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  O dia em que meu agente me telefonou durante um domingo de céu acinzentado, onde tive que me levantar e andar em círculos pela sala temendo que fosse uma má notícia, este se tornará inesquecível

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O dia em que meu agente me telefonou durante um domingo de céu acinzentado, onde tive que me levantar e andar em círculos pela sala temendo que fosse uma má notícia, este se tornará inesquecível.

Ele fazia suspense, apesar de anos eu nunca teria me acostumado mas ao deixar isso de lado, o ouço dizer que a academia enfim me reconheceu. Foi como saltar para o espaço e voltar numa fração de segundos. Meu peito latejava e essa reação me causou tontura, sei que ele não estava mentindo, Kubrick nunca se sujeitou a este tipo de piada. Acomodei-me no sofá evitando cair, eu estava sozinha lançando as almofadas para o alto como se fossem confete e comecei a saltar por toda a sala.

Gritava com entusiasmo drástico, quanto mais pulava meus pés doíam e quanto mais gritava a garganta doía. Porém, a possibilidade de ganhar uma estatueta dourada de um homem careca com meu nome gravado, fazia a dor física parecer banal. E a sensação é diferente, não é mais como você pegar um roteiro impecável, lê-lo e dizer: é perfeito pra mim. É diferente de ouvir o seu agente ao telefone anunciando a estreia do novo projeto no cinema, ou que foi um sucesso de bilheteria.

Voltarei a usar um vestido justo ou talvez apertado, calçar saltos com algodão na sola para evitar o calo, passear sobre um tapete vermelho com uma imensa fila de desconhecidos, sendo fãs, fotógrafos ou jornalistas, que talvez nem saibam quem seja você, mas querem ter a sua atenção a qualquer custo. Quero voltar a vivenciar isso, e finalmente irei subir novamente as escadas do Teatro Dolby mas dessa vez, por minha própria conta. Por mero esforço do meu talento. E Isso é tão gostoso de se pensar e dizer.

  Com o grande dia se aproximando, decidi me hospedar no hotel mais próximo do Teatro Dolby

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Com o grande dia se aproximando, decidi me hospedar no hotel mais próximo do Teatro Dolby. Se fosse para aguardar, tenho de estar preparada.
Meu agente e minha mãe vieram me acompanhar, a verdade era que desde o divórcio, Kubrick vem tentando conquistar-lá. Minha equipe restante veio conosco pois eu precisaria dos seus serviços e queria lhes proporcionar uma vinda de lazer hollywoodiana.
Eles praticavam uma espécie de turismo, tanto pelo grande hotel à porta fora. Me traziam presentes, mostravam suas fotos, contavam sua experiência. Meus amigos sabiam que eu não podia ir passear com eles, ficar presa no hotel chegava a ser tão tedioso. Eu moro em Los Angeles, mas confesso que nunca me interessei por conhecer seus lugares. Sempre estive apta ao trabalho, como se eu vivesse em função do mesmo. Mas pensando bem, se não fosse ele, eu não estaria aqui.

Prestes a realizar o sonho de qualquer outra menina por aí, que é desacreditada quanto a si mesma. Gostaria de acordar e viver uma outra realidade, ser elogiada pela atriz que tanto admira, ganhar fãs, mal conseguir descer de um carro. Coisas que qualquer adolescente já pensou em fazer, algumas se sucedem à comentários negativos e acabam desistindo desse sonho. O tornam inalcançável.

─ Kubrick, você ta aonde com a minha mãe? ─ questiono meu agente ao telefone.

Parada diante do elevador, aguardando a porta se abrir. Teria clicado o botão várias vezes, mesmo que isso não o faça chegar mais rápido.

─ estamos no restaurante, pedimos capuccino pra você. ─ disse e finalmente, o elevador se abre e aviso para Kubrick que estou descendo. Ao adentrar, ponho o meu aparelho no bolso e me afasto da porta.

Estou no décimo terceiro andar descendo para o primeiro, esperar na porta é um risco de que alguém esbarre em você, só que eu acabo fazendo o que mais temia. Assim, percebo que não estava solo e me surpreendo ao saber quem estava comigo.

─ você não vê que tem alguém atrás de você? ─ murmurou a loira com uma expressão nada amigável em seu rosto.

─ claro que não, meus olhos ficam no rosto, não nas minhas costas. ─ digo forçando um sorriso, fazendo parecer que realmente estava forcando-o como deboche.

Amaya Ryce e eu nos conhecemos no Met Gala de 2022, nos falávamos quase todos os dias desde então por mensagens de textos. Até que pelo tumultuado de nossos afazeres, quase nunca podíamos nos encontrar. Eu trabalhava em Los Angeles e ela estava em terras europeias. A encontrei por um acaso ao sair de um teste que consegui passar como protagonista do filme. Ela estava ríspida naquele dia e mal trocava palavras comigo, isso foi há dois anos. Naquele mesmo período, circulou um comentário de que todo os papéis que a mesma desejava, eu o conquistava para que não ficasse.

Conversei com as pessoas sobre ter que me pronunciar, ao chegar enfim a essa conclusão, Amaya curtiu tuítes falando mal sobre mim. Essa briga estava literalmente por toda a mídia. Certa vez, o destino decidiu juntar nós duas de novo e não foi nada agradável, pois mesmo que na campainha uma da outra, trocávamos comentários como se uma de nós não estivesse ali para ouvir.

─ Parabéns pela sua indicação, Jenna. ─ diz quebrando o silêncio, quando o elevador parou no décimo e assim adentrou um homem qual não dei a mínima atenção. ─ acho que você pode até chegar perto.

─ obrigada, Amaya. O mesmo pra você. ─ prossigo com a fala, apoiando o corpo na parede. ─ então... ansiosa?

─ não precisamos disso.

─ o quê? ─ questiono ao me virar em sua direção. Nossos olhares se encontraram.

─ não somos amigas a muito tempo, não é agora que isso vai mudar. ─ diz, seu tom de voz ríspido. O homem entre nós inquieto, se comportava como se estivesse sendo torturado.

─ desculpa, acho que eu esqueci de roubar o papel que te fez ser indicada também. ─ falei na pretensão de provocá-la. A porta se abre no segundo andar e o homem sai, parecia aliviado em nos deixar a sós. ─ mas convenhamos, o que nunca me faltou foi talento.

Percebo que aquilo teria mexido com ela, a irritou. Paramos no primeiro andar e não nos despedimos, Amaya seguiu um caminho contrário do meu, fui em uma direção e ela foi para a outra.
Confesso, que depois de encontra-lá, acho que tenho maiores chances.
É o que dizem as páginas de notícias, o que os anônimos da Internet apostam, o que eu estou começando a acreditar. Sim. Tem uma estatueta, desejando que eu a pegue para mim. E não vai ser Amaya que vai me tirar isso, ela pode ter tudo, pode mentir sobre mim e caluniar o meu nome a vontade. Mas jamais terá o poder de me arrancar um Oscar.

A minha eu de anos atrás se sentiria mal por falar isso, mas só eu sei, todos os dias em que sofri com os comentários desnecessários sobre mim por causa do que Amaya fez. Apesar de ter se mostrado o que é, uma parte de mim ainda fica feliz por ela. Tenho um receio com isso pois Amaya não é como eu, posso ter dito aquilo com ela e tê-la tratado mal, mas nunca teria feito o que me fez. Essa que fui anos atrás, ainda está aqui e se pergunta o porquê de Amaya ter mudado tão rápido.
Mas então, avisto minha mãe e Kubrick, acomodados em uma mesa. Como um casal e sorrio. Vou até eles e esqueço o que estava pensando ao me dar conta de que uma espécie de café da manhã me aguardava junto a eles.

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autora: é ofical, a jenna ta na reputation era incorporando a Evelyn Hugo.

eu espero que vocês gostem do que vem por aí, porquê se isso ficar ruim, eu apago e finjo que foi um delírio da minha cabeça. / Obrigada pela leitura e pelo seu voto! <3

FAME - Jenna OrtegaOnde histórias criam vida. Descubra agora