Uma semana antes de começarem as aulas, meus pais chegaram em casa meio que com uma cara de quem tem uma má noticia pra contar. Vieram até mim os dois, achei que eu tinha feito algo errado mais não me lembrava de nada, então me arrumei no sofá e coloquei a menina e o porquinho de lado, eles estavam cada vez mais perto e eu estava cada vez mais perto de ter um ataque do coração. Eles pararam na minha frente e me olharam por mais ou menos dois segundos e então minha mãe começou.
- Oi querido - disse ela sonelemente.
- Oi - disse eu secamente.
- Bruno - interveio meu pai -Mais modos meu filho.
- Tá - Olhei para minha mãe e disse - Olá mamãe.
- Bruno - ela disse docemente - temos que falar uma coisa com você, algo muito importante - ela olhou para meu pai e continuou - estamos de mudança!
- Como assim ? - eu disse já espantado - Eu tenho escola,casa, temos tudo aqui.
- Bem - disse meu pai - Eu recebi uma nova proposta de Emprego, bem melhor que aqui. - Ele deu uma parada e depois continuou - Espero que entenda que também é difícil pra gente.
Então eu apenas assenti e dei de ombros, e ai minha mãe começou a falar novamente. Eu não queria ouvir nada.
- Nós já achamos escola pra você, também achamos uma casa e...
- Tá mãe não tem problema - Eu falei logo pra ela não levar essa conversa para outro lado - Eu vou.
Eles pareceram surpresos, acho que esperavam mais de mim.
- Que ótimo Bruno - disse meu pai um pouco alegre - muito corajoso da sua parte. Assenti e sai da sala. Fui para o quarto e me lembrei que
eu acabei esqueçendo do livro e então apenas fiquei pensando nas coisas. Em como seria tudo em uma cidade nova,e enquanto eu olhava para a janela e via o quintal o gramado verde, a terra no canto do quintal e ai bum, lembrei da Estela e de nosso brilhante plano de escrever o endereço para onde iamos nos mudar, Desci correndo. Meus pais estavam na cozinha, papai estava com uma torrada meio mordida na mão e minha mãe de com duas canecas pretas na mão, estava levantando-se pra levá-las pra pia, quando me viram ambos olharam para mim. Resolvi perguntar logo, e a resposta deles foi: Curitiba, estávamos de mudança para Curitiba.
- Quando nós vamos ? -perguntei.
- No próximo mês!- disse mamãe.
-Já temos casa lá?- perguntei.
-Sim, uma grande casa- disse ela sorrindo.
- Qual o endereço?
-Isso é vontade de se mudar logo garotinho ?- ela falou.
-Não é Nada.
Minha mãe olhou pro meu pai, e ele meio que assentiu e disse o endereço.
Corri pro quarto e escrevi em letras grandes:
Tô em Curitiba
Ass:Bruno.
Escrevi o endereço em baixo ,procurei alguma caixa para colocar dentro, eu achei em uma cesta no porão uma caixa rosa com uma bailarina dentro, a caixa ainda funcionava e começou aquela música chata enquanto a bailarina rodopiava com uma mão pra cima e com a outra mão naquilo que parecia uma saia, arranquei a pobre bailarina e fechei a caixa.
Quando cheguei ao quarto eu passei fita crepe em volta dos papéis e limpei a caixa, cada parte daquele estofado vermelho e coloquei tudo dentro, também coloquei um colar com um símbolo triangular e escrevi em um papel dizendo para ela usar o colar. Fechei e passei fita em volta de tudo, fita muito bem passada.
Quando meus pais saíram eu fui até garagem, pequei a pá e fui até o cantinho com terra e cavei até os meus joelhos, embrulhei a caixa em um pano seco e coloquei em uma sacola. Enterrei e tentei deixar do jeito que tava.
Guardei a pá e deitei na cama, suado, mas pensando em quanto tempo demoraria pra Estela achar a caixa.
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CÉU AZUL
RomansaPessoas são cruéis e na maioria das vezes idiotas. No caso de Bruno essas pessoas eram a maioria de sua família. Ele foi adotado e é visto de forma negativa em seu família. assim ele acaba se tornando uma pessoa um pouco amarga. Mas o que é um pouc...