Capítulo 17

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Jungkook parou na frente de sua mesa, no escritório da Associação, e jogou uma caixa de papelão vazia na cadeira. Pegou uma foto dele e de Jimin, que mantinha ao lado do computador, e olhou-a longamente. Fora tirada em um ringue de patinação da cidade, por um fotógrafo colega seu. Jimin estava lindo, com os cabelos loiros escondidos sob um gorro de tricô e o nariz vermelho de frio. Os dois abraçavam-se pela cintura, e os rostos estavam colados.

Sorrindo, Jungkook refletiu que pareciam pertencer um ao outro, como se fossem um casal feliz. Na época, ele era capaz de tocá-lo sem sentir nada além de carinho fraternal. Agora, porém, só de pensar em abraçá-lo, era invadido por ondas de emoções contraditórias, e seu corpo ansiava pelo dele. Desde quando amava Jimin? Seus sentimentos por ele eram tão fortes agora, que aquele amor devia ser muito antigo, mas passara despercebido.

Ele nunca pensara muito em amor, mas depois que descobrira estar apaixonado por Jimin não conseguia pensar em outra coisa. Passara os últimos dias perguntando-se por que descobrira de repente, sem nenhuma sombra de dúvida, que os dois estavam destinados a passar o resto da vida juntos. Talvez isso tivesse algo a ver com aquela história de convergência de certos planetas no ano dois mil, ou, então, com o fato de ele quase ter perdido Jimin para Kim Namjoon. Fosse o que fosse, ele queria que sua vida com ele começasse imediatamente.

Mas, por mais que quisesse, não sabia o que devia fazer para alcançar seu objetivo. Como conseguira fazer tamanha confusão? Tinha certeza de que a recusa de Jimin em casar-se com ele não tinha nada a ver com Namjoon. O problema era o medo profundo que o ômega sentia, as dúvidas que mantinha no íntimo, tudo isso gerado na infância. O instinto de autoproteção de Jimin era forte demais, e por isso ele fugia, receando ser ferido por uma traição, uma mentira.

Mas, se Jimin não o amasse, Jungkook refletiu, não precisaria preocupar-se com a possibilidade de ser magoado por mim. Então, o fato de ele preocupar-se com isso era a prova que o alfa precisava para saber que o ômega o amava.

— O que você está fazendo aqui?

Jungkook olhou para a porta e viu Gong Ji-chul, que acabara de entrar. Irritou-se. A voz áspera e forte do chefe aumentara a dor de cabeça causada pela falta de sono.

— Devia estar na Albânia! — Ji-chul continuou, caminhando para a própria mesa.

— Estive lá, mas resolvi voltar. Aquele clima não me serve. — Jungkook pegou a carta de demissão que escrevera às pressas e levou-a ao chefe, anunciando: — Eu me demito.

Arrancando a carta da mão dele, Gong Ji-chul leu-a rapidamente.

— E quem entrevistará Janaz?

— Telefonei para Park Chanyeol, e nos encontramos no aeroporto de Atenas. Dei a ele todo o material que juntei em minha pesquisa e mandei uma mensagem a Janaz, explicando que Chanyeol iria entrevistá-lo em meu lugar — Jungkook explicou, voltando para sua mesa.

Sob o olhar do chefe, que o observava carrancudo, tirou alguns livros de uma gaveta e colocou-os na caixa.

— Chanyeol é bom. Vai lhe trazer uma matéria de primeira qualidade — afirmou. Gong Ji-chul suspirou, coçando a cabeça.

— Você perdeu o juízo, rapaz? 

Jungkook deu de ombros.

— Não sei. Pode ser. Passei as últimas trinta e seis horas em aviões e aeroportos. No momento não estou podendo pensar com clareza, de modo que não posso conjeturar muito bem a respeito de minha saúde mental.

— Se é assim, não vou aceitar seu pedido de demissão.

— Ah, vai sim! Eu estava bem lúcido quando redigi essa carta. Estou pondo um fim nesse tipo de trabalho, Ji-chul. Cheguei ao ponto onde queria chegar, e agora é hora de parar.

Apenas amigos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora