Capítulo 9

201 38 43
                                    

A rua principal de Busan estava silenciosa, e o único movimento era o da neve caindo suavemente à luz do meio da tarde. Jimin viu lugares conhecidos e ficou surpreso ao notar vários prédios novos. No verão, a cidade atraía muitos turistas. No inverno, porém, o lugar parecia entrar em hibernação.

Os melhores hotéis e pousadas estavam fechados naquela época, de maneira que Jimin não tinha muitas opções. O ômega acabou parando na pousada Beija-Flor, que ficava no lado norte da cidade e onde havia lindos chalés de madeira que ofereciam sossego e privacidade. O lugar não lhe era nada estranho, porque fora lá que sua mãe conhecera o quarto marido, um vendedor de enciclopédias.

Entrou no chalé de recepção, e como não viu ninguém, tocou a sineta sobre o balcão. Um beta de seus sessenta anos veio dos fundos, ajeitando os óculos sobre o nariz. Aproximando-se, olhou-o fixamente por alguns instantes.

— Você é Park Jimin — disse, surpreendendo-o.

— Eu conheço o senhor? — indagou.

— Não, mas conheci sua mãe e você, quando não passava de uma coisinha deste tamanho — o homem respondeu, baixando a mão para indicar a altura de uma criança pequena. — Você se parece muito com ela.

— Então, conheceu minha mãe — Jimin murmurou, desgostoso.

Mas quem não conhecera Park Soo-young em Busan? o ômega perguntou-se, insatisfeito. Fora por isso que saíra da cidade anos antes. Não queria viver sob a sombra da mãe e de sua reputação.

— E como a conheci! Nós estudamos juntos, no colegial. Todos os alfas da escola estavam apaixonados por ela, a ômega mais bonita da cidade.

Jimin surpreendeu-se, pois esperara ouvir alguma história sórdida sobre um dos casos românticos de sua mãe, não palavras agradáveis de um antigo companheiro de escola.

— Preciso de um chalé — informou.

O homem deu-lhe um cartão, que ele preencheu, então leu todas as informações atentamente.

— Vejo que veio de Seul. Nunca se encontrou com Jeon Jungkook por lá? Ele é um grande repórter e também nasceu em Busan.

— É, eu sei. Conheço Jeon Jungkook.

O homem entregou-lhe a chave.

— Não fume no chalé, não ponha os pés calçados em cima da cama e não abra a porta depois das dez da noite — instruiu. — De vez em quando aparecem uns arruaceiros por aqui, e é melhor não abusar.

— Certo — Jimin concordou.

Pegou a chave e saiu. Tirou a bagagem do furgão e levou-a para o chalé, escorregando na neve fresca que caíra desde que ele chegara. Por fim, deixou-se cair na cama. Agora que decidira passar a noite ali, não sabia o que fazer. Estava com fome e cansado. Não dormira mais do que algumas horas, nas três noites anteriores, e não comera nada o dia todo.

Começando a organizar os pensamentos, decidiu que primeiro ligaria para o assistente para dizer-lhe onde estava. Depois, sairia da pousada para procurar um lugar onde pudesse jantar. Em seguida, iria para a cama e dormiria no mínimo doze horas.

Satisfeito com seu plano, tirou o telefone do gancho e, enquanto discava o número da loja, ficou pensando em Jungkook, que já devia estar no meio do caminho para a Albânia. Essa ideia deu-lhe uma sensação de solidão, de melancolia.

O telefone do outro lado da linha tocou duas vezes, então o assistente de Jimin atendeu.

— Floricultura Gardênia. Quem fala é Hoseok. Em que posso ajudar?

Apenas amigos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora