Capítulo 1

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Todas as luzes da cidade estavam acesas para a comemoração do Ano-Novo. 

No quinquagésimo primeiro andar, Park Jimin olhava para a noite lá fora. De onde estava, sentado perto da parede envidraçada, a cidade de Seul parecia um luxuoso tapete de veludo escuro, rebordado com pedras preciosas, que se estendia de uma linha do horizonte a outra. Olhando para o céu, Jimin viu uma estrela cadente e apressou-se em fazer um pedido, então descobriu que era apenas a luz de um avião que descia em direção ao aeroporto.

Isso não importa, o ômega lúpus pensou. Todos os meus desejos estão prestes a se realizar. Desviando o olhar para a mão esquerda, mais uma vez admirou o magnífico brilhante que cintilava, como que piscando para ele. Dali a pouco, naquela noite, seu destino estaria selado. Isso aconteceria no primeiro instante do ano dois mil.

— Resolução de Ano-Novo número um: eu me casarei com Kim Namjoon e serei eternamente feliz — Jimin murmurou, girando o anel no dedo.

Como resolução, aquela era de fato audaciosa, porque referia-se a uma vida inteira. Mas ele planejara tudo aquilo muito tempo atrás. Namjoon, de quem se tornaria noivo dentro de uma hora, seria um marido maravilhoso. Era gentil, atencioso, inteligente e dinâmico, e sua situação financeira daria a Jimin a segurança que ele sempre desejara. Embora a família dele, da alta sociedade, às vezes o intimidasse um pouquinho, recebera-o com carinho e entusiasmo, de maneira adequadamente moderada, como convinha a pessoas de sua classe.

Jimin suspirou. Talvez, pedir felicidade para a vida toda fosse algo muito ambicioso. Afinal, era o único filho de Park Soo-young, por isso sabia que casamento era um negócio muito arriscado. A mãe, uma bela ômega lúpus como ele, casara-se tantas vezes que suas certidões de casamento e divórcio dariam para forrar as paredes da prefeitura da pequena cidade de Busan, onde Jimin nascera e de onde saíra aos dezoito anos. 

A todos, os vários casamentos da ômega se deviam a sua natureza lúpus, que a tornava uma eterna romântica. Superava com facilidade os relacionamentos fracassados e logo estava atrás do próximo marido. Contudo, Jimin se considerava a prova viva que esta não era a razão para o comportamento da sua mãe, pois, assim como ela, era um lúpus, e nem por isso mudava de namorado toda semana. Estava junto a Namjoon há mais de dois anos, e pretendia passar muito tempo mais com ele. 

"Paixão e romantismo não desempenharão um grande papel em meu relacionamento com Namjoon. Utilizei a cabeça em vez do coração para escolher um marido, e isto me torna diferente dela", Jimin refletiu. Então, desviou o olhar da imensa janela para o salão de baile, na cobertura do Kim Center.

Lâmpadas minúsculas brilhavam no teto e desciam pelas colunas esculpidas. As mesas estavam cobertas por toalhas de tecido prateado e ornamentadas com orquídeas brancas. Uma orquestra tocava na outra extremidade do salão, e as mesas do bufê alinhavam-se ao longo de uma das paredes laterais. 

Toda a elite de Seul encontrava-se reunida ali para a maior festa do ano, que, segundo um colunista social, merecia o título de "festa do século". A alta sociedade cobiçava um convite da parte de Kim Yuri tanto quanto os fanáticos por futebol cobiçavam uma entrada para a final da Copa do Mundo.

Alisando o terno que trajava, Jimin fixou um sorriso no rosto e tentou dar a impressão de que estava se divertindo. Mas, na verdade, aqueles eventos sociais sempre o deixavam um tanto nervoso. Outros ômegas andavam pelo salão, graciosos, calmos e seguros de si em suas roupas de festa e sapatos caros, exibindo fortunas em joias. Jimin quase riu ao pensar que, perto deles, sentia-se como uma girafa de patins.

Casado com Namjoon, teria de comparecer a muitas festas como aquela, além de partidas de pólo, comícios políticos, provas de hipismo e sabia-se lá mais o quê. O fato era que Jimin não era exatamente o tipo de genro que Kim Jingoo e Kim Yuri gostariam de ter. Eles haviam esperado que o filho se casasse com um jovem de seu círculo social, para dar continuidade à tradição e reforçar a ligação com alguma família ilustre.

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