Capítulo 15

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Um pouco depois de abrir a loja, Jimin estava na sala dos fundos, montando um arranjo, rodeado por baldes com maços de flores que haviam sido entregues no dia anterior. Rosas, lírios, margaridas, crisântemos, cultivados em lugares onde o clima era mais quente naquela época do ano, formariam lindos buquês e arranjos, que teriam de ser vendidos a preços altos, pois as flores vinham de muito longe. 

O ômega sempre gostara de flores, de sentir a maciez das pétalas, de aspirar o suave perfume que emanava de um jardim num dia de primavera. Mas, naquele dia, as flores não haviam conseguido deixá-lo feliz. Nem mesmo os narcisos esplêndidos que ele arrumara artisticamente num vaso.

No final de fevereiro, no máximo até o dia dez de março, ele fecharia a porta da loja pela última vez. Sabia que conseguiria um emprego facilmente, pois seu trabalho como florista e paisagista era conhecido e respeitado. Mas não tinha certeza de se desejava ficar em Seul depois de tudo o que acontecera ali. E a pequena floricultura que vira em Busan não lhe saía da cabeça.

Assim que chegara à loja, ele ligara para a imobiliária e tomara informações a respeito. Depois de fazer alguns cálculos, concluiu que, se vendesse seu pequeno apartamento e as instalações da floricultura, como balcões, prateleiras e o frigorífico, teria dinheiro suficiente para comprar a lojinha em Busan e ainda manter-se durante alguns meses.

Se voltasse para sua cidade natal, começaria uma vida totalmente nova, longe das lembranças do que acontecera em Seul, tanto com Namjoon, como com Jungkook. E estaria bastante longe para não se sentir tentado a esperar que Jungkook o procurasse, num lugar diferente, onde não ficaria procurando o rosto dele na meio da multidão. 

Talvez, com o tempo, tudo voltasse à normalidade entre os dois. Se velhos amigos podiam tornar-se amantes, por que amantes não se tomariam amigos outra vez?

Dando os retoques finais no arranjo de vinte e quatro rosas brancas, que entregaria no caminho para casa, ele não pôde deixar de recordar os momentos de paixão que passara nos braços de Jungkook. Fora como um sonho. E era assim que ele devia considerar o que houve. Um sonho. Uma maravilhosa fantasia, que nunca se tornaria real.

"Bem, o jeito é começar a planejar minha nova vida", disse a si mesmo, "Jungkook deve estar a caminho da Albânia. Episódio encerrado. Quanto a Namjoon, enquanto não falar com ele não poderei me considerar livre do passado."

Pensou no anel que ele lhe dera e que teria de devolver. A princípio pretendera mandá-lo pelo correio, para Yuri, mas isso não seria direito. Talvez pudesse dá-lo a alguém, ou atirá-lo no lago mais próximo. Não, isso também não seria correto. De acordo com a etiqueta, num caso como o seu, o ex-noivo podia ficar com o anel, mas Jimin não queria nenhuma recordação de um noivado que durara uma semana.

Devolveria o anel pessoalmente a Namjoon, ouviria suas explicações, diria o que pensava sobre o comportamento dele, e esse problema também ficaria resolvido. A vida continuaria, com todos os seus altos e baixos, alegrias e tristezas. Jimin lutaria para manter a resolução que tomara no Ano-Novo, de ser imensamente feliz, e esqueceria a outra parte, que era a de casar-se com Namjoon.

Até pensara em entrar em contato com Seokjin, no caso de ele já ter voltado para Seul, mas ainda não estava pronto para isso. Contudo, se chegasse a compreender o que houvera entre ele e Namjoon, talvez até conseguisse perdoá-lo por sua traição.

Terminou de arrumar as rosas brancas na cesta de vime pintado de branco e arrematou o arranjo fixando um laço cor-de-rosa na alça, na qual colou uma pequena etiqueta da loja. A encomenda que Hoseok recebera no dia anterior estava pronta. A cesta de rosas iria para uma ômega que completava quinze anos, e o branco e o rosa estavam bem de acordo com a natureza sonhadora e romântica das garotas daquela idade.

Apenas amigos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora