se impaciente por terminar o noivado com Namjoon. Assim que ficasse livre, poderia planejar o futuro, um futuro que queria que começasse naquele mesmo dia! 

Olhou para o relógio, imaginando aonde Jungkook estaria e o que estaria fazendo. Não podia esperar pelo retorno dele, dali a três semanas. Amava-o e estava disposto a fazer qualquer coisa para passar o resto da vida com ele. Como pudera ser tão estúpido? Por que não confiara em Jungkook? Por que não acreditara em seu amor?

Certo, o alfa era imprevisível, um pouco prepotente, e às vezes tratava-o como se ele fosse uma criança. Mas sempre pusera a felicidade dele acima de tudo. Era o alfa de sua vida! Não podia perdê-lo!

"Preciso dizer isso a ele", Jimin refletiu, rezando para que não fosse tarde demais.


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