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À beira de um abismo, assim eu me encontrava, ao virar doses de whisky puro pela garganta

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À beira de um abismo, assim eu me encontrava, ao virar doses de whisky puro pela garganta. Meus acompanhantes se foram e eu estou só, na festa pós Oscar da Variety.
  Alguns cantores estavam em minha volta, no bar, e eu, aquilo de estar mal por não ter ganhando se foi. Sentia confusão, como se o cérebro estivesse se revirando dentro da cabeça e tenho certeza que isso se deu ao beijo de Amaya. Agora tenho uma certa comoção em relação à tanto álcool digerido e animação despretensiosa, contudo, me levantei e abracei Florence Pugh, nos acomodamos juntas à mesa com outras pessoas.

Mas sempre que traziam o nome de Amaya durante diálogos aleatórios, as vezes sem descabimento e quando a mesma passava quase que despercebida por mim, eu mordiscava minha própria língua.
Na pista de dança, Ross Lynch a conduzia com empolgação. Segurava sua sintura e a rodopiava de volta. Sequer a pessoa que considero a mais especial de todo este ambiente, Emma Myers, segurava a minha atenção. Não saía da minha mente o fato de que há horas atrás, eu sentia o gosto do gloss que Amaya usava, sentia o seu peito no meu corpo, sentia a respiração ofegante dela no meu pescoço.

Vê-la dançando com Ross fazia algo dentro de mim se revirar por completo. Busquei compreender aquilo, se fosse a carência de não ter ganhado o prêmio ou se eu estava enlouquecendo. Beijei tantas pessoas, que por conta do trabalho esse ato tem se desgastado e agora é estúpido que a tal eletricidade de sentir uma conexão surreal com outra pessoal, essa que muitos levam tão a sério, tem de ser justo com Amaya?

─ você se recuperou bem, de tudo? ─ perguntou Kubrick, sentado ao meu lado na cama.

Pelo entardecer do dia, decidi parar de descansar. Ou de estar nessa negação. Eu sou jovem, se fui indicada é porquê tenho talento, haverão outras chances e passei a reconhecer isso visto que Kubrick tem dado conselhos prazerosos. Não posso negar que vejo o meu agente como uma figura paterna, ele que está comigo desde que eu era uma criança, me acompanhando em testes e cuidando de mim em cada set de filmagem. Como naquela vez em que ele pediu para Robert Downey Jr tirar uma foto comigo com a máscara do homem de ferro, pois eu estava tímida demais para ter que pedir isso.

─ eu vou, Kubrick, não precisa se preocupar. ─ me ajusto ao seu lado, me sentando no colchão.

─ assim eu espero. ─ diz, ao segurar o meu ombro. ─ você está disposta?

─ a quê?

─ sair. Entregaram um bilhete pedindo que você vá em um restaurante, às oito. ─ lanço um olhar desconfiado e cruzo as pernas. ─ já te garanto que não é um fã. Sabe como hotéis são sigilosos em relação a isso.

─ eu entendo, o problema é que eu estou com medo de ser que eu esteja pensando.

─ e quem você acha que é?

─ Amaya. ─ Kubrick se levanta, me olha com o cenho franzido. ─ ela me beijou.

─ o quê? ─ o mais velho fala em um tom alto de voz ao se surpreender com a minha resposta.

FAME - Jenna OrtegaOnde histórias criam vida. Descubra agora