Capítulo 8: Conversas

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Próximo do fim do outono, pude sentir a passagem da estação, já que, os dias ficavam mais frios, as manhãs tinham neblina e as noites duravam uma eternidade. Ainda assim, adoro o inverno e eu nunca vivi uma fase tão boa na minha vida quanto nos últimos meses graças a uma pessoa em particular, Pedro. Logo, faria 4 meses que o conheço e, portanto, 4 meses que estamos "juntos". Aquele juntos entre aspas mesmo, afinal, a gente tá ficando até onde eu sei. Não entendo a demora para um pedido de namoro, por uma oficialização ou para a gente transar. Há pouco, ele disse que mal podia se controlar e, agora, tem semanas que não chegamos nem perto. No início, era tudo tão intenso e carnal, porém, de uns tempos para cá, a mão dele parece fugir da minha intimidade e eu não posso cobrar compromisso da parte dele porque a gente não namora! Ai que ódio! Não sei o que está acontecendo ou o porquê dessa mudança de atitude.

Eu precisava conversar com alguém. E, quando se trata de conhecer as profundezas da mente masculina, ninguém melhor do que um homem para isso. É estranho, mas o meu irmão Vitor, talvez por sermos gêmeos, é tão confidente meu quanto é a Carla, a qual já deu a sua opinião sobre o assunto: "Ai Jade, ele é só mais um. Se não tá te dando moral, tem quem dê. Esquece ele". - Como vocês puderam perceber não foi de grande ajuda -. Por essa razão, procurei por Vitor para descobrir o que estava se passando na cabeça do Pedro ou chegar perto disso. É quarta-feira, dia de mercado, aproveitei a deixa para conversar com ele. Entramos no mercado, para nossa sorte, não está muito movimentado. Chegamos ao corredor de cosméticos e produtos de higiene, paro um instante para escolher absorventes e Vitor deixa vários pacotes de camisinha no carrinho. Olho para ele e digo escondendo um sorriso:

- Não é demais? Você já tem mais que o suficiente em casa. 

- Prevenção nunca é demais. Além disso, é bom um pouco de variedade. - Ele responde.

- Sério? Neon? Sabor maçã verde? Você é ridículo. - Começo a rir.

- Desculpa, mas você não tem lugar de fala. 

- Ha-ha! Muito engraçado, Vitor. - Falo irônica. - Eu tô ficando com o Pedro há meses, quem te garante que eu não fiz ainda?

- Você fez? - Ele pergunta já sabendo a resposta.

- Sim, não sou mais virgem. - Ele cruza os braços e levanta uma das sobrancelhas, mostrando não estar convencido. - É mentira mesmo. Ele não quer transar. Eu não sei o porquê e tô surtando. O que você acha?

- Ele deve ter vergonha do pau pequeno. - Ele começa a rir.

- Não é isso, eu já vi. - Vitor me olha surpreso. - Que cara é essa? Estamos ficando há meses, você achava que estávamos dando selinhos?

- Só é esquisito ouvir sua irmãzinha fofinha dizendo que quer dar para um cara.

- Você transou com 15 anos! - Falo inconformada com os apontamentos de Vitor. - E, somos gêmeos, temos a mesma idade. Você não é meu irmão mais velho e, tecnicamente, eu nasci 3 segundos antes, então eu sou mais velha.

- O que vocês fizeram então? - Ele pergunta curioso.

- Isso não importa.

- É claro que importa. Você não quer minha ajuda? Tenho que saber o que aconteceu para pensar como ele. - Nessa hora, Vitor bagunça o cabelo e começa a imitar o jeito de Pedro de falar e agir, tirando-me uma risada sincera.

- Tá bom. Sem julgamentos. Promete? - Levanto meu dedinho como na época em que erámos crianças.

- Prometo. - Ele levanta o dedinho também e fazemos o juramento de silêncio. 

- Mais ou menos na época em que você estava no acampamento, a gente estava numas preliminares pesadas, boquete, oral, dedada, punheta... - Vitor começa a ficar sem reação, desliza a mão pelo rosto e esfrega os olhos como se quisesse confirmar que não estava sonhando. - Sim, um tropeço e a gente teria transado há tempos.

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