Capítulo 5

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A orquestra tocava Adeus, Ano Velho, pessoas riam e choravam de emoção, abraçando-se e erguendo brindes, outras sopravam cornetas e apitos, enquanto serpentinas, nuvens de confete e balões coloridos cruzavam-se sobre o salão.

Jimin, porém, mal notava o tumulto eufórico. Querendo protegê-lo da bisbilhotice dos curiosos, Jungkook passou um braço por seus ombros e levou-o para o terraço. O ar estava gelado, então o alfa tirou o paletó do smoking e colocou-o nas costas dele.

Fogos de artifício explodiam no céu escuro, em cascatas de luz e cor. Jimin debruçou-se na grade, respirando fundo.

— Feliz ano dois mil — murmurou, olhando para um chuveiro de "lágrimas" coloridas que caíam lentamente no lago. Lá debaixo, da rua, subia o som de buzinas e sirenes. Parecia que o mundo todo estava feliz, menos ele, que se sentia humilhado.

Jungkook pegou-o pelos ombros e virou-o para si.

— Lamento muito, Mochi. Nunca pensei que...

— Nem sei o que dizer — disse baixinho, enxugando uma lágrima que lhe escorreu pela face.

— Há males que vêm para o bem — Jungkook tentou consolá-lo. — Se aquele idiota não queria...

— Pare com isso! — ele quase gritou, livrando-se das mãos dele. — Agora sou adulto, consigo enfrentar dificuldades sozinho. Fui eu que aceitei o pedido de casamento de Namjoon, fui eu que ele abandonou. Sou eu que tenho de sair dessa situação.

Uma situação absurda, pensou, pressionando as têmporas com os dedos.

Ridícula, incompreensível, humilhante.

De modo inesperado, começou a rir nervosamente.

— Você tem razão, Jungkook. Eu devia estar feliz com o que aconteceu. Pelo menos, descobri que ele não me quer. Seria muito pior se descobrisse depois de casado. Namjoon, cavalheiro como é, não deixou que isso acontecesse.

— Por que age dessa maneira? — Jungkook perguntou com um traço de raiva na voz. — Por que sempre desculpa as pessoas que te magoam? Fazia isso quando era menino e continua fazendo. Está na hora de parar.

— Você sabia dos outros? — Jimin indagou. — Namjoon já foi noivo antes, e não apenas uma vez.

Jungkook piscou, aturdido, claramente surpreso com o que ouvira.

— Eu sabia que na universidade ele teve um relacionamento sério, que durou até nos formarmos. Mas Namjoon me disse que foi o cara que rompeu com ele.

Um arrepio percorreu o corpo de Jimin, que sentiu a necessidade urgente de sair não do terraço apenas, mas da festa e do prédio.

— O que vou fazer agora? — perguntou. — Devo ficar aqui, esperando que ele recupere o juízo? Ou devo ir embora? Como um homem que foi abandonado pelo noivo diante de quatrocentas pessoas deve proceder?

— Mochi, ninguém sabia que vocês iam anunciar o noivado. Não precisa envergonhar-se pelo que aconteceu.

— Por que ele fez isso comigo? Quero dizer, se não tinha a intenção de se casar, por que me deu este brilhante ridiculamente grande? — indagou, chorando.

Tentou tirar o anel, mas não conseguiu. Frustrado, escondeu o rosto nas mãos, soluçando.

Jungkook tornou a abraçá-lo.

— Namjoon não merece você. Se o amasse de verdade, estaria lá no palco, à meia-noite. Não vale a pena chorar por ele.

O ômega imaginou o que Yuri estaria dizendo ao marido para justificar a ação desprezível do filho. Namjoon fora raptado? Sentira-se mal subitamente? Jingoo provavelmente não aceitaria nenhuma desculpa, pois ficara óbvio que estava farto dos recuos covarde do herdeiro diante de um compromisso sério. 

Apenas amigos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora