𝗔𝗻𝗸𝗼𝗹𝗹𝗲𝗼𝗻: 𝗦𝗲𝗴𝘂𝗻𝗱𝗼 𝗔𝘁𝗼 𝗩𝗜

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Ankolleon: Segundo Ato VI
Segundo Ato: Carta de oposição.

Sob o céu negro de um clima tempestuoso, uma violenta chuva de purificação descia implacável sobre o Reino de Ankolleon. Relâmpagos rasgavam o céu, iluminando brevemente as sombras das árvores retorcidas e os picos rochosos que cercavam o castelo da Rainha Tanith. Dentro de seus aposentos, ela se encontrava diante de uma janela gótica, observando as torrentes de água que lavavam a terra.

Perdida em pensamentos, Tanith se pegou refletindo sobre questões que a lógica não conseguia responder. Desde pequena, tudo que almejara era não ser apenas mais uma alma esquecida sob o solo cruel da terra. Poder, Honra, Glória... Ainda assim, nas noites frias, ela sentia uma dor profunda e solitária. Faltavam-lhe os momentos de pureza ao lado de Kyogakh. Quando eram crianças, escondidos, faziam juras de amor e sorriam com a inocência que só os jovens possuem. Agora, tudo aquilo que haviam cultivado se transformara em um sentimento furioso e corrosivo.

O vínculo entre Tanith e Kyogakh permanecia, carregando o peso de um destino sombrio que clamava por sangue. Eles eram como uma árvore que brotara de sementes secas, incapaz de prosperar, condenada a uma existência de amargura e vingança.

Tanith, a Rainha que emergiu da morte, havia conquistado os seres místicos e os humanos, esmagando todos que ousaram se opor a ela. Sua jornada a tornara implacável, e seus inimigos conheciam bem sua fúria. No entanto, ela já não se lembrava do que era um sorriso, nem dos significados dos sonhos que um dia acalentara. Em seu peito ardia apenas um desejo insaciável: a queda definitiva do Reino de Galadhri.

Naquela tarde chuvosa, envolta pelas sombras e pelo som incessante da tempestade, Tanith compreendeu uma verdade cruel. Almas quebradas não podem fugir do fardo que carregam. A ambição, ela percebeu, é o verdadeiro manipulador de mentes, um demônio que sussurra promessas de poder e vingança, mas nunca sacia o vazio interior.

Enquanto a chuva caía, Tanith ergueu seu olhar determinado, sabendo que seu destino estava traçado em sangue e dor. O céu rugia em concordância, como se a própria natureza compartilhasse de sua tormenta interior.

Nocedis, 13 d.V

Uma mensageira de Ankolleon chegou ao Reino de Nocedis, trazendo consigo uma carta direta da própria Rainha Tanith. Essa chegada desencadeou uma convocação urgente de todas as autoridades importantes na gestão do Reino. O salão do trono, uma vasta câmara adornada com tapeçarias históricas e iluminada por candelabros imponentes, encheu-se rapidamente com a presença do Rei, sua família e todos os membros do conselho. A conselheira Uramidi, fiel e devota à Rainha Tanith, estava à frente do grupo, acompanhada de guardas do castelo de Ankolleon, incluindo o imponente capitão Taholdi.

Uramidi, uma figura altiva e serena, vestia um manto azul profundo com bordados de ouro que simbolizavam seu status e a confiança que Tanith depositava nela. Seus olhos brilhavam com uma determinação silenciosa, e cada movimento seu parecia calculado e gracioso. Seu compromisso com Tanith era evidente em cada gesto, cada palavra pronunciada com a precisão e o respeito de uma verdadeira devota. Ela representava não apenas a voz da Rainha, mas também a firmeza e a convicção de Ankolleon.

O castelo de Nocedis era uma estrutura imponente, construída em pedra cinza que se erguia majestosa contra o horizonte. Torres altas perfuravam o céu, enquanto as bandeiras do reino ondulavam ao vento. O interior era igualmente grandioso, com salões espaçosos decorados com escudos e espadas antigas, relíquias de batalhas passadas. O trono de Sidecon, esculpido em madeira escura e adornado com detalhes em ouro, dominava o centro do salão, refletindo o poder e a autoridade do rei.

Ao entrar no salão, Uramidi anunciou sua presença com uma voz firme e respeitosa.

- Sou Uramidi, conselheira da Rainha de Ankolleon. Vossa Majestade, Rei Sidecon de Nocedis, este é um posicionamento de minha Rainha.

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