Capítulo 7: Cama

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O que Mathias estaria fazendo? Eu pedi para ele ficar quieto e imperceptível, mas acho que é uma tarefa grande demais para um egocêntrico como ele. O barulho foi muito alto, realmente um estrondo, parecia que havia um clube da luta dentro do meu banheiro.

Muito desesperada, saio com pressa do colo de Pedro e falo:

- Não se preocupe, vida. A janela estava aberta. É só um ventinho. Estou indo fechar, tá bom?

- Tá mais pra um tornado, isso sim. - Ele responde com uma risada, mas não convencido da história. - Mas, e se for um ladrão ou algo parecido? Eu vou ir conferir antes.

- Não! Não, não, não... - Empurro ele de volta para cama. - Se tiver alguém eu grito, não é nada demais.

- Mas... - Entrego o pote de pipoca para ele e ligo o filme no volume máximo.

- Continua vendo o filme. Já estou voltando. - Abro e fecho a porta do banheiro rapidamente, tranco-a e deslizo as costas por ela até sentar no chão.

Que perigo! Ele quase entra aqui e descobre sobre Mathias escondido no cômodo. - Pedro e eu tínhamos combinado de não comentar sobre antigos relacionamentos. Era a única exigência dele, então imagine quão atordoado ele iria ficar quando desse de cara com outro homem no meu banheiro e que eu estivesse o acobertando. Ele iria terminar tudo na hora! - Mal dou um suspiro de alívio e Mathias sai de dentro do box, o que me dá outro susto. Olho o banheiro de ponta a ponta, tinha alguns cosméticos tombados, os armários abertos, um cheiro fortíssimo de perfume e as toalhas amassadas como se alguém estivesse bisbilhotando meus itens pessoais, a qual eu acredito ser a nossa situação atual. Meu corpo está transbordando de raiva, para piorar, eu não podia nem gritar com ele porque tínhamos de fazer silêncio. Cruzo os braços esperando uma explicação e Mathias olha para o meu busto:

- Adorei a lingerie. - Ele abre um sorriso.

Ele é especialista em provocar este efeito em mim: me deixar irritada e envergonhada ao mesmo tempo, do mesmo modo que duas crianças do quinto ano ficam brigando quando gostam uma da outra. Trocamos alguns olhares, então eu falo:

- Não olha pros meus peitos, idiota! Fecha os olhos! - Dou um tapinha no braço dele. Ele coloca as mãos sobre os olhos e dá uma risada silenciosa. Eu agarro uma camisa que estava por perto e coloco-a rapidamente - Pode abrir. Como é tão cara de pau assim?

- Ah, Jade! Para de drama. Não é nenhuma cena que eu já não tivesse visto...ou tocado. - Dou outro tapa no braço dele, mas forte dessa vez. - AAAI! Precisa disso tudo? Não tem nada demais aí.

- Vai criticar agora? - Dou vários tapas no braço dele.

- Parei! Para de me bater, sua louca! Eu tô só brincando. - Ele diz rindo.

- Então, vamos parar com as brincadeirinhas de mal-gosto e começar a se desculpar pelo estrondo que você provocou.

- Interrompi sua sessão de filme...correção...de sexo? - Ele abre um grande sorriso sarcástico.

- Eu estou me segurando para o próximo tapa não ir na sua cara. Está imaginando coisas. - Meu corpo se estremece. Isso significa que ele viu e ouviu tudo o que aconteceu?

- Eu imaginando? Vocês sozinhos em casa, luz baixa, filminho, essa lingerie. Eu sei que não é tão inocente assim. Você quer transar. Admite!

- Isso não é uma lingerie, é só um sutiã de renda. - Abaixo a parte de cima da saia e puxo parte da minha calcinha. - Olha! Eles nem sequer combinam, tem cores diferentes. Eu chamei o Pedro para passar a tarde comigo porque queria companhia e alguém para conversar, se acontecesse algo a mais, que bom! E de qualquer maneira, eu não te devo explicações sobre a MINHA vida.

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