Capítulo 19

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Afastando dos olhos uma mecha de cabelos úmidos de suor, Jimin levantou-se do chão. Estivera esfregando o assoalho de sua nova loja desde bem cedo, naquela manhã, e o trabalho árduo estava começando a produzir bons resultados. A floricultura seria inaugurada dali a uma semana, ele já fizera a primeira encomenda de flores frescas, e dois noivos o haviam procurado para tomar informações sobre a decoração da igreja.

Assim que a loja estivesse perfeitamente limpa, ele começaria a trabalhar nos arranjos para as vitrines. Entrara em contato com o centro comunitário, oferecendo-se para dar aulas noturnas de paisagismo e arranjos florais. Seus planos estavam começando a dar certo.

Jimin deixara Seul cerca de um mês antes, mudando-se para Busan com alguns móveis e o pouco que sobrara de sua antiga floricultura. Tinha consciência de que trabalharia bastante, mas isso seria bom, porque o ajudaria a esquecer Jungkook. Esquecer era só um modo de dizer, porque ele sabia que o alfa sempre ocuparia um grande espaço em seu coração.

Olhando para o relógio na parede, Jimin jogou a escova e o pano de chão dentro do balde e tirou as luvas de borracha. Decidira colocar um anúncio no Lake Register, convidando a população para a inauguração da loja, mas o escritório do jornal estivera fechado nos últimos dias.

Vestiu o casaco que deixara em cima do balcão e pegou a pasta de papelão onde guardara o modelo de seu novo logotipo, que ele mesmo desenhara. Era importante fazer uma boa publicidade, logo no início. Ele esperava que Kang Siwon concordasse em fazer uma matéria sobre a floricultura, de modo que o povo da cidade sentisse o desejo de dar uma passadinha por lá.

Como o jornal ficava a apenas um quarteirão de distância, ele foi a pé, encolhendo-se contra o vento gélido que varria a rua. Quando chegou à porta do prédio, quase esperava encontrá-la trancada, como acontecera das outras vezes. Mas quando girou a maçaneta, a porta abriu-se, e ele entrou.

Aproximou-se do balcão de recepção e pigarreou para anunciar sua presença, mas ninguém apareceu para atendê-lo. Viu uma sineta sobre o balcão, ergueu-a e sacudiu-a de leve, fazendo soar duas badaladas. Nada. Desanimado, ia virar-se para ir embora, quando, da sala dos fundos um homem respondeu, pedindo-lhe que esperasse um momento.

Jimin ficou paralisado de surpresa e emoção. Aquela voz... Seria possível? Parecia a voz de Jungkook! 

O ômega se repreendeu mentalmente, chamando-se de louco. Ultimamente, toda voz masculina que ouvia soava como a de Jungkook. E ele poderia jurar que vira o alfa sair da casa de ferragens, no dia anterior. Até correra para certificar-se, mas quando chegara à esquina, o homem desaparecera. Além disso, Jungkook aparecia em seus sonhos, todas as noites, e ele despertava feliz, para imediatamente encher-se de tristeza, ao ver que tudo não passara de uma ilusão.

O homem que lhe respondera dos fundos finalmente entrou na sala de recepção, e Jimin achou que realmente enlouquecera. Não, não podia ser Jungkook! Devia ser um sonho, uma alucinação.

Então, o homem sorriu, e ele começou a acreditar que não se tratava de uma miragem.

— Veio aqui apenas para ficar olhando para mim, Mochi? Ou por que está precisando de alguma coisa?

Jimin tentou falar, mas não conseguiu emitir nenhum som. Depois de alguns instantes, respirando fundo, fez uma nova tentativa.

— Jungkook... — murmurou apenas.

— Oi, Mochi.

— Kook...

O ômega queria tocá-lo, atirar-se em seus braços e cobrir-lhe o rosto de beijos, para ter certeza de que não estava sonhando, que ele era real e estava ali, ao alcance de sua mão.

Apenas amigos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora